sexta-feira, setembro 16

ILHA MARGINAL




Passando pela ponte política

Revejo milhões lameados

Debaixo de prédios de luxo



Na rua entorpecida

Entorpeço-me no semáforo da Cohab

Escuto. O não negativo do dedo polegar

Negando minha vida pequena



No ônibus da Maranhense

Vendo: Jujuba , Halls e Trident

Sem dente rio da desgraça da sorte do camelô na Rua Grande.

Gritando: DVD ! CD! È pirata!



Piro na insanidade quase louca dos casarões da Praia Grande

Pra turista gringo digitalizar

E o sorriso de satisfação revela a lava-racial

Da coreira em transe do Tambor de Crioula.



E, eu menino, moleque, pivete, trombadinha, cheira cola, ladrão - mirim

Dezenas de sinônimos da miséria-capital

Jogo meu corpo meio infantil

No Rio Anil

Pra sonhar com o entorpecente na ponte surreal

Da minha ilha Marginal.









Cris Lima.
Nascer do Sol na ponte José Sarney. Foto de Cris Lima.