quinta-feira, agosto 11

Sagat e a gangue da bota preta em Londres

Confronto generalizado em Londres. A violência na região britânica subverte a tradição histórica da terra da elegância e dos bons modos. A polícia, sociólogos e políticos procuram um responsável. Até uma menina de 11 anos foi responsabilizada. Eu tenho uma teoria: a de que a extinta gangue da bota preta foi para Londres.

Para quem tem menos de 20 anos pode até ser que o caso da gangue não lhe diga nada. Mas a nós, companheiros balzaquianos, que na década de 90 sabíamos de cor todas as narrativas de Gabriel O Pensador, que curtia se drogar com a suposta presença de cocaína nos chicletes e tatuagens adesivas vendidas na porta das escolas, que tinha a opção de ‘gazear’ aula para se aventurar em alguma matinê no Cine Passeio, que abria o apetite antes do almoço se lambuzando com o recheio de doce de leite do churros quente enquanto fazia algazarra até o ônibus ‘escolar’ Cohatrac-João Paulo chegar e fazer coro nos refrãos dos pagodes e dos gritos de guerra contra ‘pipira azul’, ‘bananas de pijama’, ‘periquito verde’, entre outros, você com certeza vai se lembrar da gangue da bota preta.

Reza a lenda que, nos finais da tarde, eles apareciam na porta das escolas para promover a balbúrdia e assustar as moças virgens. Mamilos arrancados com canivete. Psicopatas com seringas contaminadas com o vírus da Aids. Confrontos entre galeras. E um grande personagem central que desafiava autoridades e exibia sua marca nos prédios mais altos da cidade: o terrível SAGAT. Homenagem ao personagem dos jogos de videogame, outra mania da época.

A marca de SAGAT estava pichada em quase todos os muros da cidade. Entre as meninas, o tesão em conhecer e ser a namorada do terrível pichador. Entre os rapazes, o desafio de quem conseguiria ir além dos limites do personagem invisível.

Nunca vi, nem em reportagem policial, nem nos programas locais matutinos uma foto, imagem ou fato vinculado ao SAGAT. Até hoje ele permanece no meu imaginário adolescente. Imaginava-o menino doce e magricela, com algumas tatuagens feitas com caneta bic e olhar agressivo e assustado.

Qual destino ele teve ao longo dos anos? Será um pastor evangélico? Será um agente penitenciário? Será um agente educacional da FUNAC? Será bandido, artista ou pai de família? Será ele um dos leitores anônimos deste blogue?

Quem souber o paradeiro ou foto, comente.

NOVUELA MEXICANA



Como seria o fim de uma novela que começou com um pequeno romance de vitrine, depois uma despedida forjada pela guerra, em seguida, um casamento, um filho e um retorno inesperado daquele que havia morrido, mas que o drama foi capaz de ressuscitar? Parafraseando Nelson Rodrigues, o amor não interessa a ninguém se perfeito, logo, todo o mérito de um belo amor fictício, deve-se à figura do antagonista, ele, sim, capaz de tudo para ter o que deseja, para obter aquilo que não conseguiu pela espontânea conquista. Ah! Isso excita senhores! É o antagonista que faz o clichê ser dinâmico, embora clichê; é ao vilão que devemos o sucesso de uma paixão irrisória, inocente e, portanto, inofensiva. Por esta razão, que Henrrrique, possuído por uma febre insana, seqüestra o filho de Manuelo e de Firmina e parte só deus sabe pra onde.  

Parte V – Do outro lado da linha

ELA – (Soluçando) Manuelo!

ELE – (Abraçando-a) Firmina!

ELA – (Chorando baixo) Manuelo...

ELE – (Deslizando a mão pelas costa da mãe desesperada) – Firmina...

ELA – (Sentindo um arrepio e o corpo mais quente. Tenta afastá-lo) – Manuel...

Ele a beija. Um policial entra.

SARGENTO ANGEL – Firmina?


ELA – Policial!

ELE – Manuelo Junior?

O policial maneia a cabeça, num gesto negativo.

ELA – (Caindo no chão. Gritando) Manueluzinho! Manueluzinho!

SARGENTO ANGEL – (tentando acalmá-la) Firmina...

O telefone toca. Manuelo atende.
ELE – (Assustado) Henrrrrique!!!

ELA – (levantando-se num ímpeto) Manuelo Junior!

SARGENTO ANGEL – (Contendo-a) Firmina!

Manuelo desliga o telefone

ELA – Manuelo?

Manuelo vai rumo a porta
ELA – Manuelo!?

Manuelo sai de cena

ELA – MANUELO!!!

Continua...