sábado, fevereiro 18

Um tirano governando a democracia?


Desde o dia 20 de janeiro com a posse do Donald Trump a presidência dos Estados Unidos, o país vem passando por uma convulsão em virtude de alguma das medidas feita pelo presidente ianque. Uma delas é a construção do muro da fronteira entre os EUA e México, colocando a conta para o governo mexicano pagar pelo muro construído, e o presidente mexicano Henrique Nietto se recusa.

E a mais polemica delas, é a proibição da entrada de novos refugiados muçulmanos ao país, principalmente em países que estão em áreas de conflito como a Síria, por exemplo, o estopim para o desgaste de um novo governo que assumiu a menos de um mês.

E o mais agravante, é que Trump está implementando essas medidas em decreto, ou seja, não estabeleceu o dialogo com a sociedade e muito menos com o parlamento americano, sendo que a maioria dos senadores e deputados é do partido republicano e base de apoio ao presidente.

Portanto, não há necessidade do presidente implantar ações do seu governo somente no decreto, sendo que tem maioria do congresso para aprovar em lei, nem Barack Obama que governou o país em dois mandatos ousou governar somente com decreto e não estabelecer o diálogo com o parlamento sendo maioria oposição, o Obama tinha mais razões para governar e aplicar ações de governo somente em decretos por motivos citado anteriormente.

E para complicar o seu governo, o poder judiciário do país através da suprema corte vetou alguns decretos principalmente sobre a imigração de refugiados, instalando uma crise institucional de dois poderes, o executivo e o judiciário, talvez nunca antes visto na história dos EUA e muito menos recente.

Trump não foi eleito pela maioria dos eleitores e sim por delegados num complexo sistema eleitoral, se a Dilma Rousseff aqui no Brasil foi eleita por 54 milhões de votos numa diferença apertadíssima de pouco acima de 50% dos votos sobre o seu adversário Aécio Neves, e teve um forte desgaste que resultou num golpe parlamentar-burguês-midiático-judiciário, e imagine o Donald que foi eleito sem a maioria dos eleitores dos EUA?
A mesma população com os eleitores estão ocupando as ruas e avenida nas cidades ianques protestando contra as ações que coibi a vinda de imigrantes e a construção do muro na fronteira com o México, os protestos são quase que diário.

Até quando o povo vai aceitar um presidente como Trump? Nem George W. Bush que foi também um tirano/fascista, mas para o resto do mundo, porque dentro do seu país o mesmo respeitou os poderes legislativo e judiciário e implementava as ações com o apoio destes poderes com leis aprovadas, e tinha uma relação de cordialidade com a imprensa, ou seja, governou como estadista e democrata para os americanos e tirano para o resto do mundo principalmente aos seus inimigos como Afeganistão e Iraque que invadiu estes países e derrubou os Talibãs e Saddam Hussein no poder respectivamente, com o apoio da população em virtude do atentado ocorrido no dia 11 de setembro em 2001 que o grupo Al Qaeda liderado por Osama Bin Laden derrubou as duas torres, o World Trade Center em Nova Iorque, uma afronta para o governo e a população que foi atingida e teve o orgulho americano ferido.

