segunda-feira, abril 30

Lamentos


Segunda feira (23 de abril) morre o jornalista DÉCIO SÁ, é conhecimento de todos que ele era ligado ao grupo político (família SARNEY) que governa o nosso ESTADO, e fazia um tipo de jornalismo que servia aos interesses desse grupo político.


E esse fato bárbaro contra o mesmo não deve só ser repudiado, mas também investigado com todo rigor pelas autoridades. Eu era o leitor assíduo do seu blog, lia para saber do que ocorre na política maranhense e também que do falam e pensam o grupo político pelo qual ele era o porta-voz da imprensa maranhense.

Mesmo com a postura política repugnante, que eu mesmo discordava, é inegável que ele tinha muitas informações e sabia demais. Era dele as denúncias vindas da Assembleia Legislativa principalmente sobre os altos salários dos deputados que foram repercutidos no programa da Rede Globo aos domingos no Fantástico.

E as últimas antes de sua morte trágica, havia dado a cobertura sobre o envolvimento de funcionários do Tribunal de Justiça em atos de corrupção e foram presos e também sobre o julgamento de pistoleiros que seriam julgado na morte de um líder camponês no interior do Maranhão.

Décio Sá fazia muitas denúncias de corrupção em todas as esferas da sociedade maranhense, que ia do Legislativo atacando inclusive os aliados da governadora, do Executivo onde alguns secretários da governadora eram criticados, do Judiciário, empresarial e outras esferas.

A Vale, alguns empresários (quem não lembram do caso de um empresário que foi acusado de pagar 1 milhão de reais a um deputado que levasse o projeto de lei que acabou sendo aprovado pela Assembleia Legislativa do Maranhão que dava a concessão da derrubada dos babaçuais pra beneficiar as grandes construtoras como a Franere, por exemplo, para construir edifícios/condomínios?) eram alvo de denúncias.

Ele fazia fofocas na vida pessoal de muitos políticos e empresários, no qual era chamado de Décio “Rubens”, essa atitude incomodava muita gente, até mesmos os próprios aliados do grupo Sarney.

Não se trata aqui de defender um jornalista-sarneista, mas alertar mais um atentado contra a imprensa do nosso estado como também em todo o mundo, o mesmo era blogueiro além de jornalista, como todos nós sabemos, os blogs tem influencia muito significativa da nossa sociedade e principalmente na formação de opiniões e fazer um debate acerca de qualquer assunto desde que surgiu a internet e a popularização dos últimos anos.

E espero que esse crime seja elucidado, não só do Décio Sá, mas também todos os jornalistas independentes de posicionamento político e ideológico e de líderes como FLAVIANO PINTO NETO (líder quilombola que foi assassinado no povoado do município de São Vicente de Ferrer por pistoleiros).

Deixo aqui a minha SOLIDARIEDADE e REPÚDIO a esse crime bárbaro que afronta a liberdade de expressão, opinião, pensamento e denunciar o que é de interesse a toda sociedade.

domingo, abril 29

Zodiaco Da Depressão I



Áries – Vai ganhar um carro numa promoção das Lojas Americanas e vai convidar todos os amigos pra beber e bêbado vai atravessar o sinal vermelho a 200km/h e atropelar um pedestre.


Touro – Vai Passar o domingo todo trabalhando deixando cervejas e trazendo além de odiar um cara bêbado dizendo que é o cara mais sortudo do mundo.


Gêmeos – Vai está numa praça arborizada praticando o desapego quando vai receber uma SMS no seu NOKIA e pensará três vezes e dicidirá ir beber com o amigo e ainda mais curioso pra ver seu carro novo.


Câncer – Passará o dia todo limpando a casa sonhando com seu novo FICA super sexy com a TV ligada quando vai sentar pra ver o TELEJORNAL e chorar copiosamente pela violência no TRÂNSITO.


Leão – Estará numa  mesa de bar falando de si mesmo pra quem quiser ouvir ou não e vai elogiar CEM vezes a cor vermelha reluzente do carro do amigo do amigo.


Virgem – Passará o dia todo metodicamente fazendo e refazendo as contas de quantas grades de CERVEJA vendeu nesse DOMINGO.


Libra – Estará sentado PASSIVAMENTE numa mesa de Bar só ouvindo e sorrindo da conversa dos amigos e do CARRO novo e concordando com tudo e bebendo de GRAÇA.


Escorpião – Estará com seu amor numa DR (Discussão de Relacionamento) quando esta sairá correndo pela avenida e é atropelada por um carro a 200Km/h por um bando de macho dentro que sai em fuga sem prestar socorro. Se sente o cara mais infeliz e culpado do mundo e pula do prédio do MINISTERIO DA FAZENDA.  


Sagitário – Estará como sempre engraçado numa mesa de bar contando piadas de futebol veados e mulheres e bebendo CERVEJA de GRAÇA e adorar e apoia a idéia de um amigo de ir à praia.


Capricórnio –  Estará feliz e muito super hiper cansadíssimo com seu novo emprego como garçom num BAR no período da NOITE.


Aquários –  Estará super feliz entre fungadas numa mesa de bar e vai propor ao seu melhor amigo que ganhou um CARRO para VOAREM até a praia mais próxima e continuar a DANAÇÃO.

Peixes – Depois de um DR (discussão de Relacionamento) com seu AMOR super sexy por ele ter o traído POR uma garota "chorona do signo de CÂNCER" e vai atravessar uma avenida ANGUSTIADA e DISTRAÍDA e ser atropelada por um CARRO a 200Km/h. 

Cena Expandida: interferências de mídias e multimeios no discurso poético da Cia Phila 7.


