sábado, março 31

William - Parabéns




Venho em nome de todos os contribuintes do blog e leitores  fazer este agradecimento público e significativo pela passagem de William, nosso escritor de “artigos políticos “, pra prova de Professor de História da UEMA.
Esperamos com muita esperança sua chamada e nomeação.
Meu nobre. Você Merece.

domingo, março 25

O que se Perde

O mundo em preto e branco
As cores já não suavizam as retas duras do concreto
Agora só resiste o que é realmente belo
O que não se perde na luz difusa

O mundo em escala de cinza
A rosa não é menos bela por não ser mais rubra
A disposição das sépalas ostenta sua coroa
O que não se perde a majestade

O mundo em flash-back
A vida passa lenta quando se corre sem propósito
Na tela da mente a projeção do futuro
O que não se perde com o tempo.

O mundo sem tempero
Fast food e jantar sozinho
Num restaurante popular a companhia de estranhos
O que não se perde com a solitude.

O mundo enfurecido
Palavras atiradas como facas, pensamentos disparados
Nos versos do poeta cada fonema é um afago, cada verso uma oração
O que não se perde na catarse

O mundo vide bula
Antidepressivos e calmantes
Em cada comprimido uma dose de equilíbrio
O que não se perde na crise.
                                                         
O mundo em litígio
Casamentos por conveniência, contrato pré-nupcial
No amor sincero a esperança, comunhão dos bens da alma
O que não se perde para a ambição.

O que não se perde, o que se perde?
Nada, nada se perde...
A perda é uma opção passiva!

Não se perde a fé,
Todo o dia o sol nasce e banha de luz a escuridão do pensamento
Não se perde a esperança
Quem sabe um dia ele volta a nos procurar
Não se perde a ternura
O sorriso da criança acalma os ânimos coléricos.

O que se perde, o que se perde?
Tudo, tudo se perde...
Quando se esquece como amar!


sábado, março 24

Não Sei Você

Não sei você, mas às vezes eu rezo para que o mundo acabe, não por completo, mas apenas seja talhado, logrado o suficiente para se ter um novo começo, que uma onda gigante, um terremoto, um vulcão, sei lá, que o cocô de um pombo, o que quer quer seja, contanto que extermine tudo!  e que se dane os mortos, as criancinhas, as grávidas morrendo no meio do pandemônio, daria tudo só para ver esse novo começo, sabia? Esses novos primórdios. E os filantrópicos iram me dizer, “vai recomeçar a carnificina, o pecado original, as guerras”, tanto faz, serão guerras novas com seus respectivos mortos e sobreviventes, ao invés da maçã, a banana, é mais sugestivo, “e os direitos humanos?”, uma hora ou outra hão de criar algo parecido, “mas isso não é uma repetição?”, é justamente aí onde eu queria chegar, sem me contradizer, que se repita, aos diabos! O importante é recomeçar, é simplesmente apagar tudo e ter nas mãos, não o começo de uma nova era, de um novo império, e sim, de um novo mundo, criado no meio dos destroços, só por meia dúzia de sobreviventes que talvez, diante do escarro desta catástrofe, tenha que inventar até a roda, já pensou, que espetáculo?

sexta-feira, março 23

Era sua Vez



Maria das Dores sacava dinheiro na quiche. Os saltos altos destacavam sua panturrilha que apesar de pouco mais de 47 anos não tinham varizes. Usava uma saia estampada de flores duas polegadas acima do joelho e uma blusa que deixava descrever pequena parte do abdome ainda rígido pelas sessões diárias de ginástica e hidroterapia.

quinta-feira, março 22

Joy Division - Closer


A segunda geração do movimento literário denominado Romantismo, já havia acabado a pouco mais de dois séculos. Porém na gelada Inglaterra dos anos setenta do século XX, um garoto tímido da cidade de Manchester resolve responder ao anúncio de dois rapazes da mesma cidade para uma vaga de vocalista da banda que queriam montar, esse rapaz chamava-se Ian Curtis e os outros Bernard Summer e Peter Hook. Nascia então no ano de 1976 o Warsaw primeiro nome dado a banda que dois anos depois adotaria o nome definitivo de Joy Division. Com influências de The Doors, Velvet Underground, David Bowie, Iggy Pop, Kraftwerk.

domingo, março 18

X+Y=A


 
Querida *****

Revendo uma carta de despedida que escrevi, rio, do rio de sentimentalismo no último parágrafo. Na qual busco uma espécie de happy end sem neuras, tudo acabado na boa (com se isso fosse possível quando algum dos lados está apaixonado ou ainda querendo o outro). Então, digo que a pessoa é linda, que a vida continua apesar de tudo, e temos que nos lembrar dos momentos bons e jogar de escanteio todas as dores que tivemos e uma série de clichês de fim de relacionamento.
....
(xxxxxxx)
No meio da carta falo que o amor não pode ser pesado na balança, tipo assim: quem amou mais, quem se doou mais, quem chorou mais, quem foi mais fiel. Cito também a Clarice Lispector, engraçado, dessa mulher li apenas uns textos, quando declamei num minicurso de teatro para pessoas que não podiam pagar. Ela, Clarice, dizia que as emoções são eternas, isso é o que vale, pois colam para sempre na cabeça, difícil se a cola for de sapateiro: pois, sem duvidas, náuseas virão junto com a emoção. É, mas, a cola pode ter cheiro bom, e até o pau endurece lembrando aquelas transas em pé no quintal com luz propositalmente desligada da nossa amiga   entre a parede sem reboque e o coqueiro ( que tinha pequenos cocos verdes- o que importa isso!), naquele espaço de menos de um metro, você tinha que levantar os pés, devido a nossa diferença de altura, sei que no fim nos encaixamos muy bien, como esquecer de seus orgasmos múltiplos, e sua ferocidade, da nossa. Nossa amiga ficava lá na janela de um quarto tentando enxergar pelas frestas nossos movimentos geométricos e ouvindo os gemidos, aquela safada voyeur e solidária em oferecer aquele espaço.
Lembro como se fosse hoje, de um orgasmo simultâneo. Depois de todo o frenesi chegamos sim; a um final a dois, sem aquelas perguntas:
- já?!
Como éramos carnais, meu bem.
Nos dávamos bem demais na cama, ou melhor, em pé.

