quarta-feira, março 14

O Sal Da Terra



Vou para caverna de sal, como fazia Van Gogh, calar meu pensamento e estabilizar o humor. Queria ir pra Minas, “Minas não há mais”!

Vou para as cavernas das minas de sal de lítio, ou qualquer lugar amarelo que me dê fome, que me dê sede, que me sacie. Gritar palavras sem sentido, me masturbar, fertilizar o solo, fertilizar o óvulo. Talvez encontre sossego nos braços da madura carente ou nos seios da perturbadora ninfeta.

Fiasco a Vista

Quando o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016 (na cidade do Rio de Janeiro), a grande mídia (especialmente a Globo) fez uma festa que foi parar as ruas das cidades brasileiras, ressurgindo o falso patriotismo ou patriotismo de chuteiras fora de época (que ocorre apenas em época de Copa).
Mas toda essa euforia não condiz com a realidade, visto que o Brasil não tem estrutura para realizar o mega evento, porque o sistema de transporte público é precário na maioria das grandes cidades, trânsito caótico, aeroportos não atendem mais a grande demanda de passageiros que aumentam a cada ano, devido a isso o governo federal se sentiu obrigado terceirizar os principais aeroportos (principalmente do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília que vão sediar os jogos) para serem administrados pelas empresas privadas, sistema de saneamento precário e estádios fora dos padrões exigidos pela FIFA (órgão máximo de representação do futebol e organizadora do mega evento). Mediante a essa problemática, muitos são contra a realização da Copa no país, eu particularmente sou contra, e com isso fui fortemente criticado a ponto de ser chamado “historiador de merda” por um amigo meu.
O que se vê hoje são as dúvidas e incertezas acerca desse mega evento aqui no país, obras em atraso com o risco de não ser concluído dentro do prazo estipulado, forte indícios de superfaturamento nas obras das cidades – sede.
 Nós sabemos que o Brasil é campeão mundial em relação à má aplicação do dinheiro público, no Pan – Americano Olímpico realizado em 2007 no Rio de Janeiro, o governo federal tinha previsão de gastar 1 bilhão de reais com obras, mas no final foi gasto mais de 3 bilhões de reais, deixando fortes indícios de superfaturamento nas obras, ou seja, corrupção na aplicação das verbas.
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) é marcada com forte esquema de corrupção através do Ricardo Teixeira, presidente, e sempre foi apoiado pela Rede Globo em troca do monopólio na transmissão de jogos organizado pela entidade. Devido a isso, a emissora nunca fez denúncias envolvendo o presidente da entidade, mantendo uma forte relação de poder e influência entre ambos.
Ele tem sido alvo de todas as torcidas organizadas no país inteiro em protesto contra a sua permanência no cargo, mas não são apenas torcedores, também cidadãos comuns de todas as classes que estão insatisfeitos com as denúncias de corrupção que vem prejudicando alguns clubes, entre eles, o Clube de Regatas Vasco da Gama, que ano passado (2011) foi o mais prejudicado pelo roubo de arbitragens ao longo do campeonato brasileiro e a armação na tabela de jogos que nos últimos dois jogos de turno e returno teve que enfrentar os clássicos de Fluminense e Flamengo respectivamente, enquanto o Corinthians e o Flamengo enfrentaram apenas um clássico na última rodada de turno e returno.
 E nos últimos dias há forte evidência dele deixar o cargo, mas infelizmente não temos muito que comemorar, porque um dos vices que pode presidir a entidade é nada mais e nada menos que Fernando Sarney, filho do Presidente do Senado José Sarney e irmã da Governadora do Maranhão, Roseana Sarney, que tem sido alvo de processos, denúncias e operações da Policia Federal chamada de Boi Barrica e depois rebatizada de Faktor, com suspeitas de comandar uma quadrilha especializada em desviar os recursos públicos da União através de seus aliados e amigos que administram as empresas estatais do governo federal. Ele ainda não foi preso porque nós todos sabemos.
O caso mais escandaloso que não é levado pela grande mídia, é a construção do futuro estádio Itaquerão que irá sediar o jogo de abertura da Copa do Mundo com a seleção brasileira, até aí nada demais só fosse um detalhe, esse estádio pertencerá a Sport Clube Corinthians Paulista e o investimento da obra é quase 1 bilhão de reais oriundo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), ou seja, dinheiro público do governo federal destinado a construção deste estádio a um clube privado.
