segunda-feira, janeiro 28

Playmobil – o Garoto Assassino.



Brutalidade na TV
Caos na cidade
Sangue escorrendo pelo asfalto
Sou apenas um menor de idade
Com um skate na mão
Andando na contramão da vida
Quando a rua é minha
Fazendo meu jogo
Em pleno fogo

Playmobil rabiscava uma letra no caderno da escola dentro do seu quarto pra depois botar a melodia. Tava injuriado porque sua mãe não deixava mais ele sair pra andar de skate depois de ouvir da vizinha que ouviu do genro que mataram um jovem na porta da loja LOUCO REED DISCOS por causa de um IPHONE com 13 facadas. Segundo ela – o bandido perfurou os dois pulmões, o coração espocou pela boca da vítima e as tripas se desenrolaram no chão e depois um carro passou por cima espocando a cabeça voando pedaços do cérebro, cerebelo e bulbo e parte da medula espinhal. Não era um filme de Tarantino, era bem perto de casa o assassinato que a vizinha relatou com detalhes e a sua mãe repetiu - varias vezes - dentro de casa.

A notícia virilizou e a vizinhança se isolou dentro de suas paredes e ninguém mais sai na porta, ao anoitecer, com medo. Contrataram seu Madruga - o vigia pra fazer a ronda na rua e construíram também uma guarita pra ele. Rodava com uma moto e um facão com o cabo enfiado na cueca fazendo um relevo debaixo da camisa e do jeans.  Todos os santos dias das 10hrs da noite até 5 h da manhã - apitava e buzinava. Sabe-se que não houve mais notícias de assaltos. Dormiam bem ouvindo o barulho da moto lá fora.  

Passaram 3 mêses e seu Madruga começou a sofrer de um problema - Sono. Não conseguia mais ficar com os olhos abertos no horário da noite, apesar de tomar Arrebite. O negócio tava impossível e sua olheiras aumentavam a cada ronda. Estava numa Boca de Sinuca. Tinha que sair dela, precisava daquela grana pra pagar sua TV a cabo e não perder seus seriados favoritos: The Big Bang Theory e Friends. Mais a prestação de 100 pilas mensais do apartamento pra TODA A VIDA – um programa da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL para pessoas assalariadas. Comprou um CD que vinha gravação do barulho de uma moto e o som agudo do apito. Comprou um mini DVD e um Amplificador de som. Na guarita montou os equipamentos e apertou Play e pôs no MODO repetir a mesma música. Agora, podia dormir e receber a grana todos os meses.

Playmobil cada vez mais revoltado com sua mãe e com a violência dizia que era culpa do SISTEMA e a mãe não entendia o que dizia e ainda mais que sumiu seu skate, desconfiou que fosse ela. Saiu de casa depois de enviar sua cabeça dentro do forno e ligar o gás e esperar 50s e desligar. Foi pra rua e ouviu o barulho da moto e do apito e não viu ninguém. E o som continuava. E não via ninguém. E o som continuava. Não acreditava em fantasma, somente no super-herói Motoqueiro Fantasma. Foi na guarita e subiu a escadinha, abriu a portinhola e pela luz amarela de uma lanterna viu Seu Madruga dormindo estirado num colchão roncando agarrado a um ursinho do KUNG FU PANDA e viu de onde vinha o som da sua “ronda” que estrondava lá dentro como numa boate. Pegou o seu facão e enfiou direto no seu olho que saiu de órbita e caminhou pelo assoalho de madeira da guarita como uma peteca fazendo uma linha de sangue até despencar pela portinhola na calçada. Fez outro furo no meio da testa fazendo chover sangue na sua camisa do RENATO RUSSO e enviou mais uma na boca aberta que vez sua língua parar no braço esquerdo do KUNG FU PANDA. Decepou à sua mão esquerda e se lembrou da Família Adams. Cortou a cabeça estraçalhada de furos e pegou nas mãos e chutou como uma bola de futebol. E gritou:

- Gollllllllllllllllll.