sexta-feira, fevereiro 1

A foda com a Gorda




Por Dieguito

Estava sem grana. Liso. Um mês sem roubar carros. O policiamento aumentou muito na cidade e os condomínios fechados. Mas isso nunca foi uma pedra pra mim, é que também estão de olho nos meus passos Agentes policias do DEIC¹. Todo cuidado é muito, muito pouco pra eu não pegar um flagrante e passar um bom tempo na cadeia e habeas corpus custa caro.  E voltei a beber apesar do meu início de cirrose. Sem grana fico deprimido e bebo. E bebi com uns amigos traficantes uma, duas grades de cerveja sem dó nem piedade do meu fígado no BAR DA GORDA. Mas não fumei o cof ² que eles me oferecem e nem a pó com 50% de bicarbonato de sódio. Meu lance é só álcool mesmo. Nada de viagens e coisas que apaguem meu sono. Mas to parando de beber, é difícil, claro. Ainda entro no A.A, como manda todo dia minha queridíssima esposa. No final, a Gorda pendurou no meu nome a conta da bebedeira e mais os três petiscos de carne de sol e uma água mineral com gás. Eu sou um cliente antigo, nunca deixei de pagar um fiado. Tenho crédito na praça.

E foi um mês, dois meses e não paguei a conta. Porque a única grana que peguei foi de um antigo débito de um Corsa 2000/2001 que mandei pra Imperatriz e só sobrou pro material escolar dos meninos e botar gasolina no carro e fazer a mercadoria do mês no supermercado e um crédito no meu celular. Se tivesse com 30 conto no bolso, era muito. 

Rapaz a Gorda começou a me perturbar direto. Me ligava todo dia a diaba. Eu nem atendia. Tive que por o celular no modo silenciador Um dia me viu passando na rua e gritou meu nome e me chamou de caloteiro. Que mico paguei. Queria enfiar minha cabeça dentro do asfalto ou viajar pra plutão. Não ia matá-la por respeito à comunidade do meu bairro e por ela também ser uma pessoa que vende fiado, mas acima tudo por que agentes do DEIC estão na minha cola. Porque na real mesmo; era bala no meio da testa.  Ia ter que pagar essa dívida de alguma forma e sair por cima. Porque eu tava muito pê da vida com ela. E sou um homem de palavras e rancor e tiro certeiro.

Passei lá quase 1hr da madrugada no fim do expediente enquanto ela expulsava bêbados do Bar e botavas as cadeiras e mesas pra dentro. Parei na entrada e pedi com muito carinho pra ela entrar no carro depois de ela terminar de fechar as portas. A égua suava e tinha uns dentes tudo torto e me lembrava o Shrek. Ainda era casada. Mas o que importa a beleza exterior? Já matei uma loira bonita por que não sabia fuder. Arranquei o carro pra uma praça sem iluminação e levantei a saia dela e meti o dedo por baixo da calcinha e a safada já tava toda molhada. Fogosa essa Gorda. Vamos pro banco detrás e fudemos por quase 1 hora e ela sem perder o ritmo eu por cima, claro, ainda dei uns tapas cara dessa vadia sem noção que chama os outros de caloteiro no meio da rua. Ela disse mais. Eu disse NÃO. - Não podia perder a Sessão de Gala na Rede Globo com minha esposa. Tinha combinado. - Eu usei camisinha, óbvio. Tenho medo de AIDS. Foi um SUPER papai e mamãe sado-masoquista. Acho que a parada dela era estresse mesmo. Trabalhar em bar é foda e aguentar bêbados.  E, talvez, o marido também não tava lá essas coisas. Sei lá. Deixei-a na porta do bar e dei um thau e um tapa na sua bunda de celulite. Ela sorriu. Eu sorri de volta, como um galã da novela das 8.

A dívida tava quitada sem juros.

¹ DEIC - Departamento de Investigações sobre Crime Organizado
² Cof - Maconha com amônia.