Com carinho *****

P.S: Não éramos muito de discutir politica ou filosofia. Fazíamos acho que... Matemática.

Córtex frontal periorbital



Hoje fez muito frio, eu só saí pra almoçar. Fiquei em casa organizando fotos, respondendo e-mail, conversando em bate-papo. Fez frio, e garoava também. Fiquei em casa protegido das músicas que não gosto, do jornal do meio dia, e das coisas que as pessoas falam e eu não gosto.
Que gosto. O mundo inteiro em minha mente. Pensar em algo é como uma busca no Google. Uma única palavra me traz milhares de imagens diferentes, a maioria indesejada. Não dá pra filtrar. Se busco faca: faca para cortar o bolo; brilho de faca; faca afiada; facada no abdômen. Busca-se flor: flor-de-lis; alma de flores; coroa de flor. Há cenas de guerra, cenas do crime, velórios e parto. Não dá pra selecionar, os programas sempre se misturam nos comercias, e as imagens saltam a órbita ocular. Talvez seja mesmo o córtex frontal periorbital.

quinta-feira, março 15

Sono dos Santos Imortais

Carregue-me ao mais alto pico
Leve-me....
Naquele lugar secreto que só a ti pertence
Vem exalar teu aroma em mim
Vem levando-me e cavalgando em nosso destino secreto
Onde o desejo não se esconde
Vem deslizando em meu corpo
Dedilhando sua melodia em minh'alma
Deixando-me em estado de êxtase
Inebriando meu ser
Sem sufocar com tua presença
Assim bem devagarinho
Em ponta de dedos
Vem subindo em minhas pernas
Tocando suavemente meu sexo
Com sua língua quente tocando em meus seios
Enchendo de prazer... E esse teu cheio que exala em todo o quarto
Enlouquece meu ser...
Vem... Não demore mais
Quero o sono dos santos Imortais...





quarta-feira, março 14

O Sal Da Terra



Vou para caverna de sal, como fazia Van Gogh, calar meu pensamento e estabilizar o humor. Queria ir pra Minas, “Minas não há mais”!

Vou para as cavernas das minas de sal de lítio, ou qualquer lugar amarelo que me dê fome, que me dê sede, que me sacie. Gritar palavras sem sentido, me masturbar, fertilizar o solo, fertilizar o óvulo. Talvez encontre sossego nos braços da madura carente ou nos seios da perturbadora ninfeta.

