domingo, setembro 30

Domingo e comprimidos.

                                                                   Igreja da Sé - São Luis.


Hoje é Domingo
Talvez só os padres
E a folga das putas
Se deem conta disso.
Corte de memória
Após o meio dia
O Domingo cruza o dia
Como um bumerangue em desatino
Mendigos dormindo na Praia Grande
Pipoqueiros na frente da Igreja da Sé

Hoje é Domingo
Nem o salto da sardinha
Em baixo da ponte do São Francisco
Nem a pedra que ressoa na Ponta Dareia
Pode nos fazer lembrar
Bucolismo em São José de Ribamar
Oxigênio nas ruas da Cohab.

Hoje é Domingo
Dai-me um comprimido
Hoje é Domingo
Dai-me um comprimido.

Nega


Faz meia hora que te deixei na parada de ônibus. Opinei que devia ter uma camisa do Corinthians e não do Palmeiras estampando na vitrine da loja de esportes e souvenir. O Corinthians acabara de ser campeão da Libertadora da América. Você nem aí pra futebol. Só preocupada com qual ônibus ia para o centro da cidade. Mas faz meia hora que te deixei na parada e to parado no retângulo na porta do meu quarto. O seu cheiro todo no quarto e faz meia hora que te deixei na parada. Seu cheiro em mim, também. Posso ficar cego nesse momento e perder as luzes do sol nascente que invadem a janela e o olfato nunca vai te esquecer. Pernas marrons deslizando como chocolate na boca. Pode tocar um pagode na casa do vizinho. Mas fico com o olfato pra não dispersar. Fico cego e surdo. Você não entendeu?! Você foi e não foi. Ou melhor, não foi. É. Não foi. E ainda têm Benditos que não acreditam em magia da natureza e que o Corinthians foi campeão da Libertadora. 

sábado, setembro 29

São Luís 400 anos: Comemorar o que? Pra que?

V L T

Parte III

No quarto - centenário de São Luís, mais uma vez os governos principalmente o estadual vem na contramão na questão do trânsito e transporte, São Luís com mais de 1 milhão de habitantes e sendo uma metrópole (mas que está longe de ser tornar de fato) tem o sistema de trânsito e transporte público caótico, e está bem longe de ser resolvido.

A construção da Via Expressa e da Ponte Quarto – Centenário são importantes, não irei negar a sua importância. Mas é o problema solucionado em imediato, mas voltará com o passar dos anos devido ao aumento populacional e de carros também.

A Via Expressa irá beneficiar de fato as construtoras e especulações imobiliárias, porque no local há uma imensa área verde desabitada que está sendo desmatado, e o fator mais agravante, é o despejo dos moradores na comunidade do Vinhais Velho, que há séculos vivem no local e são descendentes diretos dos índios Tupinambás, e foi fundada e habitada pelos franceses no mesmo ano (1612) após a fundação de São Luís, e tem uma igreja que foi construída no séc. XVIII, e hoje resistem bravamente a arbitrariedade do governo através da Polícia Militar.

A avenida irá beneficiar a classe média consumista e a elite ludovicense porque irá ligar os shoppings da cidade, a construção de mais prédios e condomínios irá saltar o preço dos imóveis em São Luís, principalmente nessa região.

Enquanto isso, sofremos diariamente com o transporte público cada vez mais calamitoso, em que o poder público municipal não conseguiu resolver a questão, a construção do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) ou metrô de superfície é uma incógnita, porque está sendo feito em período eleitoral e a construção pára em frente ao posto de gasolina, no qual a prefeitura terá que indenizar milhões, porque o dono do posto não irá aceitar indenização irrisória.

Sem contar que o dono desse posto é Afonso Ribeiro, 1º suplente do Senador Epitácio Cafeteira, irmão do Deputado Estadual Manoel Ribeiro e do Deputado Federal que atualmente é secretário de estado das cidades no governo Roseana Sarney, o Pedro Fernandes, ou seja, o dono desse posto é aliado do grupo político da governadora do estado.