RESUMO

O presente trabalho consiste na investigação dos impactos de plataformas tecnológicas diversas nas encenações teatrais contemporâneas, tendo como objeto a poética da Cia Paulistana Phila 7 e seu trabalho de maior efeito, a série de espetáculos “Play on Earth”. Para este exercício, a pesquisa resgata as contaminações no teatro pelas tecnologias, observando experiências do cenário mundial, e respaldando-se nos fazeres de grandes encenadores e a maneira como estes potencializam os seus discursos cênicos de maneira contextual desde a metade do século XX até a atualidade. O trabalho busca ainda interagir o pensamento de importantes teóricos das artes cênicas com pensadores da sociologia e filosofia contemporânea para perceber como se dá a reação do fazer artístico no território do teatro em suas especificidades com os paradigmas da contemporaneidade como a internet e tecnologias digitais.

Palavras-chave: Teatro, Plataformas Tecnológicas, Contemporaneidade, Internet.


ABSTRACT

The present work is trying to investigate the impacts of various technology platforms in contemporary theatrical performances, getting as object the poetic of a São Paulo‟s theater company called Phila 7 and its more effective work, the series of shows "Play on Earth." For this exercise, the search retrieves contamination by technology in the theater watching experience on the world stage, and backing on the doings of great directors and how they leverage their speeches so scenic context since the mid-twentieth century to the present . The work also seeks to interact thinking of major theorists of the arts and sociology and also thinkers in contemporary philosophy to see how the reaction occurs in the territory of making art in their specific theater with contemporary paradigms like the Internet and digital technologies.
Keywords: Theatre, Technology Platforms, Contemporary, Internet.



Sousa, Janailton Santos de

Cena Expandida: Interferências de mídias e multimeios no discurso poético da Cia Phila 7 / Janailton Santos de Sousa – São Luís, 2011

f. (50 folhas)
Impresso por computador (fotocópia)
Orientadora: Fernanda Areias
Monografia (Graduação) Universidade Federal do Maranhão, Curso de Teatro, 2011.
1. Mídia – Teatro. 2. Plataformas tecnologia 3. Tecnologia – Teatro.

I. Título
CDU 792.94

Download

sexta-feira, abril 27

Houston


Bom Apetite


Foi um dia comum como qualquer outro, as mesmas praças, mesmas pessoas e o mesmo clima de sempre. Nada era tão novo que desrespeito ao ingênuo semblante da cidade de São Luis. Confesso que ganhei o hábito de beber, mas não beber por beber, cada gole de álcool tem o seu devido pensar filosófico, um olhar de mudança, como um jovem pobre; cheio de sonhos preciosos que se mantém vivo as recordações da infância.

Repetem as más línguas que no inicio do mundo havia um olho azul mergulhado no fundo do mar, olho este pertencente a uma alma feminina entrepostas entre as falanges dos corais marítimos, e o homem que o encontrar torna-se valente de todos os homens, verdade ou mentira, tenham certeza amados leitores o medo fora quebrado e a imortalidade está a um passo, entretanto essa singela narrativa não nos convém falarmos, ponha atenção nos fantasiosos ditos transcritos para o papel. Grande conquista soa a voz da verdade. Medo e suas letras formam mais uma vez o duelo de existência, cavalga a noite e meu passo continua lento, mas uma vez em busca do inevitável, da a sensações que foram só sensações, nunca antes o álcool me dera tanto prazer, nunca antes sentir prazer onde não há prazer, em busca de prazer minha boca se traduz. Como podem ver, estou à inércia desta existência, meu tempo torna-se cada vez ainda mais atemporal. Corram para as salas, liguem as TVs, mandem recados..., voltei! E sofro por não sofrer. Minha voz escapa... , preciso fugir onde me encontrem, sou mal, frio..., amo as novelas e os programas com prostitutas..., que se foda! Essa é a minha vez..., descarregar palavras sem pensar nas suas ações e seus tormentos..., em meio às flores surge Maria, mulher doce, de nariz fino, sempre tive certeza que mulheres de nariz fino tinham bom sexo, olhar castanho puxado para o azul! Quem é está? De onde vem?


- Italiana, ela disse...

Estava desde as sete da noite aprofundando meus pensamentos com um amigo escritor, entre cervejas e cigarros exorcizávamos nossos demônios. Seu nome e bastava, Maria, ela disse, sentou-se a mesa com seu namorado..., bebíamos e conversávamos... , os olhares entre eu e Maria tornavam-se mais constantes! As conversas ganhavam forma e cores, nada me parecia tão singular, o olhar frenético e o dilatar de seus lábios ganhava o enroscar de minhas pernas, o fato de não tomar uma atitude de imediato é devido ao fato de seu namorado está ao meu lado direito, o que se diga de passagem não pareciam tão namorados assim, o sexo entre eles devia ser raridade, continuava eu a imaginar-la sem roupa com seus lábios beijando meu peito e indo direto ao meu membro sem timidez, hora ou outra escutava e treinava meu italiano ainda muito fraco. Com grande esforço de aprendizagem autodidata. Ações simultâneas ocorriam envoltas da mesa, cervejas e mais cervejas, tomavam a mesa, o olhar de Maria tornava-se mais intenso sobre o meu, comia-me com os olhos como se fosse uma cadela em cio, meu corpo gozava de tanto imaginar seu rosto coberto de desejo.

- Parabéns pela apresentação, disse.          
- Obrigada, com o português típico de um estrangeiro, meu amigo escritor e o namorado de Maria logo ganharam amizade; riam de tudo, conversávamos aos berros, Maria e eu fazíamos amor somente no olhar, o gozo da italiana parecia vibrante grande de mais para quatro paredes. Excitação, seus dedos entre o copo me dava, a queria ali mesmo encima daquela mesa, com todos em volta a nos olhar.