Fiasco a Vista

Quando o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016 (na cidade do Rio de Janeiro), a grande mídia (especialmente a Globo) fez uma festa que foi parar as ruas das cidades brasileiras, ressurgindo o falso patriotismo ou patriotismo de chuteiras fora de época (que ocorre apenas em época de Copa).
Mas toda essa euforia não condiz com a realidade, visto que o Brasil não tem estrutura para realizar o mega evento, porque o sistema de transporte público é precário na maioria das grandes cidades, trânsito caótico, aeroportos não atendem mais a grande demanda de passageiros que aumentam a cada ano, devido a isso o governo federal se sentiu obrigado terceirizar os principais aeroportos (principalmente do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília que vão sediar os jogos) para serem administrados pelas empresas privadas, sistema de saneamento precário e estádios fora dos padrões exigidos pela FIFA (órgão máximo de representação do futebol e organizadora do mega evento). Mediante a essa problemática, muitos são contra a realização da Copa no país, eu particularmente sou contra, e com isso fui fortemente criticado a ponto de ser chamado “historiador de merda” por um amigo meu.
O que se vê hoje são as dúvidas e incertezas acerca desse mega evento aqui no país, obras em atraso com o risco de não ser concluído dentro do prazo estipulado, forte indícios de superfaturamento nas obras das cidades – sede.
 Nós sabemos que o Brasil é campeão mundial em relação à má aplicação do dinheiro público, no Pan – Americano Olímpico realizado em 2007 no Rio de Janeiro, o governo federal tinha previsão de gastar 1 bilhão de reais com obras, mas no final foi gasto mais de 3 bilhões de reais, deixando fortes indícios de superfaturamento nas obras, ou seja, corrupção na aplicação das verbas.
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) é marcada com forte esquema de corrupção através do Ricardo Teixeira, presidente, e sempre foi apoiado pela Rede Globo em troca do monopólio na transmissão de jogos organizado pela entidade. Devido a isso, a emissora nunca fez denúncias envolvendo o presidente da entidade, mantendo uma forte relação de poder e influência entre ambos.
Ele tem sido alvo de todas as torcidas organizadas no país inteiro em protesto contra a sua permanência no cargo, mas não são apenas torcedores, também cidadãos comuns de todas as classes que estão insatisfeitos com as denúncias de corrupção que vem prejudicando alguns clubes, entre eles, o Clube de Regatas Vasco da Gama, que ano passado (2011) foi o mais prejudicado pelo roubo de arbitragens ao longo do campeonato brasileiro e a armação na tabela de jogos que nos últimos dois jogos de turno e returno teve que enfrentar os clássicos de Fluminense e Flamengo respectivamente, enquanto o Corinthians e o Flamengo enfrentaram apenas um clássico na última rodada de turno e returno.
 E nos últimos dias há forte evidência dele deixar o cargo, mas infelizmente não temos muito que comemorar, porque um dos vices que pode presidir a entidade é nada mais e nada menos que Fernando Sarney, filho do Presidente do Senado José Sarney e irmã da Governadora do Maranhão, Roseana Sarney, que tem sido alvo de processos, denúncias e operações da Policia Federal chamada de Boi Barrica e depois rebatizada de Faktor, com suspeitas de comandar uma quadrilha especializada em desviar os recursos públicos da União através de seus aliados e amigos que administram as empresas estatais do governo federal. Ele ainda não foi preso porque nós todos sabemos.
O caso mais escandaloso que não é levado pela grande mídia, é a construção do futuro estádio Itaquerão que irá sediar o jogo de abertura da Copa do Mundo com a seleção brasileira, até aí nada demais só fosse um detalhe, esse estádio pertencerá a Sport Clube Corinthians Paulista e o investimento da obra é quase 1 bilhão de reais oriundo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), ou seja, dinheiro público do governo federal destinado a construção deste estádio a um clube privado.
Há muitos anos que não vou a São Paulo, a última vez que fui foi em 1990 quando tinha 8 anos, os comentários de pessoas que moram na cidade e da imprensa é que o estádio construído é de uma região da cidade que fica distante do aeroporto, rodoviária e do centro da cidade, mais conveniente seria o estádio do Morumbi que pertence a São Paulo Futebol Clube, pois fica na área nobre da cidade e mais próxima do centro, aeroporto e rodoviária. Tudo isso que estou falando trata-se de uma coisa, o deslocamento, a FIFA (Federação Internacional de Futebol Amador) quer que as cidades – sedes tenham uma estrutura para garantir o deslocamento fácil, eficiente e ágil para os torcedores/turistas nos dias de jogos. Esse é um dos principais requisitos exigidos pela entidade aos países pretendentes em sediar um mega evento. São Paulo tem o problema crônico acerca dos transportes e trânsito, o estádio do Morumbi fica próximo a metrôs, ônibus e outros meios que foram citados anteriormente, e era forte candidata para sediar o evento inclusive a abertura, enquanto o futuro estádio Itaquerão fica distante destes recursos de deslocamento.
Porque o Morumbi não foi escolhido? Aqui no Brasil o que prevalece são as relações de interesses e amizade, que é denominado de nepotismo e tráfico de influência que resulta em patrimonialismo, clientelismo e troca de favores, prevalecendo à ordem pessoal e privada nas questões públicas de interesse a sociedade.
Os dirigentes do São Paulo têm fortes desavenças com o presidente da CBF por causa dos escândalos de corrupção que o envolve e os constantes prejuízos ao clube paulista nos jogos, no caso do roubo de arbitragens, enquanto o Andrés Sanches hoje ex-presidente do Corinthians é amigo do Ricardo Teixeira e forte aliado na entidade, devido a isso, o estádio do Morumbi foi vetado pelo presidente da CBF o direito de sediar a copa e o jogo de abertura.
Como o Corinthians conseguiu dinheiro do governo federal para construir o seu estádio? Corinthians não tem estádio, tem o Pacaembu que é da Prefeitura da Cidade de São Paulo que eles se intitulam como donos pelo fato de realizarem os seus jogos como mando de campo, é que nem o outro time que fica no Rio pelo qual prefiro nem citar o nome, também não têm estádio, se intitula o dono do Maracanã porque realizam os seus jogos como mando de campo, mas na verdade o estádio pertence ao Governo do Estado do Rio de Janeiro.
O Andrés Sanches como poucos sabem, é filiado ao PT (Partido dos Trabalhadores) que está à frente do governo federal desde a eleição do Luís Inácio Lula da Silva a Presidência da República em 2002, sendo que este é corintiano, amigo do ex – presidente do Corinthians, principal apoiador do governo ao projeto da CBF junto com Ricardo Teixeira em sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas do Rio do Janeiro de 2016 junto com o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) através do Carlos Arthur Nuzman que é presidente da entidade.
