quarta-feira, julho 15

Mossa

Por Mariana Matilda

A noite, teimosamente, me quer a dormir
Mas, desperta, estou fora de casa.
Ficaste na tua,
Em uma cláusula de pequenas compleições, chéri.
Larga de tais flancos.

A noite anda ao revés,
claríssima sob(re) as pálpebras.

Observa-me a dançar,
Fissura-te o átomo.

O calor não ajuda,
faz suar, esgota.
Ó, trópicos infernais,
em vós não há reais alentos,
canções de ninar ou a diplomacia dos santos.

A madrugada abafada
torna-se um tango
sedento de desejos
já fartos de ocultos.

Tu sonhas mal, darling,
sonhas temor.
Buscas verdades indubitáveis
em meio a tantas predileções —
Onde estão tuas vitais perdições?

Mas há um nome que teu corpo quer pronunciar.
Para invocá-lo,
suaviza-te os lábios
Mas continua o desejo
no céu da boca.
A ideia é engolir
para não deixar sair
nem um vil grão de desejo

Encerras em ti o incontrolável vazio
nas coisas banais.

Deixas descambar
em meio à cinza das horas
os vãos da equação.

Lembra-te da pura e puta humanidade, cariño.
Pelo nascer, o Sol se inclina,
Faz moldura onde passa.
Deixa-o.
Ele está escrito na eternidade.
Tu, não.

— queiramos a delícia de sentir o reles empirismo palpável e não plausível do tango.

quarta-feira, julho 8

Câncer

Por Tayna Guerra
                                        
                               Em meia luz beija-me de novo.

           E descobre os caminhos inóspitos que trilham as estrelas do meu céu.

                      Mãos traçam linhas tortas, os arrepios pelo corpo


                         mostram o efeito causado pelo seu cheiro.

                         Nessas linhas defeituosas me lembro de ti, 


                   do toque de seu corpo, das marcas que você deixou

                  como se quisesse me lembrar que por aqui deixou morada.

               Causando estrago a boca traça caminho de vermelhos beijos,


                                      me arrancando suspiros.

             Com essa sua vontade me olha, e massageia minha alma.

         Olha-me com esses olhos límpidos cor de mar, repletos de vontade 


                           e me deixa com um sorriso de bem amada.

           Mas nem por um instante pense que uma noite basta pra me saciar,


                               minha sede é fonte sem tamanho.