- A sua também foi ótima, ela disse.
- Que bom que gostou, respondi completamente tímido. A verdade é que eu e Maria já havíamos nos conhecidos, nos apresentamos juntos na noite anterior em um teatro da cidade infelizmente o tempo não nos deixou nos aproximar, mas o olhar vele- jante de Maria escorria sobre meu corpo...

A conversa da mesa de bar continuava, sem pressa a noite ia embora, a vontade de ir para casa havia passado. Preocupava-me somente que aquelas seriam as derradeiras horas da linda italiana aqui na cidade. O presente fato que obtive em minhas andanças de vida é que a mulher pode obter o prazer com um homem sem entregar sua alma para ele, o momento da copula, a eternidade limitada natural do desejo equivale ao pequeno suicídio, individual e depressivo. As inertes horas de posições, beijos, carícias e gemidos resumem-se em apenas três segundos da pré-morte: a respiração pára e o corpo gela; individual, sozinho e mais nada. Entretanto, o olhar perfurante da ragazza movimentava a atmosfera do ambiente, os sinais eram visíveis até demais, os lábios finos secavam a cada segundo que antecipava nosso sexo.

- Tenho que ir não me sinto muito bem, disse meu amigo escritor.
- O que te passa, disse o namorado de Maria.
- A boemia tem me custado o estomago, e os pulmões pressentem a minha deixa.

O belo italiano não compreendeu o sentido das palavras que o escritor disse, mas fez o favor de se fazer-se compreender.

- Melhor ir se não tiver bem, completou Maria.
- Não, já tive noites piores.
- O mundo traz a sina, exclamei.
- A sina traz o mundo, acrescenta o meu amigo escritor.

De certa forma para o poeta a noite é sua amada perfeita, seu chapéu; o templo de sabedoria, sua sabedoria; seu deslize último e verdadeiro. O que preenche as lacunas efêmeras da solidão é o perceber da obra que ganhou vida, perfurar com palavras desejando a imortalidade. Imortalidade que não vale mais nada nos dias de hoje, levando-se em consideração a realidade pela qual a sociedade vive uma fábula afirmando-se somente na aparência e no recado informativo, então de que valeria o surgimento de novos boêmios de nossa era? Somente por lembrança. E nada mais, em outras palavras o herói está morto e seu luto profanado. De nada mais vale estas e noites e está embriaguez, o sentido de tudo isto caminha para o vazio, a menstruação arrependida guardada pela puta virgem em seu deleite de ética e moral. Fedendo assim caminha o aparente mundo social destas personagens que atuam em busca do exagero construindo o material da ilusão religiosa esperando o advento do status. Neste liquidificador ao fundo do esgoto onde se encontra a reciclável sociedade aparece o inimigo indesejável, marginal que rapidamente precisa ser expelido.    

A gostosa conversa entre nós quatro tornava-se ainda mais empolgante, risos frenéticos, reflexões profundas e certezas filosóficas. O que não era tão visível para o meu querido escritor e o belo italiano era que não percebiam o suspiro selvagem de Maria ao perfurar meus olhos, por mais que as mulheres sejam previsíveis, esta possuía uma formula peculiar de me controlar e decifrar meus signos. As cartas estavam lançadas, a decisão era minha de possuí-la ou de apagar de uma só vez a sua existência da memória. O que me perturbava era somente como? Ela lia meus pensamentos.

Cochichou por dois segundos ao ouvido de seu namorado, ele respondeu: Benne. Ela enroscou suas pernas por debaixo da mesa, levantou-se e direcionou-se para as escadas do bar onde estávamos. Era minha chance, logo pensei, deixei que a subisse, fiquei alguns segundos entretendo o tempo com pouca conversa até a coragem suplantar o medo e levar minhas pernas em direção da bela italiana, subi ao seu encalço sem saber para onde este sentido primata me levaria não hesitei e fui. Ao termino das escadas não há avistei, estava errado e sentia-me envergonhado por tanta loucura pensada abrir a porta do banheiro lavei o rosto e contemplei minha derrota. No entanto uma pancada seca abriu a porta, Maria surge igual qual um fantasma sedento de vingança, empurra-me contra a parede e em um só fôlego beija-me, semelhante ao ultimo suspiro de vida de qualquer mortal, não hesitei, retribuir na mesma medida o forte beijo, minhas mãos enroscaram em seus cabelos compridos e escorregavam até suas nádegas. Surpreendentemente para este momento a minha surpresa foi que minha mão firme em seu quadril não lhe agradou, o meu ato lógico foi respondido com uma veemente tapa, e os suspiros secaram ficando apenas o diálogo do olhar quente e faminto da ragazza invadindo o meu, a comunicação estabeleceu um símbolo pelo qual não interpretei. Sua mão direita desceu milímetro por milímetro até chegar a minha calça onde estava meu pênis, desabotoo o zíper ainda com a flecha em meus olhos e segurou com sua mão direita com tanta força como se quisesse arrancar, ajoelhou-se e colheu os colhoes a boca com sua língua, frenética e ofegante abusou–me até minha explosão orgástica, minhas mãos quase que arrancavam seus cabelos, chupou-me como se fosse um mendigo que encontra o pão. O tempo, não contei, se demorou? Não lembro. Ao final de seu prazer direcionou-se ao espelho e do bolso de sua calça vermelha tirou um batom, arrumou seu cabelo e desceu as escadas em direção em nossa mesa. Não tive outra ação, apenas um pênis  vivo, e coragem de gemer. 

Descia as escadas agindo como se nada houvesse acontecido, e por dentro signos de medo a decifrar. Como me comportar à mesa após uma quase cópula com a adjuntora de um dos conhecidos a mesa?Ao final das escadas vejo ao longe com suas mochilas o casal de italianos deixando esta inerte cidade sem olharem para traz.