E foi justamente em seu governo que o clube paulista conseguiu tirar do papel o projeto de estádio que durava a milhões de anos (sendo que o clube tem apenas 102 (e no seu centenário não ganhou nada) anos existência), e o clube não está tirando um centavo sequer dos seus cofres para a construção deste empreendimento, quem está tirando são os torcedores do Palmeiras – SP, São Paulo – SP, Santos – SP, Vasco da Gama – RJ, Flamengo – RJ, Botafogo – RJ, Fluminense – RJ, Grêmio – RS, Internacional – RS, Atlético – MG, Cruzeiro – MG, Remo – PA, Vitória – BA, Atlético – PR, Coritiba – PR, Avaí – SC, Figueirense – SC, Penarol – AM, Nacional – AM, Bahia – BA, Sport – PE, Náutico – PE, Santa Cruz – PE, Atlético – GO, Goiás – GO, Vila Nova – GO, Paysandu – PA, Sampaio Correia – MA, Moto Club – MA, River – PI, Brasiliense – DF....
É um escândalo que a grande mídia leva como uma normalidade, porque a Globo não faz esse questionamento ou denuncia? Como disse anteriormente, a emissora tem interesses na CBF que vai além do monopólio em transmitir os jogos de campeonatos organizados pela entidade, o ex – jogador de futebol Ronaldo Nazário, mais conhecido como Fenômeno, que encerrou a carreira no Corinthians é sócio da emissora carioca, sócio do clube em que encerrou a carreira, amigo do Andrés Sanches que é cotado num futuro breve a presidir a CBF, um dos membros da diretoria na entidade, um dos organizadores da Copa do Mundo, amigo do Ricardo Teixeira (ex – desafeto), empresário de alguns jogadores como o Neymar e cotado para ser presidente do Corinthians futuramente. Devido a essas relações de interesses, não é interessante para emissora fazer qualquer denúncia contra a entidade e as pessoas que a dirigem.
O Secretário – Geral da FIFA Jérome Valcker, fez a declaração que o Brasil deveria levar o pontapé na bunda. O governo brasileiro através do Ministro dos Esportes Aldo Rebelo repudiou a declaração.
A meu ver, o secretário da entidade falou simplesmente o que é notório e alvo de críticas até mesmo do jogador que foi campeão da Copa do Mundo de 1994, artilheiro da competição e eleito o melhor jogador do mundo no mesmo ano e hoje Deputado Federal pelo Estado do Rio de Janeiro, o Romário, que faz duras críticas acerca dos atrasos das obras, falta de transparência dos recursos que estão sendo gastos e a falta de fiscalização dos órgãos competentes no caso o TCU (Tribunal de Contas da União), Polícia Federal, Ministério Público Federal e outros órgãos, e tem fortes desavenças com o Ricardo Teixeira na qual faz os virulentos ataques, dirigentes de clubes de futebol e até o próprio Edson Arantes do Nascimento, o Pelé.
Sem mencionar as greves de operários que paralisaram as obras em algumas cidades – sede, principalmente a do Maracanã, o poder judiciário como sempre, age contra os trabalhadores e sendo coniventes com as péssimas condições de trabalho, baixa remuneração e a exploração feita pelos patrões das empresas/empreiteiras que estão executando os serviços pagos pelo Estado que também não se importa a mínima com a situação dos operários nas obras.
A Copa do Mundo será aqui no Brasil, mas não para os brasileiros, a começar pelo preço dos ingressos que serão o absurdo, porque para a FIFA não é interessante a meia entrada e muito menos a redução dos preços, porque o que importa para a entidade são os altos lucros durante o evento, por isso é a queda de braço do governo federal com a entidade em querer garantir ao menos os preços acessíveis aos que não tem tanto poder aquisitivo, mas não pode se iludir tanto com essas ações do governo, apesar de ser bem intencionado.
No Rio de Janeiro e outras cidades – sede que irão acontecer os jogos, as empresas imobiliárias estão de olho para fazer as especulações no intuito de supervalorizar as áreas e as regiões que ficam entorno do estádio que ocorrerá os jogos pra elevar os preços dos imóveis.
Bairros habitados pela população mais pobres serão constantemente vigiados por policiamento ostensivo, não é toa que o Governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral está implantando as UPP`s (Unidade de Polícia Pacificadora) nessas localidades, incluindo as favelas e os morros.
A copa não será dos brasileiros, será para a classe política que usará como palanque político, dirigentes de grandes clubes de futebol e principalmente das cidades – sede, empresários, empreiteiros e especuladores que irão faturar alto com o mega evento, independente se o Brasil ganhará ou não a Copa do Mundo, mas se ganhar é mais lucrativo para eles, isso é óbvio, e ao pobre restará como nas copas anteriores. O falso patriotismo ou patriotismo de chuteiras que serão vistos nas ruas, praças, avenidas, casas com as cores verde e amarelo com a imensa TV no meio da casa ou na rua para torcer para seleção brasileira com as pessoas enfeitadas e vestindo a caráter, em que o país inteiro vai parar pra assistir os 90 minutos nos dias de jogo do Brasil (contra a corrupção o país não para e o povo leva com naturalidade esse grande problema que atinge nós todos e sentimos no dia a dia, como a falta de atendimento médico em hospitais públicos que as pessoas morrem na fila), mas se perder, veremos um velório ou ambiente fúnebre a céu aberto com muitas bandeiras rasgadas e jogadas ao chão e o sentimento de vergonha de dizer que é brasileiro, mas se ganhar, o país inteiro entrará em festa com o carnaval fora de época e decretado no dia seguinte o feriado nacional para saudar os “heróis” do título.
Isso é possível, porque a seleção do Mano Menezes ainda não montou a base, o Neymar e o Paulo Henrique Ganso ainda não mostraram de fato o futebol que mostram no Santos, e recusa a colocar em campo os jogadores que estão vivendo a ótima fase no momento em seus clubes, como o Dedé do Vasco e Willians do Flamengo, por exemplo, na insistência em valorizar e priorizar os jogadores que atuam na Europa.
Enquanto as seleções como a Espanha, Alemanha, Uruguai e Argentina já tem a base montada, e são favoritas ao título. Messi está vivendo um momento invejável pelo Barcelona, imaginem ele com o talento que tem em plena copa aqui no Brasil? A seleção espanhola (campeã da Copa do Mundo na África do Sul em 2010) é praticamente o time do Barcelona, porque a maioria dos jogadores atua no clube, que no momento o clube catalão é praticamente imbatível, pelo qual nem o Santos do Neymar (na final do Mundial de Clubes 2011 levou a surra de 4 a 0) e o Real Madrid do Cristiano Ronaldo conseguiram derrotá-lo (os últimos confrontos entre ambos só tem dado o Barça), e tem conquistado quase tudo nos últimos 5 anos.
Imaginem a final Brasil e Argentina ou a Espanha (principais jogadores do Barcelona estão na seleção) no Maracanã com o Messi no auge do seu talento futebolístico ou Barça vestindo a camisa da Espanha com os seus jogadores?
Eu ficarei feliz com o fiasco dessa copa do mundo aqui no país e principalmente se a seleção perder na final, de preferência para a Argentina do Messi e Cia. Imaginem a humilhação relembrando a Copa de 1950 na final do Maracanã ao ser derrotado pelo Uruguai?
A Copa do Mundo dirá se o Brasil tinha condições ou não de realizar o mega evento, e ver o nosso dinheiro público ser jorrado pelo ralo ou no bolso dos corruptos.

