segunda-feira, abril 9

Reprodução Humana Assistida e Mercado Reprodutivo: A questão do fetichismo e da eugenia nas técnicas reprodutivas

RESUMO
Análise de algumas repercussões morais na prática da Reprodução Humana Assistida (RHA) na atual Sociedade de Consumo. Dentre as novidades surgidas com a mudança nos modos de produção está o consumo de mercadorias sob demanda. Passa-se a chamar, então, de sociedade de consumo, uma sociedade que faz do consumo o seu próprio fim e do consumidor um participante do processo de idealização da mercadoria, dando início à denominada “mercadoria virtual”. A Reprodução Humana Assistida aparece nesse contexto como uma das mercadorias concebidas sob demanda e envolvida pela tríade ciência-tecnologia-capital. A possibilidade de gravidez sem sexo, a partir do nascimento de Louise Brown em 1978, mostra-se como a um investimento do Mercado Reprodutivo, não mais com os parâmetros elaborados pela “Revolução Sexual” dos anos 60 e 70 - que queria o sexo sem gravidez -, mas como renovação e ampliação de bens ofertados. Nesse sentido, apresenta-se a mudança nos modos de produção e a conseqüência desta nas formas de consumo. Identifica-se o surgimento e a ascensão do mercado reprodutivo. Analisa-se como através das tecnologias voltadas para a RHA a vida passa a fazer parte das relações mercantis capitalistas. Conclui-se que a série de métodos biotecnológicos que possibilitam a realização de gestação, que não ocorreria espontaneamente, apresenta-se não apenas como uma alternativa para resolver a ausência involutária de filhos, ou ainda para ultrapassar a barreira de configurar famílias co-sangüíneas, mas trata-se também de comercialização, fabricação e seleção de filhos com características que os pais desejam, possibilitando assim um movimento eugênico, desta vez de forma amistosa.
Palavras-Chaves: Mercadoria; Sociedade de Consumo; Mercado Reprodutivo; Reprodução Humana Assistida; Eugenia. 7