-Demorou, disse meu amigo escritor. Respondi com apenas um sorriso tremulo entre os dentes. Ele continuou:
-A garota beijou seu namorado e deixou este bilhete para você.
Sentei-me, abrir o bilhete e estava escrito:

“Ora sono bravo ragazzo, vengono a mangiarti”

quinta-feira, abril 26

Um Jornalista com DRT!

Era pra ser apenas mais uma viagem rumo ao show de uma banda preferida para um grupo de meninas que alimentavam uma amizade de mais ou menos dez anos. Embarque no aeroporto em eterna reforma da cidade natal das moças, São Luís-MA, e se é pra falar de embarque e aeroporto não se pode deixar de ressaltar o descaso da gestão local pela população e pelos visitantes desta cidade, esfregado na cara de quem resolvia fazer uma viagem ou desembarcar ali. Isto porque o que um dia foi um croqui de aeroporto, há mais ou menos 11 meses, virou uma tenda que abriga os passageiros antes de embarcarem em um avião, sejam eles da primeira, segunda ou última classe. Na tenda aérea maranhense muito tumulto, mal atendimento por parte dos funcionários da companhia aérea que as moças tinham escolhido para levarem-nas ao tão sonhado e programado show da banda “Los Hermanos”. Mas, atendimentos ruins a parte, a felicidade das meninas escapava a cada flash da câmera que gravava os sorrisos e as brincadeiras que acompanhavam-nas naquela pequena e curta fuga do trabalho e das obrigações que o cotidiano as cobrava.

quarta-feira, abril 25

Ousadia Mental.


Ah se eu pudesse
Ah se eu fosse
Seria anti-hiprocrisia

Destruiria as barreiras
Do preconceito
E construiria fortalezas
Do respeito mútuo

Te respeitam?
Agrada sua cor?
Valorizam seu cabelo?
E sua opção sexual...

Se pudesse
Se pudéssemos
Limpar nossas mentes
Dos preconceitos arraigados
E dos valores ultrapassados

Se fosse Deus
Se tivesse poder
Se pudesse...

Ousaria
Abriria mentes
Tornava-as abertas
Límpidas
Inteligíveis

Abertas sim!
Que sonho
Que idéia
Mas por que não sonhar?

Rio Anil

terça-feira, abril 24

Atropelamento

Personagens
MIGUEL
VELHO ATROPELADO, personagem mudo (ou antes, plangente)
FILHO DO VELHO
FILHA DO VELHO
MULTIDÃO ENFURECIDA
TESTEMUNHA
POLICIAL
Antes de subir o pano, ouve-se o barulho de pneus cantando e de um corpo se chocando contra um veículo. Quando o pano se abre, vê-se uma multidão aglomerada em semi-círculo, de frente para a plateia, ao redor de um Velho caído no chão, sangrando e gemendo. Da multidão vêm gritos de “Ai, meu deus” e similares. O filho do Velho se agacha próximo ao pai para socorrê-lo, mas é impedido por Miguel, que se mete entre os dois.

segunda-feira, abril 23

Universidade?

No fim do mês de março deste ano (2012) através do Ministério da Educação pelo Conselho Nacional de Educação homologou a UNICEUMA (Centro de Ensino Unificado do Maranhão) a status de universidade, nada contra a titulação dada a instituição. Mas que critérios foram exigidos para que dessem a titulação?
O UNICEUMA foi fundada em 1990, é inquestionável que entre as particulares do Maranhão é a mais que oferece uma estrutura acadêmica no aspecto físico-predial invejável (me refiro a do Renascença), superando inclusive a UFMA (Universidade Federal do Maranhão), IFMA (Instituto Federal do Maranhão) e UEMA (Universidade Estadual do Maranhão), mas somente isso.
Alguém conhece algum projeto de pesquisa desenvolvido pela instituição ou alguma outra instituição de ensino particular do Maranhão? UNICEUMA ou alguma outra instituição particular estão longe de serem de fato universidades, porque mesmo com todo o descaso do Estado, governantes e reitores das universidades públicas federais e estaduais aqui no Maranhão ou em qualquer outro estado da federação, ainda são as referencias para os estudantes que querem ingressar por terem o melhor quadro de professores, e principalmente haver inúmeros projetos de pesquisas e extensão que contribui para o desenvolvimento cientifico e tecnológico que beneficia toda a sociedade. E ressaltar que as universidades públicas não forma somente mão de obra qualificada para o mercado de trabalho, mas cidadãos, formadores de opinião e ser críticos.
Nada contra quem estuda ou estudou nas instituições privadas, e muito menos deixar entender de quem estuda seja menos capaz a aqueles que estudam ou estudaram nas instituições públicas. Pelo contrário, isso dependerá do empenho individual de cada um. Porque eu conheço pessoas que não são poucas que estudam ou estudaram nas particulares são bem capacitados nas áreas que se formaram.
Mas uma coisa deve-se deixar bem claro, a única função dessas instituições privadas aqui no Maranhão e também em todos os estado da federação é uma só: vender diploma... Pagou passou... Tá pagando? Tá com diploma em mãos.
No Brasil são pouquíssimas faculdades privadas que tem o tripé que é o ensino, pesquisa e extensão, que são a PUC (Pontifícia Universidade Católica), Mackenzie, Estácio de Sá, FGV (Fundação Getúlio Vargas) e algumas outras. Eu desconheço algum projeto de pesquisa desenvolvido pelo UNICEUMA e outras faculdades privadas no Maranhão, somente alguns projetos de extensão e mesmo assim é pouco e limitado.
As faculdades americanas como Harvard, por exemplo, desenvolvem projetos de ensino, pesquisa e extensão, é comum estudantes pobres que vivem na periferia em cidades americanas terem ingresso nas instituições através das bolsas de estudos e inserir em modalidades esportivas que tenham afinidade e talento, seja o basquete, vôlei, futebol, natação, atletismo e outros, e grande maioria desses estudantes são negros e estrangeiro-imigrantes.
As faculdades privadas como UNICEUMA no caso, até que eu saiba, não desenvolve esses projetos, pois para os mesmos  que importa é dinheiro que os estudantes possam pagar, devido a essa ambição desenfreada, o governo federal criou o PROUNI (Programa universidade para todos) com o caráter de comprar as vagas ociosas dessas instituições pra garantir o ingresso de estudantes pobres que não vêem perspectivas de ingressar nas universidades públicas, pelo fato de não terem o aprendizado comparado aos que estudaram em melhores escolas que em maioria são particulares obviamente. Se não fosse o PROUNI, as vagas continuariam ociosas e os estudantes pobres continuariam na sem perspectivas de estudarem numa faculdade de ensino superior.
Nada contra o UNICEUMA ter agora o status de universidade, mas o Ministério da Educação através do Conselho Nacional de Educação deveria colocar critérios para essa instituição, mas quem sabe agora com essa titulação, que a mesma faz questão de propagar em toda a cidade em outdoors e nos comerciais de TV e rádio que é a única particular do Maranhão ser uma universidade comece agora fazer projetos de ensino, pesquisa e extensão para o beneficiamento não apenas aos estudantes, mas para toda a sociedade maranhense que ainda carece de grandes pesquisadores e estudiosos.
Porque não basta apenas qualificar mão de obra para o mercado de trabalho, mas também cidadãos, formadores de opinião, ser críticos e contribuintes para a mudança de uma sociedade melhor.