segunda-feira, março 12

A necessidade de Novas Capitais


Dezembro do ano passado aconteceu no Estado do Pará o plebiscito para a população decidir sobre a divisão com criação de dois Estados: Carajás e Tapajós.
A maioria decidiu pela não divisão, mas essa decisão em grande parte foi tomada pelos eleitores de Belém e região metropolitana. Independente do resultando, permanecerá o sentimento separatista que não irá acabar tão cedo e muito menos por causa do resultado insatisfatório.
A maioria das pessoas que são favoráveis a divisão do estado são de outros estados, maranhenses são maioria, com alegação de que o PIB (Produto Interno Bruto) estadual é mal distribuído entre os municípios e regiões do estado, sendo que Belém a capital fica com boa parte da renda per capita.
Aqui no Maranhão não é diferente, no sul do estado querem criar o Maranhão do Sul, eu tenho amigos de Imperatriz, e digo que eles são chatos e radicais acerca deste assunto, uns chegam a chamar nós que moram em São Luís de “Maranhão do Norte”.
O sentimento de separação é fortíssimo nessa região, principalmente em Imperatriz, eles alegam que não há identificação em nada com a região que fica a capital do estado (São Luís) e buscam os fatos históricos como a chegadas dos bandeirantes ao estado pela região sul pelo qual o processo de ocupação é pouco diferente a dos colonizadores portugueses, e isso é temática em monografias, dissertações, teses e artigos acadêmicos.
Há procedência do que eles alegam, mas por trás desse discurso há o interesse de “neomaranhenses” ou “maranhenses novos”, ou seja, mineiros, goianos, paraenses, gaúchos e outras pessoas vindo de outros estados que vieram aqui desde a década de 1960, contexto que o Maranhão estava vivendo com a criação de estradas, construção da Barragem Boa Esperança, construção do Porto Itaqui e a criação da Lei de Terras implementada no Governo do José Sarney, pois o governo estadual neste período recebeu muito apoio e incentivo do governo federal que estava sendo governado pelos generais em troca do apoio e fidelidade política, essas grandes obras foram feitas em nosso estado com recursos da União.
Mediante a esse contexto, muitos maranhenses foram obrigados a abandonar o campo e virem para a capital pra morar em palafitas e bairros nas condições subhumanas, fugindo da violência no campo que estavam sendo expulsos para dar o lugar a grandes empreendimentos e forasteiros (os gaúchos em maioria) que queriam se apossar nas terras devolutas.
Hoje Balsas é um dos maiores produtores de soja do país, mas quem produz são os sulistas, no caso os gaúchos, Imperatriz cresceu aceleradamente com a construção da rodovia Belém – Brasília que recebeu a vinda de mineiros que são maioria, de paraenses, goianos e até de árabes e seus descendentes que se instalaram na cidade, hoje é considerado um dos maiores centros da economia do comércio de varejo e atacado no país e apelidada de portal da Amazônia devido a sua posição geográfica privilegiada.
Esses “neomaranhenses” ou “maranhenses novos” que chegaram nesse período que formam a elite política e econômica na região do estado, são os que mais querem a criação do novo estado, alegam a má distribuição do PIB estadual aos municípios e regiões, sendo que São Luís fica com grande parte da renda per capita e alegam também como forma de romper com o grupo oligárquico  que governa o estado, justificando que toda a pobreza causada por esse grupo fica concentrada no “Maranhão do Norte”.
De fato, não são os maranhenses que querem a criação do novo estado, são estes forasteiros que querem a divisão, e a realidade do estado vizinho (Pará) é praticamente a mesma com forasteiros que chegaram entre as décadas de 1960 e 1970 com a política desenvolvimentista do governo federal pelos militares.
Os maranhenses e também os paraenses estão sendo usados como massa de manobra para atender os interesses de uma elite que se instalou nas regiões onde querem a criação do novo estado, e as grandes empresas como a Vale também tem interesse.
Mesmo discordando e ser contrário a divisão dos estados por entender que não irá resolver os problemas sociais, políticos e econômicos, não podemos ignorar a situação vigente que não existe somente no Maranhão e Pará, mas também em outros estados como o Piauí, Minas Gerais, Bahia e outros.
O que ocorre em muitos estados brasileiros é que as capitais ficam nas áreas litorâneas, uma herança do colonialismo que perduram os dias atuais, porque essas cidades costeiras em que algumas são capitais em seus estados foram fundadas no período colonial, no intuito de atender os interesses da metrópole (Portugal) e não na própria colônia.
O que se vê é o distanciamento do Estado com toda a região territorial que o engloba, o grande exemplo é a nossa São Luís capital do Maranhão, além de ser uma cidade costeira é também uma ilha, o Estado do Maranhão historicamente sempre foi governado por grupos oligárquicos, é desde os tempos do colonialismo, governado por famílias, partidos ou grupos políticos que estiveram no poder e sempre à elite local beneficiada, com a tradição política marcado pelo clientelismo, voto de cabresto, patrimonialismo e coronelismo, enquanto a população pobre sempre foi desassistida e usada a interesses destes grupos, portanto, a oligarquia Sarney é a continuidade das tradições políticas arcaicas e retrogradas em nosso estado.
Como falei anteriormente, São Luís é uma ilha banhada pela Baía de São Marcos e Oceano Atlântico, as vias de acesso são: Aeroporto Cunha Machado e as duas pontes que passam sobre o Estreito dos Mosquitos.
Imaginem São Luís sem o aeroporto e as duas pontes? Uma capital isolada deixando o continente que engloba o território maranhense sem a presença do governo, e que na prática é o que acontece em muitos estados. Vejam Manaus, capital do Estado do Amazonas com quase 2 milhões de habitantes tem uma das maiores indústrias eletro eletrônicos da América Latina, a Zona Franca de Manaus, mas a pouco tempo era isolado (foi construída recentemente uma ponte que passa sobre o rio Amazonas que leva até a terra firme com rodovia) porque a via de acesso era de avião ou transporte fluvial até Belém – PA numa viagem que pode durar até 7 dias, porque praticamente não há estrada.
O restante do Estado do Amazonas é praticamente isolado com acesso a fluvial ou aéreo para Manaus, rodovias é quase inexistente no estado, está é a realidade nos estados da região Norte como Acre, Roraima, Rondônia, Amapá e no Pará. Maranhão também não é muito diferente.
Em virtude disso, é necessário que haja a criação de novas capitais principalmente as que ficam na região litorânea para serem transferidas na região central em seus estados como estratégia militar na questão de defesa e segurança, geográfico para garantir o acesso e deslocamento a todos, facilitando assim a maior presença do Estado em acompanhar de perto os problemas de ordem político, econômico, social, segurança e militar para garantir a territorialidade.
A construção de Brasília para ser a nova capital da República foi nesse intuito, Juscelino Kubitschek foi criticado tanto pela classe política, elites e também pela esquerda, o motivo comum é porque não queriam que o Rio de Janeiro deixasse de ser a capital do país, sendo que a cidade fica em região costeira.
Brasil é um país continental, a capital que ficava no litoral (Rio de Janeiro) estava distante dos problemas em demais regiões e principalmente no interior, a construção de Goiânia a capital do Estado de Goiás na década de 40 na era Vargas foi determinante na construção de Brasília, porque neste período a região Centro – Oeste era praticamente inacessível com a quase ausência de estradas e pouco povoamento.
É conhecimento de todos que a ocupação nessa região com a construção da nova capital federal trouxe conseqüências drásticas para as populações locais, especialmente os indígenas, mas era necessário o estado brasileiro ocupar para integrar todo o território nacional em regiões inóspitas.
Infelizmente o governo fez de uma forma distorcida que só beneficiou as grandes indústrias estrangeiras que estavam se instalando no país, no caso as automobilísticas, principalmente num período em que o governo JK ficou marcado pela dependência do capital externo.
Mesmo com essas conseqüências drásticas, não podemos deixar de reconhecer a necessidade da construção de uma nova capital federal, e isso deve ser levado para os estados e acabar com essa herança deixada pelos colonizadores portugueses.
É necessário no Maranhão a criação de um nova capital, de preferência na região central como forma de integrar todo o estado e seu território, acabando assim com o ideal de separatismo feito pelas elites “neomaranhenses” ou “maranhenses novos” que ficam no sul do estado e são os produtores da soja em Balsas, detém praticamente todo o comércio de atacado e varejo em Imperatriz, indústria do aço em Açailândia, agronegócio e a produção do eucalipto.
Nos Estados Unidos, as capitais dos estados americanos em grande parte são pequenas com abaixo de 50.000 mil habitantes, não são grandes cidades como Chicago, Los Angeles, Miami, Boston e muitas outras cidades em seus estados, são cidades administrativas com menor contingência populacional.
Palmas, capital do Estado do Tocantins foi construída com essa finalidade quando foi criado o novo estado e emancipando-se de Goiás. Mas infelizmente a intenção política – administrativa foi prevalecida pelos interesses políticos de grupos como Siqueira Campos, de libertador (um dos responsáveis pela criação do Estado do Tocantins) a neocoronel que hoje está no quarto mandato de governador do estado. 
Mas essa é umas das melhores formas de acabar o ideal separatista, construir novas capitais em regiões centrais como forma de garantir a maior presença do estado e a população de todas as regiões estarem mais próximos do governo.

