quarta-feira, outubro 10

DONA MARIA – DR. RIBINHA


5hrs da noite – fim de plantão.

Toc toc

Dr. Ribinha – Entre. Please.

Josefina - Plis é o nome de uma banda de roque tipo aquela Restart que minha filha ouve todo dia?

Dr. Ribinha - Não é banda não, e Restart também não é banda de Rock. Significa por favor. 

Josefina - Ta certo. Tu já ta na internet lendo o Ponto aí atrás desse computador, né?

Dr. Ribinha - Exatamente. Lendas Urbanas da ilha. Já ouviu falar de uns pescadores que foram atacados por luzes na Ilha do Caranguejo?

Josefina - Nunca. Depois em casa eu leio, pois agora temos uma coisa bem real; uma paciente lá embaixo dizendo que quer muito falar com você. Algo na barriga e um tumor. Está chorando. Chegou ontem de Arari e reclamando que a comida na CASA DE APOIO é muito ruim e só servem galinha de supermercado. O que não é nenhuma novidade.

Dr. Ribinha - Manda ela subir. E a estória dos pescadores parece ser real também.

Josefina - E eu sou a Madona.

Dr. Ribinha - Se pintasse o cabelo de loiro e fizesse malabarismos não duvidaria.

Josefina - Engraçadinho.

10 MINUTOS DEPOIS

Toc Toc

Dr. Ribinha - Entra

Dona Maria - Com licença, e boa noite, Doutor.

Dr. Ribinha - Olá dona...

Dona Maria - Dona Maria.

Dr. Ribinha - O que você tem Dona Maria?

Dona Maria - Doutor, to com dois problemas. To com um peixe na barriga e um tumor na...

Dr. Ribinha - Na...?

Dona Maria - Tenho vergonha de falar pra um homem. Ainda mais um homem tão novo e bonito.

Dr. Ribinha - Já entendi, não precisa dizer onde é. E obrigado pelo elogio. Você consultou lá em Arari e te mandaram pra cá?

Dona Maria - Fui ao Hospital e não tinha médico. Mas consultei com uma amiga desde quando Arari tinha gente falando árabe . Ela disse que estou com um bicho com cabeça corpo e cauda, eu acho que é um peixe, eu só como peixe... E o tal de tumor. Isso é grave, Doutor?

Dr. Ribinha - Nada que a medicina atual não possa resolver. Você trouxe algum exame?

Dona Maria- Só tem esse aqui que eu fiz...

Dr. Ribinha - Deixa eu ver.

Dr. Ribinha pega e olha o EXAME DE IMAGEM DO ABDÔMEN TOTAL e está escrito:

PÂNCREAS - Cabeça, corpo e cauda com perfeições anatômicas normais

Dr. Ribinha - Dona Maria você não tem um PEIXE NA BARRIGA você tem um órgão em perfeito estado.

Dona Maria - É pior?

Dr. Ribinha - Quero dizer que está tudo bem. Foi só um engano da sua amiga que leu o exame.

Dona Maria - Oxi doutor... Você tirou um peso da minha Barriga, digo da minha cabeça.

Dr. Ribinha - Agora vamos ter que resolver o outro problema. Vou ter que te examinar. Você tem que ir pra trás daquele lençol branco pendurado e tirar a roupa e sentar na caminha que tem lá. Ta certo?

Dona Maria - Não. A última vez que tirei a roupa foi há 20 anos quando meu marido morreu num acidente quando foi pescar numa ilha em São Luis com seus amigos.

Dr. Ribinha - Você se lembra o nome da Ilha?

Dona Maria - Não.

Josefina - Hummm... Vou chamar então a Enfermeira pra te examinar.

Dr. Ribinha liga pra dona Josefina.

Dr. Ribinha - Sobe aqui minha Madona.

Josefina – já, já meu Xô Pen.

10 min DEPOIS

Toc toc.

Dr. Ribinha - Entra Josefina.

Josefina - O que foi?

Dr. Ribinha - Você vai ficar sozinha com Dona Maria e vai examinar ela e me dizer o que é.

Dr. Ribinha sai da sala.

30 minutos depois

Dr. Ribinha entra na sala

Josefina - Não tem nada não Doutor, é só o clitóris dela.

Dona Maria - Isso é grave?

Josefina - Faz parte do seu corpo, Dona Maria. E se você ficar mexendo vai sentir como se comesse o melhor peixe de Arari.

Dona Maria – Então é muito gostoso... E agora? Estou curada?

Dr. Ribinha - Você não tem problema nenhum. Foi tudo um mal entendido. Pode voltar pra sua terra. Você está muito bem de saúde. E siga a dica de Josefina.

Dona Maria - Que bom doutor! Vou mexer sim... Oh que vergonha uma velha falando isso.

Dr. Ribinha - Relaxa.

Dona Maria sai da sala feliz da Vida

Dr. Ribinha - Josefina eu vou mandar essa estória para o blog. Isso é uma Lenda Urbana e bem real.

Josefina - Realmente.

Dr. Ribinha – E parece que você entende de comer o melhor peixe de Arari?

Josefina - Seu Saliente.

A assombração da Rua da Estrela.



Fonte: blog maranharte.




A noite já ia alta e escura quando Epifânio resolveu ir para casa depois de se divertir com os amigos na Rua do Comércio. Já ia meio trôpego, devido às muitas doses de aguardente que tomara enquanto jogava conversa fora em meio ao carteado. Não perdera nem ganhara, acabou pagando no jogo apenas as bebidas que tomou. Um fiapo de lua iluminava a noite, não havia mais carroças nem carruagens há esta hora, e enquanto andava pelas ruas desertas, Epifânio podia ouvir os roncos dos Barões que dormiam em seus sobradões azulejados. Seguiu pela Rua da estrela em direção à Rua da Palma, onde morava. As tochas e candeeiros que iluminavam as ruas estavam na maioria apagados, ajeitou sua casaca, arrumou o chapéu, acendeu a cigarrilha e continuou a caminhada. Epifânio não era rico, nem tinha família abastada, mas tinha ares de fidalgo, e ideias avançadas pra época. Por exemplo, achava que a capital do Maranhão deveria servir de exemplo para o resto do país e adotar a abolição dos escravos, coisa esta que lhe deixava em situação avexada com seus amigos filhos dos barões abastados e donos de terras que dispunham muito dessa mão de obra. Mas no momento um único pensamento rondava a sua cabeça, salteadores, bandidos, ladrões... A noite estava escura, os candeeiros apagados e ele estava só. De repente ficou com medo, indeciso entre se apressava o passo ou empacava de vez. Tomou coragem, tirou o chapéu, colocando-o entre as mãos e andou o mais depressa que pôde. A noite o encobria como um manto escuro e espesso. Suava, e então, súbito, algo lhe chama a atenção. Um barulho, um ruído abafado. Epifânio sente todos os seus cabelos arrepiarem e um gelo lhe subir pela espinha, empaca, fica parado, estático, apurando os ouvidos tentando adivinhar de onde veio aquilo. Sente as pernas tremerem quando resolve dar um passo a frente, mas mesmo assim continua, os olhos ziguezagueando pela rua escura a procura de algum sinal que denunciasse o autor daquele barulho.