Um par de cadeiras e de tênis

Metal Open Air - Amadorismo, Vergonha e Amor ao Heavy Metal.


São Luís, 21 de Abril de 2012.


Desde a manhã da quinta feira, os veículos de comunicação alertavam para cancelamentos de importantes bandas do Head Line do Metal Open Air. Até ai tudo bem esses imprevistos acontecem com todos os festivais, na manhã da sexta feira fiquei sabendo de problemas com a estrutura do festival, devido a algumas reclamações dos Headbangers que lá estavam para o primeiro dia, uma delas a área de Camping prometida na propaganda pelos promotores do festival, não existia o local reservado para isso estava sendo infelizmente o estábulo para cavalos do parque independência, outras reclamações sobre falta de comida para o público, banheiros interditados, risco de corte da energia que alimentava a aparelhagem de som dentre outras coisas.

domingo, abril 22

Cardume.

Nada mais inquietante que uma página em branco. Nada mais inquietante que o jornal da manhã quando se é a notícia. A interpretação lúdica ou literal do mesmo texto, a versão dos fatos e o fator psíquiquico, tudo mundo inquietante.
Minha imagem é qualquer coisa abstrata, pintada com tinta fluorescente, que me dê o benefício da falta de insensibilidade alheia, que brilha no escuro de um poço fundo.
Eu sou um artista. Posso não ser compreendido ou ser aclamado gênio por meros traços infantis. Mas se ainda assim o quadro permanece branco, minha arte residirá apenas na moldura. Odeio a perfeição, e qualquer obrigação de dar certo. E porque me empenho tanto pra dar certo, é que odeio mais.
Ouvir música é bom, é como dissipar pensamentos desordenados, pensamentos são carregados, eles têm energia. O som da chuva é uma boa música.
Voltei todo molhado do céu e ainda não me curei da pneumonia. Por dias fiquei sentado em frente a uma cachoeira observando peixes voadores lutarem por águas tranqüilas.
Vi meus pensamentos revoltos, nadando no contrafluxo da razão. Correntes do sul, rosa-dos-ventos, pontos cardeais, qualquer norte sem direção... nadam livres, nadam em cardumes, invasivos.
Minha pele é úmida, isso me refresca o pensamento. Meus pensamentos nadam livres, e nem a malha mais fina consegue deter. Escarro sangue, pensamentos não fecundados. Tento não tremer o frio da chuva que cai aqui dentro.
Eu sou um rio temporário, que corre para a calha mais funda. Afundo, me afogo e nado. Nada parece conseguir me represar. Se chove, transbordo pelas ideias ciliares, e volto arrastando os com fúria os sonhos que não germinaram, os que morreram com sede.
Quando chega a estiagem, engrosso meu caldo. O cardume se espreme e começa a devorar aqueles mais mansos, aqueles mais fracos, que vivem no raso. Sou mar de peixe grande.