foto: do site http://www.reidaverdade.com/

domingo, março 11

Vide Bula

Bipolar até que é legal! Hoje basta ter um pouco de instabilidade e dizem logo “...parece que é bipolar”, e fica tudo justificado. Há também os que fazem seu
próprio diagnóstico...“eu sou assim mesmo meio bipolar”. Parece haver certo
charme, uma inclusão no mundo de loucos geniais, tem efeito de satisfação.
Virou modinha!


MANÍACO DEPRESSIVO! Dito assim parece muito agressivo não? Mas é isso aí, a nomenclatura não muda o quadro, apenas torna mais leve pra quem está de fora, mais aceitável.
Você já ouviu alguém falar que se acha um pouco maníaco depressivo?


Que os rótulos fiquem na coca-cola e nos frascos de maionese... baixa caloria, 0% de gordura trans, contém glúten, validade no fundo da lata.

Chet Baker - Um poeta cool

Chet Baker nasceu na região do Oklahoma nos EUA. herdou a paixão pela música do seu pai, que era guitarrista, aos dez anos ganhou de presente do seu pai um trompete, iniciando ai um romance que durou todo o resto da sua vida, bem cedo começou estudar teoria musical e logo em seguida foi convidado a tocar na banda de ninguém menos que Charlie Parker, logo depois Chet tocou com todas as grandes Big Bands, se tornou uma lenda viva do Cool-Jazz, possuia um estilo extremamente pessoal cheio de charme e dor. Chet esteve no Brasil em 1985  na primeira edição do Free Jazz, na banda estavam músicos Brasileiros e Americanos, a apresentação ficou na história como uma das melhores de Chet, no final do show sozinho em um quarto do Maksude Plaza, Chet abriu a mala de seu médico onde estavam diversos remédios usados para sua abstinência em heroina, tomou diversos indo parar no hospital por conta de uma overdose. certa vez Chet perdeu quase todos os dentes da arcada dentária depois de ter tomado uma surra de traficantes de heroina, por conta de dívidas, alguns criticos acreditam que esse fato deva ter levado as suas performances mais pessoais e intimistas, segundo eles Chet precisou buscar novos caminhos no uso do instrumento por conta de deficiências nas cavidades da arcada deixadas pelas lesões. Chet morreu em 1988 na Holanda depois de cair do quarto de um hotel, as causas da morte ainda não são precisas, alguns acreditam ser suicidio outros overdose.




sábado, março 10

Na Ilha Deserta com Luciana Simões

- O que estou fazendo aqui?!
- Eu juro que eu pensava que aquela lâmpada que achei no meio da rua não era de verdade e fiz três pedidos. Tipo aquela estória de Aladim. Pensava que isso era coisa de livros. Cinema. Desenho Animado. Nunca Acreditei. Foi só Uma Brincadeira...
- Então quer dizer que vou passar o resto da minha vida nessa ilha deserta com você?
- Assim...
- Você sabe que eu sou uma pin up maranhense?!
- Não.
- Você por acaso é maluco bipolar?
- Talvez...
- E agora?
- Olha?! Além desse pedido. Eu fiz mais outros dois e uma deles era ganhar na loteria e que um barco viesse buscar a gente aqui depois de uma semana. Então se você está aqui; significa que o primeiro pedido foi realizado e consequentemente os outros dois também. Logo é só aguardar sete dias pro barco vim buscar nós dois e eu pegar minha grana na Caixa Econômica... Oh yes!
- Meu deus... O que vamos comer? Onde vamos dormir? Só vejo água salgada ao redor da gente?
- Assim... Não sei se você foi escoteira na infância... Mas eu tenho um isqueiro aqui no bolso! Já é alguma coisa... Podemos pegar umas palhas secas e uns paus e fazer uma fogueira pra aquecer a gente a noite e afastar os mosquitos. E to vendo que aqui tem muitos coqueiros... e água não vai faltar.
- E com o que vamos abrir?
- Não se preocupe! Eu sempre carrego meu canivete suíço... Por que qualquer hora que posso precisar. Como agora...
- E... O que vamos comer?
- Essa resposta eu não tenho... Mas tem aquela carninha dentro do coco. Já é alguma coisa.
- Hum...vamos dar uma volta.
- Vamos.
- Essa ilha é tão bonita!
- É verdade.

sexta-feira, março 9

Baculejo


Oh my dindi...

Canto mentalmente de olhos semicerrados Tom Jobim made in USA deitado no último degrau da arquibancada com as mãos servindo de travesseiro.

Éguas! - murmura Fly e fica na sua fingindo falar calmamente com a gente tentando disfarçar qualquer coisa ilícita. Há poucos instantes acabávamos de encher de fumaça os pulmões de carbinóides.

Abro bem os olhos e é a policia em primeira marcha devagarzinho com seu réptil de alumínio que vem parando em nossa direção.

