domingo, março 25

O que se Perde

O mundo em preto e branco
As cores já não suavizam as retas duras do concreto
Agora só resiste o que é realmente belo
O que não se perde na luz difusa

O mundo em escala de cinza
A rosa não é menos bela por não ser mais rubra
A disposição das sépalas ostenta sua coroa
O que não se perde a majestade

O mundo em flash-back
A vida passa lenta quando se corre sem propósito
Na tela da mente a projeção do futuro
O que não se perde com o tempo.

O mundo sem tempero
Fast food e jantar sozinho
Num restaurante popular a companhia de estranhos
O que não se perde com a solitude.

O mundo enfurecido
Palavras atiradas como facas, pensamentos disparados
Nos versos do poeta cada fonema é um afago, cada verso uma oração
O que não se perde na catarse

O mundo vide bula
Antidepressivos e calmantes
Em cada comprimido uma dose de equilíbrio
O que não se perde na crise.
                                                         
O mundo em litígio
Casamentos por conveniência, contrato pré-nupcial
No amor sincero a esperança, comunhão dos bens da alma
O que não se perde para a ambição.

O que não se perde, o que se perde?
Nada, nada se perde...
A perda é uma opção passiva!

Não se perde a fé,
Todo o dia o sol nasce e banha de luz a escuridão do pensamento
Não se perde a esperança
Quem sabe um dia ele volta a nos procurar
Não se perde a ternura
O sorriso da criança acalma os ânimos coléricos.

O que se perde, o que se perde?
Tudo, tudo se perde...
Quando se esquece como amar!