sábado, abril 13

O Canto dos Malditos - Tom Zé


                                                                  Estudando o Samba
Por Natan Castro

Em nada se parece a música de Tom Zé com aquilo que é produzido em termos musicais no Brasil hoje, muito menos antes. Baiano do sertão de uma cidade chamada Irará, na adolescência Tom Zé vai com a família para Salvador e inicia o ginásio, logo em seguida começa a estudar violão e mantém contato com Escola de Música da Universidade Federal da Bahia. Reza a lenda que caiu como uma luva as informações obtidas lá com os mestres Walter Stemak e principalmente o dodecafonista Joachim Koellreutter. A forma de pensar a composição e a interpretação à época teria criado forma depois das aulas na Escola. Logo depois a convite de Caetano e Gil vai para São Paulo e participa do cerne do tropicalismo, chega a participar do álbum símbolo do movimento, ainda em 1968 ganha o IV Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, com a canção "São Paulo, Meu Amor".

Com a ida de Caetano e Gil para o exílio Tom Zé estava na turma que ficou no Brasil, porém por produzir uma música extremamente anticomercial foi aos poucos caindo no ostracismo. Mas a produção de álbuns sempre na mesma linha iconoclástica continuou a todo vapor criando clássicos como (Estudando o Samba), (Se o acaso é chorar). Foram quase duas décadas no esquecimento para no final dos anos 1980, quando da passagem do músico vocalista e mentor da lendária banda nova-iorquina Talking Heads no Brasil, o mesmo recebeu de um amigo brasileiro um vinil do álbum (Estudando o Samba) e se mostrou impressionado pelo talento do baiano, logo em seguida saia nos E.U.A toda a obra de Tom Zé remasterizada em CD. Sucesso de público e critica através do E.U.A o Brasil redescobre Tom Zé. Dizem alguns que na época Tom Zé era gerente de um posto de gasolina e havia desistido de continuar com a carreira, em 1998 Tom Zé lança (Com Defeito de Fabricação) aclamado pelo New York Times como um dos melhores álbuns do ano. O baiano tem cadeira cativa na academia brasileira dos artistas Malditos da MPB, por fazer música para se pensar não importando se será feita com ajuda de violões ou liquidificadores, para Tom Zé o que importa mesmo é a arte.