quinta-feira, dezembro 13

Joacy James - Homenagem a um bróder




Nessa semana estamos completando seis anos sem a presença do genial Artista Gráfico, Cartunista, Fanzineiro, Desenhista, vocalista de banda Punk e adorável companheiro de todos Joacy James. Nascido no Rio de Janeiro em 1971, Joacy veio para São Luis aos 14 anos e durante os anos 80, 90 e inicio dos anos 2000 participou ativamente de militância política e cultural na cidade, tendo editados alguns fanzines e revistas com reconhecimento no meio underground no Brasil inteiro e em diversos outros países, tive a oportunidade de conhecer Joacy James no final dos anos 90 quando junto dele e outros nos encontrávamos no programa TIME ROCK do pesquisador musical e meu amigo Gilberto Mineiro. A sua importância no meio alternativo e underground maranhense é brutal, agregando cabeças e indicando caminhos em diversos âmbitos da arte, lembro inclusive que foi Joacy James que trouxe a demo-tape de uma banda chamada RAIMUNDOS de Brasília isso antes dos caras estourarem, tamanho o faro que ele possuía para observar possíveis revelações tanto na música, quanto em HQ e outras artes em geral. Encontrei na rede uma entrevista que Joacy James deu ao Ademir Pascale, nela podemos perceber a seriedade e a generosidade desse que sem dúvidas foi um dos maiores artistas do underground desse país.

Ademir Pascale: O que você acha do Gênero Fantasia-Fantástica nos dias atuais?

Joacy James: Quase não existe mais a produção no Brasil. Depois da Art &Comics, muitos de nossos artistas enveredaram e adaptaram suas HQs para tentar uma chance no mercado dos Estados Unidos. Muitos zineiros novos seguiram (e seguem) esta meta, sempre tentando fazer trampos voltados para conseguir um contrato (de escravidão, na maioria das vezes, servem de mão-de-obra barata do Terceiro Mundo, da globalização, pois o tal mercado paga bem abaixo do valor real para artistas estrangeiros). Porém, outros muitos continuam firmes, inclusive os “novatos”. O mangá também invadiu o mundo, mexeu até com o mercado europeu. A gurizada se vicia nisto tentando adaptar culturas que não compreendem/vivem. A própria fantasia-fantástica é da escola franco-belga, Moebius, Caza e tal. Foi minha influência no começo quando adolescente. Mas, fiz uma adaptação para minha realidade e eles reconheceram isto lá, quando comentavam meus trabalhos na Europa.

A fantasia-fantástica perdeu muito de seus expoentes no Brasil. Mas, outros continuam produzindo outras linhas autorais e expressionistas, como Andraus e Edgar Franco. Contudo, a Fantasia quase não se tem mais desenhistas fazendo, eu mesmo estou produzindo aos poucos. Adoro este gênero. Também existem outros gêneros/linhas que foram perdendo sua força, como fazia Alberto Monteiro, Ricardo Borges, Hermuche e outros.