Dois guardas de uniformes cinzas e quepes saem do carro patrulha - o primeiro que desce tem estatura mediana, bíceps e peitoral largos de tanto levantar halteres e supinos retos e flexões de braços. Cabelo raspado. Parece novato. É um soldado li no seu distintivo, além do tipo sanguíneo. O segundo que desce parece vetereno na parada, é alto, negro, bigode e cara feia de sério, dá medo. Tem cara de matar bandido sem piedade. Esse cara de psicopata faz cobertura com um fuzil Magal – me lembrou os filmes policias americanos que via na TV à noite. Mas isso não é Hollywood será um baculejo.

Uma abordagem de rotina, aprendido durante um ano na academia de policia. São adestrados a caçar qualquer forma de desordem a comunidade como bons cães sociais. Somos os suspeitos dos olhos brisados. As ovelhas negras. Que mal fazemos? - “Eu não posso causar mal nenhum/ a não ser a mim mesmo a não ser a mim” – responderia Lobão e Cazuza em meados da década de oitenta. O local é suspeito – ponto de venda de drogas e boca de fumo - Uma arquibancada com vista a um campo de futebol com medidas não oficial que agora não joga ninguém e por isso os três refletores estão desligados.  Deixando o ambiente escuro. Além das grandes árvores de mangas, amêndoas e cajus que impedem parte da penetração das luzes das casas, postes e da lua e porventura de faróis de carros atravessando a rua paralela. Com o cimento da arquibancada cheia de folhas verdes, pardas, negras e frutas em decomposição exalando no espaço um cheiro meio doce azedo misturado com urina dos mixãos e fezes de noiados que cagam quando em pânico perdendo o esfíncter anal.

Um morador dali perto odiava aquilo tudo e informava as autoridades do bairro. Sem dúvidas, adorou os tempos da ditadura militar e bateu continência para um superior militar quando serviu o exército brasileiro. Quando se dormia cedo e havia poucos bandidos nas ruas e achavam que comunistas comiam criancinhas. Sem dúvidas, ligou também pro disque – polícia naquela noite. Um x-nove, dedo duro, cacueta, pau no cú e se acha um “bom cidadão” que tem certeza que a juventude de hoje esta perdida.

Boa Noite! Vou fazer uma revista de rotina. Levante-se e fiquem um ao lado do outro num espaço de um braço esticado. - Disse o soldado que veio até nós sendo educado e firme. - Fizemos o que pediu.  - Levantem os braços agora e afastem as pernas. - Da esquerda pra minha direita inicia a busca por drogas. Cabelo, Peito, barriga, genital, bolsos das bermudas.

O que tens aí?

Parou no fedorento do Pequeno Michael. Ele tira uma caixa de fósforos do seu bolso lateral. Abre e só tem palitos. Sorte sua e azar do guarda. E continua. Chega a minha vez. Viro e prendo minha língua no céu da boca pra não rir, mas acabo rindo discretamente. O guarda toca na minha carteira no bolso traseiro da bermuda jeans. Tenho uma bala dentro. Droga(de verdade)! Me vejo indo pra policia prestar depoimento, levar um sermão sobre o uso de entorpecentes, comunicarem meus responsáveis e vexame total com a família. Mas nada disso acontece, o guarda não pede minha carteira. Eu não sou negro, não tenho tatuagens, e minha roupas estão limpas, talvez isso me ajudou. Quase chamo o guarda de preconceituoso e digo que tou com um flagrante.

O baculejo acaba.
O guarda agradece e saem fora no réptil de alumínio.
Sem drogas. Sem crime.
...

Todos rimos daquilo tudo depois. 
A lombra até passou com essa interrupção.

Alguém tem um careta aí? – Alguém entre nós pediu.



terça-feira, março 6

O Chato




(Um homem senta ao lado de um jovem numa festa em família)
- Você bebe Coca-Cola?
- Não.
- Já sei... Você é um marxista radical e acho que o refrigerante é um símbolo do imperialismo norte-americano. Da exploração do homem pelo homem. Um total anticapitalista!
- Não bebo porque tenho gastrite.
- Mas tem feição que come um chocolate de vez em quando com essas espinhas?
- Não.
- Já sei... Você não come porque o chocolate é rico em colesterol que aumenta as doenças cardiovasculares e por isso tem medo de ter um infarto!
- Não é que tenho enxaqueca quando como chocolates e as espinhas devem ser porque tenho a pele oleosa e meus 18 anos.
- Mudando de assunto, você já leu Machado de Assis?
- Li...
- Sabia. Por que ele é considerado o maior escritor brasileiro. Inventor de um estilo próprio. Analisa o comportamento humano. Diria até que é um Freud da literatura. Utiliza-se de ironias e tem uma maneira de escrever originalíssima! Com certeza você pensou que Bentinho traiu Capitu. Com aqueles “Olhos de ressaca”.
- Li só um pedaço... e foi pra fazer vestibular e nem me lembro do nome do livro.  
- Você tem perfil de estudante de administração, com esses óculos finos, calça de linho, sapato bem lustrado e camisa xadrez.
- Na verdade nem passei no vestibular. E essa roupa social é por que hoje é... como deve saber... O aniversário de um ano de casamento da minha irmã mais velha e foi... entre nós aqui... Exigência da família. Odeio roupa social.
- Então quer dizer que ela é sua irmã! Você deve ser um irmão coruja.
- Que nada. Quase nem falo com ela. Estamos a muito tempo distante.
- Já sei... Você terminou o segundo grau e virou hippie. Viajou por todos os lugares do mundo e agora retornou pro seio da família?
- Também não... Na verdade ela que viajou para a Espanha com um gringo e acabou virando... Aqui entre nós... Prostituta... Não sei como. E terminou engravidando de um intelectual, daqui mesmo, cheio da nota e tal... que foi passar férias lá.
(Nesse momento a irmã do jovem chega)
- Meu esposo! Estava de procurando a um tempão pra tocarem O Parabéns... Quer dizer que você está aqui conversando com meu irmãozinho sumido?
- É.

segunda-feira, março 5

Nós podemos....



Natan Castro.

