quinta-feira, maio 10

- O Que Você Faz Acordado?


Acordado no meio da noite, não!  Não era madrugada, era noite um pouco depois de perceber o adormecer de cada integrante de sua família. Esperou de forma calculista até perceber que ninguém teria mais condições de acordar. Levantara de um sono leve, porém dolorido da bebedeira que vinha da tarde insólita, a dor na cabeça disputava centímetro a centímetro, concorrendo à dor que estava em sua mão, impactada na parede que assistia a perda. O telefone quebrado narrava o desprezo. Era o fim de uma era que naquele momento parecia o mundo para um mero mortal.

Levantara vagarosamente sem fazer barulho. Dirigiu-se à cozinha e procurou água sucumbindo à sede; na sala, roubou um cigarro da mãe e debruçou na janela contemplando uma cidade que não era sua. Pensamentos soltos revelavam mais uma vez o fim e mais uma vez a projeção de outro alguém abraçando e roubando beijos que um dia foram seus. 

♫ Do me a Cigarette ♫


Se por acaso você me perguntasse onde está a verdade...
A verdade está na ponta do teu cigarro, eu diria.
Na tua última tragada, a tua vida.

“Oh  do me a favour,  and stop asking questions.”

Tudo passa pela ponta do cigarro e tudo está prestes a cair. Ela deve cair, para que o resto se consuma em seguida. Ela deve cair, pois já lhe foi sugada toda a verdade, e não há mais nada para mantê-la presa.  Ela deve cair, não porque é descartável, mas porque ela precisa se libertar.

“Become a heavy load, too heavy to hold.”