Não se trata de acreditar ou não a construção do VLT, porque ao longo do mandato, tanto o governo estadual e municipal não fizeram parcerias ou aliança institucional de fato para o bem estar da população ludovicense devido as desavenças políticas, a governadora ao assumir o governo em 2009 após a cassação do Jackson Lago vetou o convênio do estado e prefeitura na prolongação da avenida Litorânea até a praia do Olho D água, construção dos viadutos no Calhau e Forquilha, que foram assinados pelo Governador Jackson Lago antes de deixar o governo em virtude da cassação pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e o Prefeito João Castelo.

The Verve, Agridoces Hinos Urbanos.






Sempre acreditei de verdade que a música, como arte, poderá salvar a humanidade de todos os seus males. Tenho em minha memória uma lista de álbuns que de fato me ajudaram a ultrapassar fortes tempestades em minha vida, dentre eles Urban Hymns do The Verve com certeza possui lugar cativo nesta lista. O The Verve é uma banda Inglesa formada em Wigan em 1989, com Richard Ashcroft (vocais), Nick McCabe (guitarra), Simon Jones (Baixo), Peter Salisbury (batera). Somente em 1992 lançam o primeiro álbum intitulado EP The Verve, sem muita expressão, nessa época Richard Ashcroft fica muito próximo de Noel Gallagher do Oasis, a canção Cast no shadow uma linda balada do Oasis foi escrita para Richard. Em 1993 e 1995 lançam mais dois álbuns com tímida expressão entre público e critica, nesse meio tempo a banda chega a excursionar pelos E.U.A em pequenos shows de divulgação.

Em 1997 lançam Urban Hymns, e a época de lançamento se mostra bastante peculiar por motivo de constantes brigas entre os integrantes, e também por conta do lançamento do Ok Computer do Radiohead sendo excessivamente apontado por todos como o primeiro grande álbum depois de Nevermind do Nirvana. Além disso, o British Pop estilo ao qual até então a banda se enquadrava estava vivendo seus últimos instantes. Porém Urban Hymns não vinha citando British Pop nem muito menos nada dos anos noventa, era um álbum com grandes orquestrações com ênfases em violinos e geniais guitarras lisérgicas, sem dúvidas Richard Ashcroft e Nick McCabe exageravam nesse álbum em uma fascinação dos dois, que eram os lendários álbuns psicodélicos dos anos sessenta Beatles, Stones e Beach Boys foram influência para toda viagem onírica trazida pelos dois para a cena do rock em 1997. A critica ainda meio tonta por conta do Radiohead foi aos poucos entendendo a genialidade do álbum, a música  Bitter Sweet Symphony foi o carro chefe tanto nas rádios quanto na MTV no clip Richard saia andando em meio a uma Rua de Londres esbarrando em todos e cantando os versos da letra. Essa música foi acusada de plágio por Jagger & Richards dizendo que eles haviam roubado o sample do inicio da canção de uma música deles chamada The Last Time depois de uma batalha na justiça Jagger& Richard venceram a parada. Mas o álbum ainda tinha Sonnet, a ultra- psicodélica Catching in the butterfly, Lucky man que foi uma letra que o Bono Vox disse que sempre sonhou em escrever. Em 1999 após o mainstream aos seus pés e grandes turnês o The Verve encerrou a carreira voltando em 2007 com um novo álbum que nem de longe lembrava Urban Hymns. Desta forma brigas de ego, milhares de discos vendidos, acusações de plágio, sem todos esses acontecimentos isso tudo aqui seria um grande erro, Nietzsche estava certo.


sexta-feira, setembro 28

Femme Fatale

Ela tinha tudo pra ser uma foda legal. Bonita de estampar uma propaganda de cerveja mediana ou um calendário numa pose sensual pregado na parede de um oficina com homens sujos de graxas dizendo: - ah se te pego, loira gostosa. Conheci num fim de noite. Voltava de um lance de vender carros roubados pro Pará. Ela falava e eu só concordava. Queria só uma foda ou quem sabe duas, três no máximo, não tomo Viagra.Tenho medo de Infarto. Caipirinha no canudinho na sua boca carnosa e água mineral pra mim depois do meu inicio de cirrose. Vamos pro Motel? Rápido como apertar o gatilho e matar um cretino. Mas no caso ela era a vítima de cabelos cheirosos e pernas grossas e salto tão alto que quase chegava a nivelar a minha altura. Uma foda em pé cogitava, é claro. Em cima da cama tirando a roupa como uma striper. Closer perto demais. Natalie Portman Tropical oxigenada.