Colegas de Foda

Hey now!
All you sinners!
Put your lights on! Put your lights on!
Hey now!
All you lovers!
Put your lights on! Put your lights on!
Miguel e Carlinhos tinham se conhecido através de amigos comuns, numa roda de cerveja, vendo futebol. Miguel era vascaíno e gay assumido, Carlinhos, flamenguista e raparigueiro profissional. Miguel, na verdade, nem gostava muito de futebol, mas gostava de homem, e homem macho, desses que cospem no chão e coçam o saco com ar de cafajeste, e que lugar melhor para encontrar desses espécimes, hoje em dia infelizmente nada raros, que numa roda de cerveja, vendo futebol? Normalmente, Miguel não buscava ali mais que sexo causal e fortuito, mas, naquele dia, foi diferente. Miguel se apaixonou por Carlinhos assim que o viu. Carlinhos, apesar de ser machista, não era homófoba, e, com o tempo, os dois acabaram cultivando uma amizade cheia de companheirismo e afetividade, que deixava o resto da turma desconfiada da heterossexualidade de Carlinhos. Mas ele não se importava, não iria deixar uma amizade tão bacana que nem aquela se acabar por causa de intriga da oposição, como ele dizia, de modo que, com o tempo, os dois viraram unha e carne um do outro. Porém, essa amizade causava muito sofrimento a Miguel, principalmente quando ele tinha que ouvir as confidências de Carlinhos sobre suas conquistas com as mulheres, tudo porque Miguel continuava amando pateticamente Carlinhos. Para Miguel, aquele era o homem de sua vida.
Uma noite, os dois tinham derrubado sozinhos uma garrafa de uísque num bar, e saíram de carro para um outro bar, num movimento bem conhecido da geração risca-faca. O rádio do carro estava ligado baixinho. Começou a tocar "You're My Number One", com Enrique Iglesias e Sandy & Junior.
I've kissed the moon a million times...
Danced with angels in the sky...
No caminho, Carlinhos, que vinha dirigindo, encostou o carro, e disse, puxando o freio de mão:
- Cara, eu tô com uns problemas aí...
- Sério, cara? Quê que é?
- É minha mina... Ela me disse que... eu não faço ela gozar...
- Hum, fez Miguel. Há quanto tempo?
- O quê?
- Há quanto tempo ela não goza contigo, ela disse?
- Disse, essa vaca... Diz que faz uns seis meses.
- Seis meses!!! Caralho... Mas tu não chupa ela não? Me disseram que com mulher é assim, é melhor o cara dar logo o orgasmo dela – porque, agora, elas querem gozar – antes mesmo de largar pau nela. É como diz aquela música, "you gotta lick it, before you stick it", tem que chupar antes de meter, "bará-rará-ra-bum!! Bará-rará-ra-bum"!
- Rapá, eu chupava, mas ela não gostava de retribuir... Aí é foda...
- E aí tu simplesmente parou?
- Foi...
You bring me up when I'm' feeling down...
You touch me deep, you touch me right...
- Deixa eu te dizer uma coisa sobre as rachas: nenhuma delas, a não ser se for puta, chupa pau direito. Ou, pelo menos, não tão bem quanto um viado. Parece que elas têm nojo, sei lá...
- Pode crer, as poucas vezes que ela me chupou, ela fez mal e porcamente, parecia mesmo que ela tava era com nojo, sei lá!
Troquei mistérios no amanhecer...
Entre os anjos e você...
- Mas aí é que tu devia ter entrado e conversado com ela a respeito. Ah, mas eu esqueci, vocês tão numa relação heterossexual judaico-cristã, onde o conveniente é manter tudo envolto num manto de silêncio e segredos.
- Tu é foda. Eu já conheço esse teu discurso. Mas tu acha que eu não sei que minha mina quer gozar também? Eu posso não ter falado nesse assunto, mas eu me dedicava pra caralho pra dar prazer pra ela, mesmo eu já tando a fim de leitar, eu ficava lá, me segurando, pra ver se dava pra ela esse tal de orgasmo, e ela vem e me diz que não adiantou nada? Foda-se. Passei a meter nela sem dó nem consideração pelos sentimentos dela, só usando o corpo dela pra gozar.
- Como se tu tivesse só te masturbando com o corpo dela...
- Isso.
You bring me up when I'm' feeling down...
You touch me deep, you touch me right...
- Bom, o que eu posso te dizer é que, se eu tivesse no lugar dessa racha, eu ia te chupar pra caralho, mano. Ia ficar horas babando nesse teu cacete, engolindo ele todinho, e esfregando minha língua pelo corpo da tua rola, de cima a baixo, enquanto ela ia se agasalhando na minha boca e beijando minha goela com a boquinha da cabecinha...
You make me wicked, you make me wild...
- Que porra é essa, Miguel?
- Ainda não acabei. Depois que teu caralho tivesse molhadão com a minha baba, eu ia ficar socando uma punheta irada nele enquanto lambia e engolia tuas bolas, primeiro uma, depois a outra, e, finalmente, engolia as duas ao mesmo tempo, sem parar de te punhetar gostoso...
Apesar da música, que ia terminando, um silêncio ia se impondo no carro depois dessa pérola da retórica pornográfica de Miguel, mas Carlinhos interrompeu esse silêncio, dizendo, meio envergonhado, meio excitado:
- Caralho... Fiquei de pau duro aqui. Ninguém nunca me chupou assim...
You bring me up when I'm' feeling down...
You touch me deep, you touch me right...
- Isso não me surpreende. Coisa mais sem graça deve ser uma foda de héteros...
- É agora, Miguel!
- Agora o quê?
- Eu quero experimentar essa parada. Dá cá um beição aqui, porra...
Carlinhos puxou a cabeça de Miguel de encontro à sua, mas este resistiu e recuou, dizendo:
- Nada a ver. Isso entre nós não pode rolar. Não desse jeito.
'Cause, baby, you're my number one...
Miguel, apesar de ser bicha safada, era extremamente romântico. Na sua cabeça, ele tinha idealizado esse momento com todas as cores ilusórias das letras das músicas estilo "house" da cultura gay pop – e, diga-se de passagem que é contraditório que músicas cujas letras falam de amor sejam feitas especificamente para serem tocadas em dark-rooms, onde o que o impera é a total ausência de qualquer sentimento mais nobre – e teria sido inadmissível para ele permitir que o seu sonho de estar com Carlinhos se concretizasse daquela maneira suja e escrota, no desconforto de um carro, no perigo de uma rua escura, trazendo, no dia seguinte, todas as conseqüências desagradáveis que seguem um ato cometido por impulso, no meio da embriaguez do uísque. E ainda mais com Sandy & Junior de fundo. Por causa dessa filosófica contradição dos termos, ele se negou a beijá-lo.
- Deixa quieto, doido, disse Miguel.
'Cause, baby, you're my number one...
Carlinhos, porém, não estava a fim de deixar quieto. Ele pegou Miguel à força e tascou-lhe um beijo desesperado na boca. Miguel resistiu no começo, tentou escapar, mas Carlinhos era mais forte que ele, e Miguel acabou desistindo e se deixando beijar. Mas, coisa estranha: à medida que Carlinhos o beijava, Miguel ia sentindo uma espécie de incômodo, não com os braços musculosos que lhe apertavam, ou com o barba mal-feita que lhe machucava a face, mas com a boca que lhe beijava de maneira tão desastrada, lambuzando, com uma língua muito mais humidecida de saliva que o aconselhável, a parte externa dos lábios e, erro fatal, chegando mesmo a ultrapassar sua fronteira, deixando no bigode ralo de Miguel um rastro de cheiro nojento de baba que imediatamente subiu às narinas de Miguel e lhe fez ter vontade de vomitar. Se não tivesse bebido tanto, talvez Miguel tivesse sido capaz de segurar o vômito, mas não foi o caso. Ele se soltou de Carlinhos num movimento brusco, abriu a porta e começou a chamar raul sem a menor cerimônia.
No rádio, começou a tocar "November Rain", do Guns'n'Roses. Fazer o quê, programação da madrugada é assim, só lentinhas pra machucar os corações apaixonados. Ainda mais quando eles estão vomitando a paixão.
When I look into your eyes
I can see a love restrained...
Quando Miguel acabou de vomitar, uns dois minutos depois, todo suado, Carlinhos olhava para ele, atônito.
       So if you want to love me