Há muitos anos que não vou a São Paulo, a última vez que fui foi em 1990 quando tinha 8 anos, os comentários de pessoas que moram na cidade e da imprensa é que o estádio construído é de uma região da cidade que fica distante do aeroporto, rodoviária e do centro da cidade, mais conveniente seria o estádio do Morumbi que pertence a São Paulo Futebol Clube, pois fica na área nobre da cidade e mais próxima do centro, aeroporto e rodoviária. Tudo isso que estou falando trata-se de uma coisa, o deslocamento, a FIFA (Federação Internacional de Futebol Amador) quer que as cidades – sedes tenham uma estrutura para garantir o deslocamento fácil, eficiente e ágil para os torcedores/turistas nos dias de jogos. Esse é um dos principais requisitos exigidos pela entidade aos países pretendentes em sediar um mega evento. São Paulo tem o problema crônico acerca dos transportes e trânsito, o estádio do Morumbi fica próximo a metrôs, ônibus e outros meios que foram citados anteriormente, e era forte candidata para sediar o evento inclusive a abertura, enquanto o futuro estádio Itaquerão fica distante destes recursos de deslocamento.
Porque o Morumbi não foi escolhido? Aqui no Brasil o que prevalece são as relações de interesses e amizade, que é denominado de nepotismo e tráfico de influência que resulta em patrimonialismo, clientelismo e troca de favores, prevalecendo à ordem pessoal e privada nas questões públicas de interesse a sociedade.
Os dirigentes do São Paulo têm fortes desavenças com o presidente da CBF por causa dos escândalos de corrupção que o envolve e os constantes prejuízos ao clube paulista nos jogos, no caso do roubo de arbitragens, enquanto o Andrés Sanches hoje ex-presidente do Corinthians é amigo do Ricardo Teixeira e forte aliado na entidade, devido a isso, o estádio do Morumbi foi vetado pelo presidente da CBF o direito de sediar a copa e o jogo de abertura.
Como o Corinthians conseguiu dinheiro do governo federal para construir o seu estádio? Corinthians não tem estádio, tem o Pacaembu que é da Prefeitura da Cidade de São Paulo que eles se intitulam como donos pelo fato de realizarem os seus jogos como mando de campo, é que nem o outro time que fica no Rio pelo qual prefiro nem citar o nome, também não têm estádio, se intitula o dono do Maracanã porque realizam os seus jogos como mando de campo, mas na verdade o estádio pertence ao Governo do Estado do Rio de Janeiro.
O Andrés Sanches como poucos sabem, é filiado ao PT (Partido dos Trabalhadores) que está à frente do governo federal desde a eleição do Luís Inácio Lula da Silva a Presidência da República em 2002, sendo que este é corintiano, amigo do ex – presidente do Corinthians, principal apoiador do governo ao projeto da CBF junto com Ricardo Teixeira em sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas do Rio do Janeiro de 2016 junto com o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) através do Carlos Arthur Nuzman que é presidente da entidade.
E foi justamente em seu governo que o clube paulista conseguiu tirar do papel o projeto de estádio que durava a milhões de anos (sendo que o clube tem apenas 102 (e no seu centenário não ganhou nada) anos existência), e o clube não está tirando um centavo sequer dos seus cofres para a construção deste empreendimento, quem está tirando são os torcedores do Palmeiras – SP, São Paulo – SP, Santos – SP, Vasco da Gama – RJ, Flamengo – RJ, Botafogo – RJ, Fluminense – RJ, Grêmio – RS, Internacional – RS, Atlético – MG, Cruzeiro – MG, Remo – PA, Vitória – BA, Atlético – PR, Coritiba – PR, Avaí – SC, Figueirense – SC, Penarol – AM, Nacional – AM, Bahia – BA, Sport – PE, Náutico – PE, Santa Cruz – PE, Atlético – GO, Goiás – GO, Vila Nova – GO, Paysandu – PA, Sampaio Correia – MA, Moto Club – MA, River – PI, Brasiliense – DF....
É um escândalo que a grande mídia leva como uma normalidade, porque a Globo não faz esse questionamento ou denuncia? Como disse anteriormente, a emissora tem interesses na CBF que vai além do monopólio em transmitir os jogos de campeonatos organizados pela entidade, o ex – jogador de futebol Ronaldo Nazário, mais conhecido como Fenômeno, que encerrou a carreira no Corinthians é sócio da emissora carioca, sócio do clube em que encerrou a carreira, amigo do Andrés Sanches que é cotado num futuro breve a presidir a CBF, um dos membros da diretoria na entidade, um dos organizadores da Copa do Mundo, amigo do Ricardo Teixeira (ex – desafeto), empresário de alguns jogadores como o Neymar e cotado para ser presidente do Corinthians futuramente. Devido a essas relações de interesses, não é interessante para emissora fazer qualquer denúncia contra a entidade e as pessoas que a dirigem.
O Secretário – Geral da FIFA Jérome Valcker, fez a declaração que o Brasil deveria levar o pontapé na bunda. O governo brasileiro através do Ministro dos Esportes Aldo Rebelo repudiou a declaração.
A meu ver, o secretário da entidade falou simplesmente o que é notório e alvo de críticas até mesmo do jogador que foi campeão da Copa do Mundo de 1994, artilheiro da competição e eleito o melhor jogador do mundo no mesmo ano e hoje Deputado Federal pelo Estado do Rio de Janeiro, o Romário, que faz duras críticas acerca dos atrasos das obras, falta de transparência dos recursos que estão sendo gastos e a falta de fiscalização dos órgãos competentes no caso o TCU (Tribunal de Contas da União), Polícia Federal, Ministério Público Federal e outros órgãos, e tem fortes desavenças com o Ricardo Teixeira na qual faz os virulentos ataques, dirigentes de clubes de futebol e até o próprio Edson Arantes do Nascimento, o Pelé.
