terça-feira, maio 29

Velha nova Marca


Ilustração de Tammys

Sempre tive o hábito (ou mania, chame como quiser) de me observar por longos instantes no espelho, principalmente antes de entrar no banho. É importante conhecer a si mesmo: apenas eu e meu reflexo. Corpo e mente.

Mas eu me pergunto: realmente me conheço?
E a resposta veio outro dia quando eu fui surpreendido enquanto me observava após ter cortado o cabelo e, num baque, descobri uma marca fincada em minha testa. Uma suave lembrança que a catapora me deixou... Durante quantos anos ela esteve lá, escondida, fazendo parte de mim sem ao menos ser notada?
Nos meus cálculos, uns dezesseis.

A Lambida


Ilustração de Diego 

Foi assim que a conheci: carente, precisando de companhia. E lá estava eu, na hora e no local certo. Foi uma espécie de amor a primeira vista, pelo menos assim queria eu entender, no entanto, sabia que seria muito difícil que ela gostar de mim, embora não fosse impossível - a realidade pode ser dura, mas tem seus caprichos, vez ou outra se maquia de sonhos para sair escondida...

“Vou tê-la pra mim”, disse convicto, mesmo que seja contra a sua vontade, mesmo que não ame, mesmo que não se agrade da idéia. Ela será minha, pois, tratando o meu amor como um fato concreto, não preciso de uma recíproca, uma vez que tudo que preciso já foi constatado. Portanto, empiricamente, em outros termos, mais cedo ou mais tarde, ela iria gostar de mim. Disso eu tinha certeza. Basta ela saber que eu sou o grande amor da vida dela. Se ainda não me ama é por façanha da ignorância. Coitada, ela não tem culpa...