Entramos no táxi. Bandeira Dois. Direto pro Motel mais próximo.

Ar condicionado marcando 15 graus. Frigobar. Um cigarro Carlton. Filme romântico semi-pornográfico na tela fullscreem do canal TELECINE.

Tirei a roupa dela e ela abriu as pernas e eu enviei meu pau em algo parecido com uma boneca inflável. Não se mexia, muda, sem lubrificamento e nem quis fazer uma chupetinha ainda teve a coragem de me chamar de meu amor quando decidiu gemer algo. Fiquei com raiva.

- Eu te conheci há duas horas e só minha esposa me chama de meu amor. E você vem com essa.

Não era um dia legal. Foda pior ainda. Peguei a pistola na minha maleta. Bala na cabeça da desgraçada.

Bem que ela tinha o cabelo cheiroso. Mas já foi.

quinta-feira, setembro 27

SEXO NO PRIMEIRO ENCONTRO, E AGORA?


                                                             Fonte: site www.ds.com.br


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OBRIGADO!!

SEXO, MENTIRAS E BEST SELLERS


                                                         
                                                                     Fonte: Kit promocional 50 tons em cinza


Casamento de casais homoafetivos, mudanças de sexo, poligamia consentida, será se deu a louca no comportamento de nós seres humanos? Reflexos da pós-modernidade? Transgressão de valores? Responda as perguntas quem obtiver as melhores respostas. É óbvio que os tempos são outros, realmente as relações estão abertas a todas as possibilidades, já não atendemos mais o pedido dos padres, a santa igreja com a velha máxima de consolidação da família como instituição sagrada. Ok mas perae algo deve estar errado, padre reafirmando valores morais da família, e como ficam os casos de padres pedófilos?  Bem eles parecem não serem mais exemplos para ninguém. Pois bem um fato já parece não ser mais novidade, a crescente emancipação do sexo feminino, em todos os sentidos. Antes tudo proibido escondido atrás da cortina da moralidade familiar, é muito claro que elas quebraram barreiras, avançaram os limites, chegaram aonde queriam chegar. Seriam elas as porta-vozes de todas as modificações nos valores atuais? Sem dúvidas existe um que de verdade nisso. Mulheres sempre sentiram prazer, hoje podem expandir esse desejo bem mais, imaginemos que poucas coisas são tão prazerosas para uma mulher moderna que um dia inteiro em um shopping Center. Certo mas o que tem a ver shoppings com expansão feminista? Shoppings rimam com roupas, maquiagens, salões de beleza, academias, culto ao corpo, sensualidade, música, bem estar, status social. Realmente há um tempinho atrás não existiam tantas possibilidades.

Nelson Rodrigues sempre nos mostrou através de seus textos que mulher sempre soube satisfazer seus desejos, está lá escrito na (Vida como ela é) e (Engraçadinha, mas ordinária). De fato concordemos mais uma vez mulher sempre desejou. Mas nunca esteve tão à vontade para fazer isso como hoje em dia. Recentemente um best-seller vem chamando a atenção por tratar de um assunto muito peculiar ao universo de Nelson Rodrigues, o desejo feminino de apanhar de seu parceiro, o livro chama-se (50 tons em cinzas) o enredo trata de uma estudante de literatura que conheci um homem maduro, atraente, bem sucedido e bilionário. Além dessas características possui outra bem marcante que é o fato de ser obcecado por controle, esse fato o faz propor a estudante um relacionamento com nuances sadomasoquistas, e pasmem através de um contrato. Sucesso de vendas nos principais centros ao redor do mundo, o livro vem causando diversos debates entre sociólogos, psicólogos e leitores. Segundo Nelson Rodrigues toda mulher gosta de apanhar, ou explicando melhor só as normais. Profecia de um mestre da literatura para os dias atuais? Mudanças normais dos nossos tempos? Verdade abafada pelos pilares da boa moral? Tirem suas próprias conclusões, no momento atual as certezas andam em baixa, mas nos restam nossas sinceras opiniões.


leve


que parei de andar
cresceram asas nos pés
o asfalto nem beliscou as havaianas
e as letras todas em minúsculas
- olhe pro céu?!
lá vai um homem voando
e nem é o Superman

quarta-feira, setembro 26

VOTO ERRADO X TRISTES CONSEQUÊNCIAS.


