sexta-feira, novembro 9

Retalhos


O tempo é o que nos expande, mas ao mesmo tempo é o que nos limita. 
O tempo em si é intangível, mas ele deixa suas marcas e se expressa por toda a parte. Nas ferrugens, nas linhas de idade no rosto de alguma senhora, nas manchas nas mãos de algum senhor, na tinta descascando de alguma casa antiga e abandonada, no amarelado das páginas de algum livro ou jornal, no mofo de pães deixados de lado.
Também se expressa de formas não tão concretas: na maturidade que progressivamente um alguém conseguiu ter, no progresso que alguém obteve ao conseguir continuar com sua vida após algum trágico acontecimento (o tempo passa, tira o foco das coisas que já aconteceram porque não para de fazer com que novas coisas aconteçam, além de permitir uma nova perspectiva sobre os acontecimentos). 
Enxergo o tempo como essa coisa que me possibilita a enxergar as coisas de forma diferente, quando olho para trás no tempo e analiso o que já me ocorreu percebo como a minha visão tornou-se mais clara graças ao passar do tempo.
É como se ele que desfocasse nossa mente dos acontecimentos e nos permitisse enxergá-los verdadeiramente para aí aprender com os mesmos ao invés de simplesmente nos tornar mais amargurados por eles. Acho que o tempo ameniza a intensidade e a irracionalidade do momento presente. Mas o tempo é o que você faz dele. Você pode passar pelo tempo ou deixá-lo passar por você. É complicado. E delicado...