Donald Trump é o inverso, EUA tem a tradição de propagar e servir de referencia para o mundo, exemplo de democracia, a terra das oportunidades, a conquista do sonho americano e o estilo americano de vida para os outros povos principalmente nos países mais pobres incluindo o Brasil, mesmo com a restrição e discriminação aos estrangeiros especialmente aos latinos e mulçumanos, o país se desenvolveu justamente com os imigrantes.
Em razão disso, há uma tolerância das entradas dos imigrantes como forma destes alimentarem o discurso da conquista do sonho americano e obter a ascensão social com a aquisição bens como carro, casa e ganhar “bem” mesmo sendo um pedreiro, contribuindo para diminuir o sentimento anti-EUA em países pobres.
Será que o Trump vai governar até o fim do mandato? Será incomodo para um país e uma nação que propagam ideais democráticos e republicanos, mas ter um presidente tirano que desrespeita os poderes e não estabelece um dialogo com a imprensa e a sociedade.
As suas ações pode provocar até mesmo uma guerra com países que mantem relações cordiais como a China por causa da ilha do pacifico que o governo chinês reivindica como seu e os EUA tem o interesse de apropriar para instalar a sua base militar.
Podendo ocasionar a eventual terceira guerra mundial, porque o cenário mundial está propicio em virtude da crise econômica global, desemprego global, queda de governos com os golpes de estado como no Brasil, Líbia, Paraguai, Honduras, Egito, Afeganistão, Iraque e outros países que estão em conflito como a Síria e para piorar, a questão dos refugiados, algo que não ocorre na dimensão desde antes e após a segunda guerra mundial e a ascensão da extrema direita no mundo, à eleição do próprio Trump é a prova.
Barack Obama fez o seu governo pautado no diálogo, ou seja, sem guerra, foi assim com o Irã ao convencer o governo iraniano a desfazer da política de segurança nacional com a fabricação de armas químicas com o uranio, em troca do governo dos EUA retirar sanções econômicas ao país, uma reaproximação entre os dois países desde a revolução islâmica que resultou num rompimento entre os dois países.
Foi também com a reaproximação ao governo cubano, o que não ocorria desde a revolução cubana com a queda do ditador Fulgêncio Batista e a ascensão ao poder do Fidel Castro, Raul Castro e Ernesto Che Guevara, com a reabertura das embaixadas dos dois países nas capitais, Washington e Havana, capital dos EUA e Cuba respectivamente.
Trump ameaça desfazer os acordos feito pelo Obama, e para complicar ainda mais e causar revolta ao povo americano, pretende desfazer do programa social criado pelo ex-presidente, o Obama Care, um programa de saúde equivalente à bolsa família no Brasil para as famílias que não tem condições de obter o plano de saúde que são caros no país, e ficou mais caro ainda o acesso com a crise econômica desde de 2008 ainda no governo Bush, pouco antes da posse do Barack Obama em 2009.
O sistema de saúde dos EUA é praticamente privado, ou seja, são escassos a existência de hospitais públicos, há postos público administrado pelo governo federal e governos estaduais, mas não garante atendimento de alta complexidade, somente para atendimentos básicos, os hospitais de complexidade são gerenciados por grandes empresas que faturam bilhões/trilhões anualmente a custa de muitos cidadãos que se endividam para ter o plano de saúde.
O Donald Trump é crítico ferrenho do Obama Care, e ameaça de acabar com o programa, para complicar ainda mais pro seu lado, o mesmo não tem o apoio unanime do partido republicano que é a sua base de apoio no congresso, alimentando ainda mais a revolta da população, especialmente dos beneficiários do programa.
O outro fator que vai desestabilizar o seu governo, é o confronto étnico-racial no país em virtude da violência policial a população negra, o Trump antes da eleição disse que caso seja eleito, a pessoa será condenado à morte por matar o policial, a declaração foi feita justamente num contexto que assola todo país pela morte de negros por policiais brancos.
Sabemos bem que cada morte a um negro por policial branco causa uma revolta generalizada em todo país ocasionando um revanchismo, uma guerra civil étnico-racial que o pais viveu nos anos 1960 que esteve a beira, só foi contido com implantação de políticas públicas como as cotas raciais nas universidades e repartições publica através de concursos.
EUA sempre preservou a estabilidade dentro do seu território, todos os presidentes que passaram fizeram isso, foi assim com o Abraham Lincoln ao abolir a escravidão ao custo de muitas vidas pela guerra civil decretado por ele porque o sul queria se desmembrar do norte e após o fim da guerra e aprovação da lei que revogava o sistema escravocrata, mesmo com o suposto suborno a parlamentares na época principalmente os que estavam indecisos, muitos ex-escravos foram indenizados ao receber lotes de terra dos seus antigos senhores, o que ocasionou assassinato ao presidente praticado por um escravista que perdeu suas terras para os seus ex-escravos.
A criação de cotas como foi dito anteriormente e a garantia dos direitos civis que eram negados em lei a povo negro, foi uma forma que o país evitou de entrar numa guerra civil étnico-racial que poderia causar o desmembramento de muitos estados habitados por maioria da população negra como a Filadélfia e Nova Orleans por exemplo.
Trump poderá causar justamente uma guerra civil étnico-racial no próprio país, principalmente se implantar pena de morte aos que matarem policiais num contexto atual em que os negros estão sendo morto por policiais brancos, o que as autoridades e a própria população não quer, tanto os negros quantos os brancos, e por isso muitos brancos tem se juntado a população negra em todo país para protestar contra a violência policial, e a população negra tem recebido com total aceitação.
Os próprios ianques não querem uma guerra civil dentro do seu próprio país, até por uma política de segurança nacional para evitar eventual ataque inimigo e de grupos terrorista como o estado islâmico que é inimigo de governos do ocidente.
Até quando vai governar de forma autoritária e monocrática? Até quando o governo resistirá a fúria popular e o boicote dos poderes como do legislativo e do judiciário? Até quando a imprensa vai aceitar a eventual censura do governo a seus editoriais de jornais? O mundo todo está de olho neste governo que em menos de um mês enfrenta a popularidade baixíssima antes de assumir a presidência.