                                                              
                                                                                    Fonte: Inolucasnoticias

ERA UMA VEZ...
JOÃO QUE AMAVA MARIA SUA MULHER E PEDRINHO E JOANA SEUS FILHOS, CERTO DIA APARECEU EM SUA PORTA (SEU FORTUNA) CANDIDATO A PREFEITO DE SUA CIDADE, SEU FORTUNA LHE DEU UMAS GALINHAS E PEDIU QUE JOÃO VOTASSE NELE. POIS BEM PASSADO UM TEMPO CHEGOU A ELEIÇÃO JOÃO VOTOU EM SEU FORTUNA E COINCIDENTEMENTE SEU FORTUNA VENCEU A ELEIÇÃO. CERTA VEZ HOUVE UMA VOTAÇÃO NA ASSEMBLÉIA DE DEPUTADOS PARA VOTAR A FAVOR DE MELHORIAS NA SEGURANÇA PÚBLICA DA SUA CIDADE, MAS SEU FORTUNA NÃO COMPARECEU, SEU FORTUNA ESTAVA NA SUA FAZENDA LÁ DO OUTRO LADO DO PAIS EM OUTRO ESTADO COMPRANDO GADOS. PELA GRANDE MAIORIA DA VOTAÇÃO OS DEPUTADOS NÃO VOTARAM A FAVOR, POIS ALEGARAM FALTA DE VERBAS, MAS NA SESSÃO UM DIA DEPOIS VOTARAM AUMENTO DO SALÁRIO DELES OS DEPUTADOS DAQUELA CASA. PASSOU-SE UM TEMPO LÁ ESTAVA JOÃO INDO COM SUA MULHER E SEUS DOIS FILHOS NA FEIRA, CHEGANDO LÁ TEVE INICIO UM TIROTEIO, ASSALTANTES TROCAVAM TIROS COM COMERCIANTES QUE ERAM ROUBADOS QUASE QUE DIARIAMENTE ALI, NO MEIO DO TIROTEIO A MULHER E OS DOIS FILHOS DE JOÃO FORAM ATINGIDOS GRAVEMENTE. DESESPERADO JOÃO PEDIU AJUDA AOS PASSANTES QUE LHE AJUDARAM A LEVAR A MULHER E OS FILHOS AO HOSPITAL, MAS CHEGANDO LÁ O HOSPITAL ESTAVA LOTADO E SEM MÉDICOS, POIS OS MESMOS ESTAVAM EM GREVE, REIVINDICAVAM AUMENTO DE SALÁRIO. DEPOIS DE ALGUNS MINUTOS ESPERANDO NO CORREDOR DO HOSPITAL JOÃO VIU SUA MULHER E OS DOIS FILHOS MORRENDO NA SUA FRENTE, SEM QUE ELE PUDESSE FAZER NADA. NO DIA DO ENTERRO APÓS VOLTAR SOZINHO PARA CASA, JOÃO ESTRAÇALHADO DE TRISTEZA E DOR, AO CHEGAR OLHOU A FOTO DE SEU FORTUNA SORRINDO NA SALA DE SUA CASA, ARRANCANDO-A DA PAREDE PEGOU A FACA E SAIU NO QUINTAL A PROCURA DAS GALINHAS QUE HAVIA GANHADO DE PRESENTE, MAS ELAS NÃO ESTAVAM MAIS LÁ, ASSIM COMO SUA FAMILIA TAMBÉM NÃO. 

PLAY DO PONTO > MOLHO INGLÊS.


PLAY DO PONTO APRESENTA > MOLHO INGLÊS.

1. The Jam - Town Called Malice
2. Stones Roses - I Wanna Be Adored
3. The Seahorses - Love me and Leave me
4. Tears For Fears - Elemental
5. Echo and the Bunnymen - Killing Moon
6. Oasis - Some might say
7. Bush - Come Down
8. Stereophonics - Mr. Writer
9. The Verve - Sonnet
10. Radiohead - High and dry
11. Manic Strret Preachers - If you tolerate this
12. Travis - Sing.