Pra Pular da Cama ( 14 Musicas)


01 Cauthg By the Fuzz – Supergrass
02 Vento Ventania – Biquini Cavadão
03 Help – The Beatles
04 Milagres – Barão Vermelho
05 Vou te levar (Acústico) - Lobão
07 Não me Deixe Só - Vanessa da Mata
08 Certain Romance - Artic Monkeys
09 Pretty Fly ( For a White Guy)- Offspring
10 French Dog Blues - Babyshambles
11 Get in on – T Rex
12 Maluco Bipolar - Criolina
13 Bidê ou Balde - Bromélias
14 Last Night –The Strokes
15 Mile End – Pulp

domingo, março 4

Os livros que eu li, os filmes que eu vi, as mulheres que amei.

Havia alguns anos que não se ouvia mais falar nele, as últimas informações sobre seu paradeiro configuravam uma desistência em todos os sentidos, uma completa falta de fé nas pessoas, no trabalho, na família, no mundo. Há quem diga que tudo no seu ponto de vista tinha ficado obsoleto, antiquado, sem sal, sem odor. No meio onde tempos atrás transitava com uma certa imponência, reinava o vazio sem as palavras entonadas com veemência e objetividade, não mais as críticas, não mais as músicas, nem os sobressaltados nos corações das mulheres, aliás, as belas mulheres eram uma de suas especialidades, paixões tórridas, complexos jogos de sedução, a sensualidade acentuada, ás vezes, disfarçada. O agridoce meio esquecido, a perfeita presença espalhada nos ambientes outrora adentrado por ele. Sim logo de pronto do vazio do inicio do vazio deixado por ele, diversas teorias foram postas em discussão sobre sua desistência, sobre todo esse abandono das noites infindas ao lado dos amigos, em companhia de belas mulheres, cravando diversos comentários sobre tudo e, sobretudo a arte, a vida, o amor. Uma dessas várias noticias que, diga-se de passagem, ninguém afirma como sendo de fonte verdadeira, estaria ele morando num lugarejo pequenino na fronteira de sua cidade com uma vizinha, porém dessas noticias, uma que parece está mais ligado a sua forma de lidar e pensar as coisas, veio de um cacheiro viajante que afirmava ter estado com ele numa quitanda de beira de estrada no inverno passado dividindo uma garrafa de cachaça, falando sobre livros, filmes e mulheres. Depois disso até sua silhueta na memória de quem ele esteve nesses anos para trás se esvaneceu. E findou-se.

sexta-feira, março 2

O Bom Homem



Era um homem bom. Um exemplo de cristão. Honesto, cordial e trabalhador e não perdia uma missa de domingo. Aos doze anos perdeu seu pai de quem herdou um velho paletó e seu nome “José”. Teve que trabalhar pra sustentar a mãe e as duas irmãs menores. O ofício de costureira de sua mãe não garantia o pão de cada dia.  Começou como contínuo de uma firma de imóveis. O Brasil estava crescendo economicamente, e faltava tetos para os operários. Suas características pessoais e a conjetura do país levaram – lhe a subir de cargo e aos 18 anos já tinha sua sala, secretária e telefone. Nessa mesma época conheceu o amor. O amor era uma jovem pálida, magra de cabelos longos que tinha 15 anos de idade: “Amanda”. Era uma vizinha que “caiu do céu” próximo da casa confortável que comprou para a família num bairro de classe média.
Amanda adorava vê-lo pela sacada da janela atravessar com passos firmes e elegantes vindo do trabalho. Os olhares no início eram tímidos e depois cúmplices, pois era reciproco – estavam apaixonados – todavia a distância entre a janela e a rua era extensa. Sua irmã, do meio, na iminência de fazer quinze anos já tinha largado as bonecas de porcelana e fez o papel de alcoviteira facilitado pelas idas diárias a casa de Amanda. Liam revistas de moda e falavam do seu irmão. Ela marcou tudo - o dia a hora e o lugar do encontro - há muito esperado. Era uma praça na sombra de imensos e antigos castanheiros atrás do colégio só para mulheres onde Amanda estudava. Conversaram muito até pegarem a mão um do outro e depois um pequeno beijo entre risos tímidos e bochechas ruborizadas.  E no mesmo dia fizeram planos para noivar e casar, tamanho a chama do recente casal de namorados. No dia seguinte foi à casa de Amanda e falou com a sua família como um "homem honrado" e pediu a sua mão em casamento. Não passava pela sua cabeça ficar namorando, às escondidas. Apesar de um único encontro na surdina, teve um acesso de ressentimento de culpa. A família aceitou sem pestanejar. “Era um ótimo par” como diziam e ele tinha plena convicção disso.
O tempo foi passando e a jovem Amanda ficando mais pálida e magra e os cabelos caindo, mas continuaram as revistas de moda com sua irmã. Um dia vindo exausto do trabalho foi direto para seu quarto e a noiva encontrava-se lá despida desejando mais que beijos. Sua exaustão deu lugar à estupefação e mandou-lhe se vestir imediatamente, pois aquilo só depois do matrimônio. “Não podemos” repetia pra ela “ Ainda não... aguarde só mais um pouco... Por favor”.

No outro dia teve a péssima notícia que a noiva sofria de uma doença obscura e sem prognóstico. Correu para sua casa. Estava nos últimos dias de vida. Deitada na cama coberta por um extenso lençol branco, onde ao redor a família, às lágrimas, rezava junto a um padre gordo e um médico resignado. Nas suas últimas palavras ela revelou o fato no quarto do noivo com um detalhe inventado gemendo: “Nós fizemos amor” e pereceu entre profundos suspiros.  O padre se benzeu. O médico saiu do quarto e a família franziu a testa e virou o rosto pro "homem honrado" chorando a morte precoce da filha.
Logo depois José recebeu insultos da família da ex-noiva por ter a desonrado. O ato não feito acabou feito. Não suportou aquele tamanho pecado imaginário. E poucos dias depois faltando pela primeira vez no trabalho foi a um comércio do bairro e comprou um formicida. E também pela primeira vez bebeu. Pagou as sete cervejas e embriagado foi para a casa. Tirou as chaves do bolso. Abriu a porta. Trancou. Ligou a luz. Dirigiu-se a cozinha e abriu a geladeira. Encheu um copo d’água e se sentou ao lado da mesa de jantar. Abriu o saco com o formicida e derramou todo no copo e tomou num só gole.