Sem mencionar as greves de operários que paralisaram as obras em algumas cidades – sede, principalmente a do Maracanã, o poder judiciário como sempre, age contra os trabalhadores e sendo coniventes com as péssimas condições de trabalho, baixa remuneração e a exploração feita pelos patrões das empresas/empreiteiras que estão executando os serviços pagos pelo Estado que também não se importa a mínima com a situação dos operários nas obras.
A Copa do Mundo será aqui no Brasil, mas não para os brasileiros, a começar pelo preço dos ingressos que serão o absurdo, porque para a FIFA não é interessante a meia entrada e muito menos a redução dos preços, porque o que importa para a entidade são os altos lucros durante o evento, por isso é a queda de braço do governo federal com a entidade em querer garantir ao menos os preços acessíveis aos que não tem tanto poder aquisitivo, mas não pode se iludir tanto com essas ações do governo, apesar de ser bem intencionado.
No Rio de Janeiro e outras cidades – sede que irão acontecer os jogos, as empresas imobiliárias estão de olho para fazer as especulações no intuito de supervalorizar as áreas e as regiões que ficam entorno do estádio que ocorrerá os jogos pra elevar os preços dos imóveis.
Bairros habitados pela população mais pobres serão constantemente vigiados por policiamento ostensivo, não é toa que o Governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral está implantando as UPP`s (Unidade de Polícia Pacificadora) nessas localidades, incluindo as favelas e os morros.
A copa não será dos brasileiros, será para a classe política que usará como palanque político, dirigentes de grandes clubes de futebol e principalmente das cidades – sede, empresários, empreiteiros e especuladores que irão faturar alto com o mega evento, independente se o Brasil ganhará ou não a Copa do Mundo, mas se ganhar é mais lucrativo para eles, isso é óbvio, e ao pobre restará como nas copas anteriores. O falso patriotismo ou patriotismo de chuteiras que serão vistos nas ruas, praças, avenidas, casas com as cores verde e amarelo com a imensa TV no meio da casa ou na rua para torcer para seleção brasileira com as pessoas enfeitadas e vestindo a caráter, em que o país inteiro vai parar pra assistir os 90 minutos nos dias de jogo do Brasil (contra a corrupção o país não para e o povo leva com naturalidade esse grande problema que atinge nós todos e sentimos no dia a dia, como a falta de atendimento médico em hospitais públicos que as pessoas morrem na fila), mas se perder, veremos um velório ou ambiente fúnebre a céu aberto com muitas bandeiras rasgadas e jogadas ao chão e o sentimento de vergonha de dizer que é brasileiro, mas se ganhar, o país inteiro entrará em festa com o carnaval fora de época e decretado no dia seguinte o feriado nacional para saudar os “heróis” do título.
Isso é possível, porque a seleção do Mano Menezes ainda não montou a base, o Neymar e o Paulo Henrique Ganso ainda não mostraram de fato o futebol que mostram no Santos, e recusa a colocar em campo os jogadores que estão vivendo a ótima fase no momento em seus clubes, como o Dedé do Vasco e Willians do Flamengo, por exemplo, na insistência em valorizar e priorizar os jogadores que atuam na Europa.
Enquanto as seleções como a Espanha, Alemanha, Uruguai e Argentina já tem a base montada, e são favoritas ao título. Messi está vivendo um momento invejável pelo Barcelona, imaginem ele com o talento que tem em plena copa aqui no Brasil? A seleção espanhola (campeã da Copa do Mundo na África do Sul em 2010) é praticamente o time do Barcelona, porque a maioria dos jogadores atua no clube, que no momento o clube catalão é praticamente imbatível, pelo qual nem o Santos do Neymar (na final do Mundial de Clubes 2011 levou a surra de 4 a 0) e o Real Madrid do Cristiano Ronaldo conseguiram derrotá-lo (os últimos confrontos entre ambos só tem dado o Barça), e tem conquistado quase tudo nos últimos 5 anos.
Imaginem a final Brasil e Argentina ou a Espanha (principais jogadores do Barcelona estão na seleção) no Maracanã com o Messi no auge do seu talento futebolístico ou Barça vestindo a camisa da Espanha com os seus jogadores?
Eu ficarei feliz com o fiasco dessa copa do mundo aqui no país e principalmente se a seleção perder na final, de preferência para a Argentina do Messi e Cia. Imaginem a humilhação relembrando a Copa de 1950 na final do Maracanã ao ser derrotado pelo Uruguai?
A Copa do Mundo dirá se o Brasil tinha condições ou não de realizar o mega evento, e ver o nosso dinheiro público ser jorrado pelo ralo ou no bolso dos corruptos.