Produção: Natan Castro.

segunda-feira, setembro 24

O ESTRANHO – DR. RIBINHA




Toc Toc Toc Toc

2 hrs da Madrugada


DR. RIBINHA - Entra!  Quem é você?

ESTRANHO - Sou...

DR. RIBINHA - Já falei pro seu Carlos que vou pagar aquela conta e não precisa vi me cobrar no Hospital... Aff... E ainda agora to lendo meu blog predileto o Ponto Continuando... Já ouvir falar?

ESTRANHO - Esse blog é massa... já saquei! Mas não sou esse cara não doutor que o senhor ta falando.

DR. RIBINHA - Já sei... Pode me mostrar o catálogo das NOVAS MEDICAÇÕES... E que hora estranha pra vocês trabalharem, né?

ESTRANHO - Hora estranha mesmo e é Lua Cheia e tem gente uivando por aí e pescoços salientes... Ai meu deus! Mas eu não sou vendedor de medicamentos... Mas pra ser sincero me acham um tanto estranho já que você usou essa palavra. Eu sou um...

JOSEFINA ENTRA NA SALA GRITANDO COM UMA VASSOURA NA MÃO.

JOSEFINA - Cadê aquele homem que virou um Morcego?

DR. RIBINHA - Hã? Morcego? Já mandei tu parar de dá um plantão em cima do outro isso ta te deixando maluca.

JOSEFINA - É um homem estranho! Ele disse que queria falar com o Doutor e pluft virou um morcego quando me viu.

DR. RIBINHA - Não tem morcego nenhum aqui, Josefina! Só tem esse estranho na minha frente dizendo que é estranho, mas cadê ele? Sumiu! Estranho. Acontece cada coisa estranha nesse Hospital.

JOSEFINA - Olha ele ali no canto?!

DR. RIBINHA - Onde?! Aquilo é um morcego... WHAT THE FUCK?

JOSEFINA - oradafoca?

DR. RIBINHA - Que foca nada, Josefina. É que PORRA É ESSA?

DR. RIBINHA - É ele O HOMEM ESTRANHO Dr. Ribinha. Tenho certeza. Vou matá-lo com essa vassoura!

INICIA-SE UMA CORRERIA DENTRO DA SALA DE DOUTOR RIBINHA. JOSEFINA TENTANDO ACERTAR UMA VASSOURADA NO MORCEGO. O MORCEGO PRA LÁ E PRA CÁ DESVIANDO DAS GOLPEADAS COMO AS CENAS DE BALA DO FILME MATRIX. E PLUFT. O MORCEGO VIRA O HOMEM ESTRANHO.

ESTRANHO - Por favor! Não me acerte essa vassoura. Sou gente boa, ou melhor, sou um vampiro. Só que eu não chupo mais sangue. Na verdade tem um mês que não chupo mais sangue humano. To anêmico e fraco. Estou aqui pra me tomar uma bolsa de sangue. Quero largar essa vida de vampiro. Ano passado peguei Sífilis e tive que tomar cinco Benzetazil na bunda... Que dor. E esse ano já peguei Hepatite. Ta complicado andar por aí sugando sangue de gente. O povo ta cheio de doenças, não era assim no passado. Vocês me entendem, agora? E meu Nome é Vlaudo Camargo Silva e tenho 431 anos. Eu vim junto com uma Caravela Francesa há 400 anos e parei nessa ILHA que era tão linda com índios suculentos... Mas isso é outro tempo. Sabe doutor?! Estava cansado daquele frio de doer os ossos da Romênia e me esconder naquelas horríveis Igrejas Góticas.

O VAMPIRO COMEÇA A CHORAR

JOSEFINA - Mas por que você tentou me atacar?

ESTRANHO - Porque... Você tem o pescoço lindo e charmoso... E tem sangue bom. Eu senti isso. Sangue indígena.

JOSEFINA - Obrigado... Digo seu filho de uma égua! É verdade... minha tataravó era índia.

ESTRANHO - Mas eu fui mais forte que minha natureza e me transformei logo num MORCEGO pra não fazer isso com você.

