sexta-feira, novembro 23

A metáfora do malabarista



 




Num mundo de objetos e imagens velozes; de certezas com estruturas instáveis; de corpos sem pausas ou intervalos; de excessos de passos frenéticos sobre superfícies móveis; de manipulações diversas,
a ação do malabarista é a metáfora máxima da condição do homem presente nesta intitulada pós-modernidade.
Num gesto semelhante ao do malabarista, todos parecem estar equilibrando no ar as suas verdades éticas, morais, espirituais e afetivas.
Da mesma maneira que a clave não para na mão do malabarista por mais de um segundo, uma verdade definitiva também não se detêm na consciência do homem deste momento histórico. Tudo parece estar só de passagem.
Não há perspectivas para o olhar. Os olhos só focam a limitada área na qual a ação imediata se realiza. O olhar vigia o movimento do objeto.
O objeto nunca é conhecido no toque das mãos, no nível da apreensão sensível, mas sim na observação e controle do seu movimento.
A rapidez com que as claves passam pela mão do malabarista parece ser a mesma rapidez com que as coisas passam pela existência do homem atual.
O importante não é o contato, mas sim o controle de tudo que passa.
O controle do corpo, o controle dos objetos, o controle da ação, o controle da natureza, o controle das relações, o controle do tempo...
O controle, até, da inexorável força gravitacional que conduz os corpos ao seu definitivo final: a queda.
Em cada apresentação de um malabarista, estará exposta a metáfora da nossa condição atual: o equivocado desejo de controlar o movimento da vida por intermédio de habilidades inúteis.
Pois, hora ou outra, a força da gravidade vence, e clave vai ao chão.

Guerra civil não reconhecida


Nos últimos dois meses o Brasil presencia o mais sangrento e conflituoso confronto da policia do estado de São Paulo com as organizações criminosas, incluindo o PCC (Primeiro Comando da Capital). Tudo isso é o resultado da incompetência do governo de São Paulo que se negou a encarar o problema de frente.

Durante muitos anos o grupo de extermínio da polícia paulista matou milhares de pessoas, praticamente todos de origem pobres que viviam em áreas de grandes índices de violência marcada com a exclusão social e ausência do poder publico nas questões essenciais, como a saúde, educação e saneamento básico por exemplo.

Quem não se lembra do caso Cabo Bruno? Que na década de 1980 matou mais de 50 pessoas e era um dos integrantes do grupo de extermínio da Policia Militar de São Paulo, foi preso, julgado e condenado a 27 anos de prisão. Nesses anos na cadeia, tornou-se evangélico e pastor da igreja de dentro do presidio, cumpriu até o fim a pena e sendo solto este ano (2012).

Após ser solto numa entrevista concedida a emissora de tv, disse que o seu passado estava morto e enterrado e queria pedir perdão a família das vítimas, entretanto, um mês depois de solto foi executado a tiros, não sabe até o momento quem os matou, mas especula-se que a execução foi motivado por vingança.

O caso do Cabo Bruno é um exemplo do grupo de extermínio que ainda existe de dentro da corporação, o mesmo tinha a fama de justiceiro, e representava a ideia das autoridades na segurança pública, “bandido bom é o bandido morto”, e essas execuções foram feitas justamente nas periferias, na concepção de acabar com a marginalidade é matando todos que fossem no mínimo suspeitos.

Até hoje as polícias de todo o Brasil age dessa forma, quem não se lembra da Operação Tigre quando o João Alberto era governador do Maranhão em 1990? O caso em São Paulo em particular, é que o sistema criminoso se organizou vorazmente, e as organizações se deu justamente em presídios.

E agora essas organizações, especialmente o PCC, estão desafiando a polícia e o próprio governo do estado de São Paulo, a morte dos policiais é uma resposta às praticas feita pela policia ao longo destes anos, de matar os bandidos, e agora se inverteu, porque as organizações criminosas criaram o grupo de extermínio só para matar policiais.

Hoje são os policiais que se sentem acuados, não podem sequer estender a farda no varal do quintal de sua casa com medo de alguém saber e “dedurar”, os policiais paulistas estão praticamente obrigados a trabalhar sem revelar a verdadeira identidade, medo de usar a farda ou dizer que é policial.

Mas esses crimes são culpa somente da polícia? Claro que não! O governo de São Paulo tem uma parcela bem maior nessa situação catastrófica. Colocar a culpa somente na policia, apesar de também contribuir para essa situação em virtude de alguns policiais serem corruptos e criminosos, é desvirtuar a discussão e isentar o verdadeiro e grande culpado, que são as autoridades da segurança pública e especialmente o governador Geraldo Alckmin que é do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira).