terça-feira, fevereiro 26

Carnaval maranhense tipo importação



O governo do estado pela excelentíssima governadora Roseana Sarney é bem avaliada em seu governo quando se trata de eventos culturais patrocinado pelo próprio governo, com direito a vinda de bandas e artistas nacionais, foi assim nas festas dos 400 anos de São Luís e fim de ano no ano passado (2012).

E tem sido assim nos últimos anos, principalmente com o carnaval maranhense, especialmente na capital, entretanto, o governo do estado resolveu fazer o inverso neste ano (2013) ao contratar bandas e artistas de outros estados.

Nada contra a apresentação do Jorge Benjor, Diogo Nogueira e Timbalada, no que eu quero colocar aqui é que o nosso carnaval é rico e bem diversificado, e devemos valorizar artistas locais e coisas que é bem nosso.

Esses artistas que foram citados, já se apresentam praticamente o ano todo aqui em São Luís, o Timbalada então... e mais uma vez os artistas maranhenses ficaram renegados, e pior, em pleno carnaval onde temos bandas, blocos e artistas locais que animam e compõem muito bem as músicas carnavalescas.

Eu curti o carnaval da cidade num domingo e de certa forma me arrependi, no que vi foi o imenso palco para apresentação de artistas e bandas que foram citadas, a localização do palco para os shows esvaziou e tirou o foco da apresentação de blocos que estavam apresentando paralelamente.

Em razão disto, no único dia que sai de casa para brincar o carnaval, não vi os blocos Jegue Folia, Confraria do Copo, Vagabundos do Jegue e outros, o único bloco que eu vi passar foi o GDAM (Grupo de Dança Afro Malungo) que agrega o público regueiro, que estava se apresentando na rua do Passeio paralelamente ao show que estava sendo apresentando na praça Deodoro no palco montado com a banda Timbalada, e obviamente os foliões ficaram mais concentrados na praça.

Em virtude da apresentação que vi, o carnaval deste ano teve o gosto amargo em relação aos anos anteriores. Já basta o “finado” Marafolia e shows o ano todo, e ainda temos que aceitar bandas e artistas de fora para tocar em pleno carnaval? Um total desrespeito aos artistas locais, os que tocaram no palco da Praça Deodoro, como Alcione e Bicho Terra, por exemplo, são aqueles que fazem parte do grupo político de a ou b que estão no governo do estado, e os que não são foram se apresentar paralelamente nos circuitos carnavalescos com o público reduzido e outros nem sequer se apresentaram.

A montagem do palco na Praça Deodoro para apresentação dos artistas forasteiros de certa forma esvaziou e tirou o foco em outros locais, como a Madre Deus e o CEPRAMA, por exemplo, que fez os foliões se concentrarem praticamente na Deodoro.

O que é lamentável, porque temos grandes blocos como a Bandida, Máquina de descascar alho, Bicho Terra, Esbandalhada e tantos outros. O governo do estado já fez carnavais bem melhores, mas este ano resolveu desfazer o bom carnaval.

Em Pinheiro – MA que é considerado a ter o melhor carnaval da baixada maranhense, tem o repertório de bandas e artistas vindos da Bahia e Ceará que tocam que axé e forró (forró elétrico no período carnavalesco) respectivamente, resolveu nos últimos 3 anos dar espaço a artistas e bandas da cidades, o grande exemplo é a banda Tricha, um grupo de 3 homens que usam o repertório de artistas reconhecidos nacionalmente e mundialmente e interpretam de uma forma irreverente com letras referente a homossexualidade e se apresentam durante o período carnavalesco travestidos de mulher com personagens fictícias e com o papel de gays, é daí a origem do nome da banda, As Bichas ou Trichas (nome de fato da banda).

Essa banda se tornou referencia no Carnaval de Pinheiro – MA, e uma das atrações principais junto com as bandas da Bahia e Ceará com o axé e forró, abrindo cada vez mais espaços a bandas e artistas locais que consequentemente poderá ofuscar futuramente as bandas baianas e cearenses no período carnavalesco.

Daí você o lado inverso, o poder público da cidade de Pinheiro que sempre contratou bandas de fora para o carnaval da cidade, agora está contratando e dando espaço a artistas e bandas locais, enquanto o governo do estado aqui em São Luís resolveu neste ano contratar bandas e artistas de fora, ofuscando os artistas e bandas da terra.

São Luís está longe de ser a rota de turistas brasileiros e estrangeiros principalmente para curtir o carnaval no Brasil, como Olinda – PE, Ouro Preto – MG, Recife – PE, Rio de Janeiro – RJ e Salvador – BA, por exemplo, que recebem a transmissão de todas emissoras do país e fora do país, recebem investimentos de grandes empresas como a Ambev (Antarctica, Brahma e Skol), Bradesco, Schin, Tim e outras empresas, ou seja, essas cidades citadas não recebem patrocínios apenas do poder público, mas também da iniciativa privada, o que não é pouco por sinal.

As escolas de samba do Rio de Janeiro – RJ e São Paulo – SP recebem patrocínios de grandes empresas, principalmente as que foram citadas anteriormente, a participação do poder público é apenas o complemento, porque muitas dessas escolas já andam com as próprias pernas e tem renda própria que muitas delas faturam não só apenas durante o carnaval, mas também o ano todo.

O que é totalmente oposto aqui em São Luís e nas cidades maranhenses, em que o poder público, seja municipal ou estadual, é 100% do patrocínio para a realização das festas carnavalescas, e nós sabemos perfeitamente como é a nossa classe politica maranhense, e é justamente a classe politica na sua grande parcela de culpa é que não contribuiu em nada para a cultura do nosso estado. E quando contribui, sempre pensando no viés politico e eleitoreiro de forma clientelista.

O carnaval de São Luís que já foi considerado entre os melhores do Brasil, poderá de vez ir a falência, o fofão que é o principal personagem e símbolo da cultura carnavalesca do nosso estado, está sendo substituído por axé, forró elétrico, frevo e outras culturas que são de fora. O que é lamentável e ao mesmo tempo um insulto e desrespeito aos artistas, bandas e o próprio fofão daqui da terra.

Como diz o refrão de uma música:
“Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar...”
Não deixemos o carnaval maranhense morrer e muito menos o fofão.