JOSEFINA - Que lindo!... Digo seu Cabra Doido!

DR. RIBINHA - Peraí! Vamos acabar esse papo que isso aqui não é Saga do Crepúsculo versão Marenhense. Senta ai seu Edward, digo Vlaudo. E te aquieta Bella, digo Josefina!

ESTRANHO - Ta certo, doutor.

DR. RIBINHA - Rapaz a parada é o seguinte vou te passar um atestado aqui que você tem HEMOFILIA e por isso você tem que tomar bolsa de sangue, senão você morre ok?

ESTRANHO - Ok.

DR. RIBINHA - E qual seu tipo de sangue?

ESTRANHO - Eu já tomei tanto sangue na minha vida que acho que devo ter todos os tipos de sangues.

DR. RIBINHA - Hummm... Você deve ser Receptor Universal. É o A B negativo. Vou anotar aqui na ATESTADO e Josefina separa um bolsa de sangue pra seu Vlaudo que o ex-vampiro ta anêmico. E me passa sua carteirinha do SUS e o numero do seu RG.

ESTRANHO – To aqui os documentos e muito obrigado DR. Ribinha e Dona Josefina!

DR. RIBINHA - É meu serviço. Não pagam bem, mas a gente se diverte.

ESTRANHO - Posso fazer mais uma pergunta?

DR. RIBINHA - Claro.

ESTRANHO - Dono Josefina você quer sair comigo pra um Restaurante Vegetariano?

JOSEFINA - Que gentileza... Eu quero. Mas só depois da transfusão sanguínea. Vai que você me ataca.

ESSES DIAS ANDAM MUITO, MAIS MUITO ESTRANHOS.

domingo, setembro 23

E o Caio caiu por aqui







é só responder por que vc quer este livro do Caio e 10 de outubro vamos escolher a melhor resposta.
clica aqui e participe. (:


..... e um conto blitz do menino:

Fim de tarde. Dia banal, terça, quarta-feira. Eu estava me sentindo muito triste. Você pode dizer que isso tem sido freqüente demais, ou até um pouco (ou muito) chato. Mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo muito triste? Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura. Projeções: e amanhã, e depois? e trabalho, amor, moradia? o que vai acontecer? Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará. Essas coisas meio piegas, meio burras, eu vinha pensando naquele dia. Resolvi andar. Andar e olhar. Sem pensar, só olhar: caras, fachadas, vitrinas, automóveis, nuvens, anjos bandidos, fadas piradas, descargas de monóxido de carbono. Da praça Roosevelt, fui subindo pela Augusta, enquanto lembrava uns versos de Cecília Meireles, dos Cânticos: "Não digas 'Eu sofro'. Que é que dentro de ti és tu? / Que foi que te ensinaram/ que era sofrer ?" Mas não conseguia parar. Surdo a qualquer zen-budismo, o coração doía sintonizado com o espinho. Melodrama: nem amor, nem trabalho, nem família, quem sabe nem moradia - coração achando feio o não-ter. Abandono de fera ferida, bolero radical. Última das criaturas, surto de lucidez impiedosa da Big Loira de Dorothy Parker. Disfarçado, comecei a chorar. Troquei os óculos de lentes claras pelos negros ray-ban - filme. Resplandecente de infelicidade, eu subia a Rua Augusta no fim de tarde do dia Tão idiota que parecia não acabar nunca. Ah! como eu precisava tanto de alguém que me salvasse do pecado de querer abrir o gás. Foi então que a vi. Estava encostada na porta de um bar. Um bar brega - aqueles da Augusta-cidade, não Augusta-jardins. Uma prostituta, isso era o mais visível nela. Cabelo malpintado, cara muito maquiada, minissaia, decote fundo. Explícita, nada sutil, puro lugar comum patético. Em pé, de costas para o bar, encostada na porta, ela olhava a rua. Na mão direita tinha um cigarro, na esquerda um copo de cerveja.
E chorava, ela chorava. Sem escândalo, sem gemidos nem soluços, a prostituta na frente do bar chorava devagar, de verdade. A tinta da cara escorria com as lágrimas. Meio palhaça, chorava olhando a rua. Vez em quando, dava uma tragada no cigarro, um gole na cerveja. E continuava a chorar - exposta, imoral, escandalosa - sem se importar que a vissem sofrendo. Eu vi. Ela não me viu. Não via ninguém, acho. Tão voltada para a própria dor que estava, também, meio cega. Via pra dentro: charco, arame farpado, grades. Ninguém parou. Eu, também, não. Não era um espetáculo imperdível, não era uma dor reluzente de néon, não estava enquadrada ou decupada. Era uma dor sujinha como lençol usado por um mês, sem lavar, pobrinha como buraco na sola do sapato. Furo na meia, dente cariado. Dor sem glamour, de gente habitando aquela camada casca grossa da vida. Sem o recurso dessas benditas levezas de cada dia - uma dúzia de rosas, uma música de Caetano, uma caixa de figos. Comecei a emergir. Comparada à dor dela, que ridícula a minha, dor de brasileiro-médio-privilegiado. Fui caminhando mais leve. Mas só quando cheguei à Paulista compreendi um pouco mais. Aquela prostituta chorando, além de eu mesmo, era também o Brasil. Brasil 87: explorado, humilhado, pobre, escroto, vulgar, maltratado, abandonado, sem um tostão, cheio de dívidas, solidão, doença e medo. Cerveja e cigarro na porta do boteco vagabundo: carnaval, futebol. E lágrimas. Quem consola aquela prostituta? Quem me consola? Quem consola você, que me lê agora e talvez sinta coisas semelhantes? Quem consola este país tristíssimo? Vim pra casa humilde. Depois, um amigo me chamou para ajudá-lo a cuidar da dor dele. Guardei a minha no bolso. E fui. Não por nobreza: cuidar dele faria com que eu me esquecesse de mim. E fez. Quando gemeu "dói tanto", contei da moça vadia chorando, bebendo e fumando (como num bolero). E quando ele perguntou "porquê?", compreendi ainda mais. Falei: "Porque é daí que nascem as canções". E senti um amor imenso. Por tudo, sem pedir nada de volta. Não-ter pode ser bonito, descobri. Mas pergunto inseguro, assustado: a que será que se destina?


sábado, setembro 22

PLACEBO








Imagine um dia você acordar de um sonho, onde nesse sonho você era ninguém menos que o camaleão do rock, isso mesmo Mr. David Bowie. E imagine ainda que após acordar desse sonho você estivesse certo que era de fato o cara e dali pra frente levasse isso a sério. Para falarmos do Placebo precisamos imaginar algo nessa natureza, Brian Molko (vocal, guitarra) e Brian Olsdal (Baixo) junto do baterista Robert Schultzberg iniciaram a banda depois de uma apresentação em Luxemburgo em 1994, a principio a banda chamava-se Ashtray Heart, mas ainda nesse ano mudou o nome para Placebo. Depois de algumas trocas nas formações em 1996 lançaram o álbum Placebo e participaram do filme Velvet Goldmine que foi inspirado no movimento Glitter Rock onde tocavam numa banda fictícia chamada The Flamming Creatures. Esse foi o ponta pé para o inicio de uma carreira com milhões de discos vendidos ao redor do mundo, a banda se diz uma banda Europeia já que os integrantes são de diversos países da Europa como Suíça, Bélgica, Inglaterra.

O convite para participarem do filme Velvet Goldmine não foi por acaso, desde o primeiro show um detalhe chamou a atenção de critica e público, além é claro das ótimas músicas. Brian Molko vocalista do Placebo assumia no palco o estereótipo da androginia, muito festejada nos anos 70 por grandes nomes como Marc Bolan, Lou Reed e David Bowie. Esse último uma grande influência para a banda inclusive, vindo depois a tocarem juntos em algumas ocasiões. Placebo apresenta desde o primeiro álbum uma sonoridade intensa e particular, as letras traduzem fielmente a androginia externada por Brian Molko, o som do Placebo é moderno e sempre atual, calcado por magnificas distorções de guitarras e belíssimas viradas de baterias, além dessa sonoridade ser influenciada pelo barulho das metrópoles, nos lembra também na figura de Brian um dos mais interessantes movimentos acontecidos no rock. Por essa razão dificilmente outro nome cairia tão bem a banda quanto Placebo.

sexta-feira, setembro 21

Dinheiro do além



Ora vejam só... fui agraciado pela sorte e a fortuna, achei R$ 2,00 ontem quando ia pra casa.