             Then darlin' don't refrain...
- Quer dizer que eu te dou nojo?, perguntou Carlinhos, com um sorriso nervoso, depois de um longo silêncio.
- Não é nada disso, disse Miguel, ofegando. Me dá uma balinha de menta aê, fera...
Sometimes I need some time...on my own
Sometimes I need some time...all alone
Uhhhh, everybody needs some time...on their own
Uhhhh, don't you know you need some time...all alone
- Tem um halls aqui, peraê...
- Valeu... Cara, o problema é que..., disse Miguel, pondo a bala na boca.
- É que o quê?
- É que...
- Fala logo, caralho!
- Tu beija mal.
- O quê!?
- É, tu beija mal. Mas isso, na verdade, é bom. Eu tava apaixonado por ti, por isso não queria fuder contigo dessa forma, digamos, improvisada. Mas teu beijo meio que me fez desapaixonar de ti.
- E isso é bom porque...?
- Porque, agora que tu não é mais o amor da minha vida, eu posso fuder contigo em qualquer lugar, em qualquer situação. Na verdade, agora, quanto mais escroto o lugar e a situação, mais tesão eu vou ter e mais prazer eu vou te dar.
And when your fears subside
And shadows still remain, uhhhh, yeah!
I know that you can love me
When there's no one left to blay-yayhhh
So never mind the darkness
We still can find a way
'Cause nothin' lasts forever,
Even cold November rain
- Ah, é?, disse Carlinhos, depois de outro longo silêncio.
- É, respondeu Miguel.
No rádio, "November Rain" entrava naquela parte final, em que as guitarras, os teclados e a percussão adquirem um andamento furioso.
- Tem um aterro sanitário bem ali, disse Carlinhos, num tom de quem sugere algo assim como quem não quer nada.
- Toca pra lá, disse Miguel, decidido.
Na manhã seguinte, um urubu, esta criatura pavorosa que é como o mendigo das aves de rapina, rastreando o aterro sanitário em busca de um café da manhã, teve seu paladar inusitadamente refinado pelo férreo sabor de um líquido leitoso, que, com montanhas de lixo por testemunhas e a aurora rubra por juiz, tinha sido cuspido da boca de Miguel, alguns minutos antes, em cima do pedaço de carniça que a ave de rapina ora degustava, depois de ter sido depositado naquela aconchegante conjuração de lábios e maxilares em abundantes jatos expelidos do falo latejante de Carlinhos...

sexta-feira, abril 20

Bombom Amargo



GANHADOR DO TROFÉU ABACAXI  DE CANNES DE 2005.

"FAZ UM REFLEXO PRUFUNDO DA CONDIÇÕES SOCIAIS DA TERRA BRASIL
E DA QUESTÃO DO VERBO "ESPERAR" LEVADO A A PRIMEIRA PESSOA

DO SINGULAR AO VENDEDOR DE BOMBONS DE UM CENTRO DA CIDADE." - ROMAN POLANSKI

quarta-feira, abril 18

Coreto

Estou “done”

