domingo, setembro 30

Domingo e comprimidos.

                                                                   Igreja da Sé - São Luis.


Hoje é Domingo
Talvez só os padres
E a folga das putas
Se deem conta disso.
Corte de memória
Após o meio dia
O Domingo cruza o dia
Como um bumerangue em desatino
Mendigos dormindo na Praia Grande
Pipoqueiros na frente da Igreja da Sé

Hoje é Domingo
Nem o salto da sardinha
Em baixo da ponte do São Francisco
Nem a pedra que ressoa na Ponta Dareia
Pode nos fazer lembrar
Bucolismo em São José de Ribamar
Oxigênio nas ruas da Cohab.

Hoje é Domingo
Dai-me um comprimido
Hoje é Domingo
Dai-me um comprimido.

Nega


Faz meia hora que te deixei na parada de ônibus. Opinei que devia ter uma camisa do Corinthians e não do Palmeiras estampando na vitrine da loja de esportes e souvenir. O Corinthians acabara de ser campeão da Libertadora da América. Você nem aí pra futebol. Só preocupada com qual ônibus ia para o centro da cidade. Mas faz meia hora que te deixei na parada e to parado no retângulo na porta do meu quarto. O seu cheiro todo no quarto e faz meia hora que te deixei na parada. Seu cheiro em mim, também. Posso ficar cego nesse momento e perder as luzes do sol nascente que invadem a janela e o olfato nunca vai te esquecer. Pernas marrons deslizando como chocolate na boca. Pode tocar um pagode na casa do vizinho. Mas fico com o olfato pra não dispersar. Fico cego e surdo. Você não entendeu?! Você foi e não foi. Ou melhor, não foi. É. Não foi. E ainda têm Benditos que não acreditam em magia da natureza e que o Corinthians foi campeão da Libertadora.