Eu acho que estou cheio.
É, deve ser. Talvez eu não possa aguentar mais.
Como dizem naqueles filmes em inglês com legendas: “I’m done”.
E talvez você se pergunte: nossa, mas cheio de quê? E é aí que a coisa complica de verdade. Eu simplesmente não sei... Ou talvez saiba e não quero trazer isso à tona pra mim mesmo. A verdade é que quando eu escrevo, ou é para descomplicar algo que está na minha cabeça ou para não sair na rua com a plena certeza de ser o Van Damme e que, por algum motivo, eu creio que apenas por ter visto “O Último Dragão Branco”, sou perfeitamente capaz executar aquela voadora sensacional em qualquer inocente que vir na rua. Mas o que realmente acontece é que eu tenho medo de apanhar, e com a minha falta de sorte, partiria minha cervical no primeiro protótipo de golpe.
Então... No momento estou na companhia do Cícero. Não o pensador. Parece que é vergonhoso alguém que não é intelectual citar algum intelectual... Soa como se quisesse impressionar os outros, dar uma de Cult. Se querem saber, o Cícero que me acompanha é o músico, que, aliás, é sensacional... E me conforta mais do que qualquer pensador ou bebida.
Voltando ao assunto chato, eu estou “done”. Talvez seja frustração ou falta de coragem. Falta-me coragem de mudar as coisas, de buscar o que não está perto. Parar de viver em função do que é imediato, e aos poucos talvez eu vá encontrando o que realmente me assola.  Olha que evolução! No início eu não queria saber, mas agora eu admito: eu continuo me achando inútil. Arrumei um estágio, mas continuo sem produzir, sem ler tanto quanto devia ou escrever tanto quanto queria. E a conseqüência é que me sinto ausente. Tanto pros outros como para eu mesmo.
Sabe... Pra mim a verdade é que escrever sobre si mesmo é um tanto egoísta. É como ignorar milhões de histórias muito mais interessantes, pedindo para ser escritas, sem se importarem de ficar salvas e perdidas para sempre no mundo dos arquivos (que muito provavelmente será o destino disso que escrevo agora). Escrever sobre si mesmo é como achar que as coisas que você passou na vida são mais interessantes, sofridas, comoventes que as de qualquer outra pessoa no mundo. Ah... Derramarei lágrimas quando for velho e ler esse papel, esquecido dentro do “Eu” de Augusto, ou de alguma revista da Valentina.
 Escrever sobre si mesmo é tão egoísta quanto achar que você não tem nada, e que precisa de muita coisa na vida para ser feliz, sem perceber que felicidade é um estado de espírito inconstante e, muitas vezes, breve. Nunca existiu o “ser” feliz. Apenas o “estar” feliz. Terminar o ensino médio não vai te tornar uma pessoa feliz. Entrar para a faculdade não vai te tornar uma pessoa feliz e, muito menos terminar a faculdade. Ser um professor, um engenheiro, um médico ou um escritor não vai te tornar uma pessoa feliz.
Acontecerão coisas que te deixarão triste. Sentir falta do colégio vai te deixar triste, ter que ser mais responsável vai te deixar triste, não ter tempo para viver vai te deixar triste. Não ter dinheiro nenhum vai te deixar triste, sentir fome vai te deixar triste, não ter um emprego vai te deixar triste, sentir frio nos pés à noite vai te deixar triste.
Mas acontecerão coisas que te deixarão feliz. Passar no vestibular vai te deixar feliz, a alegria dos teus pais vai te deixar feliz, a festa de formatura vai te deixar feliz, receber o primeiro salário vai te deixar feliz. Ganhar uma moeda de cinqüenta centavos vai te deixar feliz, ter algo para comer no almoço vai te deixar feliz, poder trabalhar dignamente vai te deixar feliz, comprar um par de meias e um cobertor quentinho vai te deixar feliz.
Seria tão mais fácil se as coisas simplesmente acontecessem. Vivendo e aprendendo a driblar o fracasso. Fracasso é andar em círculos pela casa pensando em algo para fazer. 

terça-feira, abril 17

Videos Reminiscências...wmv

É Só Fechar os Olhos.



Você tira meus caos. Me dá paz.
Eu te disse isso pelo Facebook e você me disse ao vivo que meu nariz era bonito me observando sentadinhos na porta da sua casa ao lado de uma roseira que estranhamente não cheira. Mas se tivesse perfume talvez recordasse um parente especial assim quando faz as sobrancelhas em frente a um espelhinho e até chore de saudosismo.

quarta-feira, abril 11

Black Sabbath - Alicerces do Metal.

Birmingham, Inglaterra, anos 60.
A frieza das ruas contrastava com os altos graus de temperatura que vinham das máquinas das fábricas. Quase não existia outra ocupação para os jovens de Birmingham naquela época, as fábricas eram o destino certo para muito deles. Em uma dessas fábricas trabalhava o jovem guitarrista Tony Iommi, certa vez ao manusear uma máquina apropriada para o corte do metal, teve a ponta de três dedos de uma das mãos decepados, segundo alguns, estaria ai terminando a carreira de um dos maiores monstros da guitarra de todos os tempos, porém o jovem Iommi era persistente, ele teve a ideia de fazer proteções de plásticos para a ponta dos dedos, o chamado dedal, e depois disso trabalhou insistentemente em uma nova técnica que o levou a uma certa leveza no uso das cordas e a descoberta por conta dos dedais de reefs pesados.
Um dia Tony Iommy e Bill Ward (Baterista) e Gezzer Butler (Baixista) viram um anúncio de um tal Ozzy Zigg se disponibilizando para audições em bandas iniciantes, o tal vocalista era meio excêntrico andava puxando através de uma corda um lado de um sapato de estimação, os demais integrantes achavam o cara meio maluco, mas ao começar a cantar não tinham dúvidas que ele era o vocalista. Nascia assim a banda chamada Black Sabbath os pais do Heavy Metal, sem sombra de dúvidas.
Certa vez, ao passar na frente de um cinema de Birmingham os integrantes olharam um amontoado de pessoas comprando entradas para um filme de terror, e olhando aquilo pensaram: se as pessoas pagam para ver filmes de terror, porque não fazemos músicas com temas assustadores. De fato eles estavam corretos em 1968 saiu o primeiro álbum chamado Black Sabbath, na capa uma bruxa e atrás uma abadia envolta num clima soturno. A primeira faixa do álbum era do titulo que dava nome ao álbum, um reff de guitarra assustador juntamente com barulhos de chuva e trovões com sinos badalando, a Critica odiou os caras de Birmingham, mas o público sentiu-se atraído pelo novo som.
O disco ficou entre os vinte melhores da lista do programa de John Pells na Inglaterra. Estava dessa forma criado o alicerce de um gênero do Rock denominado Heavy Metal, o único a durar até os dias de hoje desde o primeiro ensaio do Black Sabbath.