O achado desta grande soma de dinheiro, me lembrou de uma história passada ainda nos meus tempos no ‘exílio’ quando eu morava em uma pequena cidade do interior do estado.

O quintal da minha casa lá, era grande e quase totalmente tomado por um vasto bananal. Certa tarde, lá por voltas das cinco ou seis horas, eu resolvi apanhar alguns cachos de bananas, vesti uma bermuda, peguei um facão e fui pro quintal a procura de algum cacho maduro pra cortar. Andei por alguns minutos de cara pra cima procurando e nada, aí de repente baixo a cabeça e avisto no chão uma nota de R$ 2,00. Abaixei e peguei a nota, na hora supus que algum dos filhos dos meus vizinhos que viviam pelo meu quintal caçando pipiras azuis, a tivessem perdido numa dessas andanças por lá. Coloquei a nota no bolso e segui em frente na procura de bananas. Ando alguns passos, paro um pouco pra olhar em volta e quando abaixo a cabeça, algo no chão me chama a atenção, era outra nota de R$ 2,00. Dessa vez fiquei desconfiado, achar uma nota de R$2,00 no meio de um bananal era até certo ponto normal, mas daí a achar duas? Olhei em volta cuidadosamente procurando algum movimento suspeito que denunciasse se estava lá sozinho ou não, mas não vi nada, tornei colocar a nota no bolso e segui a diante. Mas confesso que a essa altura eu já andava com um olho nas bananas e outro no chão. Foi aí que quase em baixo dos meus pés vi algo que fez meus pelos arrepiarem, lá estava, mais uma nota de R$ 2,00.

Dessa vez eu tinha certeza de que alguma coisa não estava certo. Parei olhei ao redor e disse em voz alta que se alguém estivesse de brincadeira comigo ia se dar mal e ainda perderia o dinheiro, pois eu não ia devolver. Mas novamente só o silêncio me envolvia alí naquele bananal. Já começava a escurecer, então subitamente comecei a ficar meio apreensivo (pra não dizer com medo) ora bolas, era muito estranho achar dinheiro assim, vai lá saber quem era que estava “me dando” esse Dinheiro??? Assim por assim, achei melhor dar o fora daquele bananal o mais depressa que pude, entrei em casa, tranquei a porta dos fundo e fui para o quarto contar o dinheiro, meti mão no bolso e entendi tudo. Não deu pra controlar o riso diante da minha solitária pagação de mico.

Era meu bolso que estava furado.

Garoto Lithium


quarta-feira, setembro 19

Play - Ponto Continuando.



Play do Ponto Continuando apresenta essa semana:

SONGS FOR THE DEAF.

1. Silverchair - Across the Night
2. Interpol - Pioneer To The Falls
3. Kings of Leon - Notion
4. New Radicals - Someday We´ll Know
5. Placebo - Specials K
6. Foo Fighters - The Best of You
7. The Verve - Sonnet
8. The Walflowers - The Difference
9. The Queens of the stone age - No one Knows.


Produção Musical: Natan Castro.


O BEBEDOURO - DR. RIBINHA


PERSONAGENS PRINCIPAIS POR ORDEM DE APARECIMENTO

JOSEFINA – ENFERMEIRA
VASCAÍNO – PADIOLEIRO
JOSÉ DE RIBAMAR – PACIENTE
______________________________________________________________

3hrs DA MADRUGADA

TOC TOC TOC

DOUTOR RIBINHA - Pode entrar! Seja lá quem for...

JOSEFINA - Tem um paciente que chegou de dar entrada... Parece grave!

DOUTOR RIBINHA - Putz...  Tava lendo o blog PONTO CONTINUANDO.. que caras malucos... Vamos lá my girl a sociedade pós industrial nos chama!

JOSEFINA -...”Mai” o que siô?

DOUTOR RIBINHA  - É “minha garota”... To estudando inglês e tal é que to a fim de pegar uma estrada como naqueles filmes  americanos... e dá um tempo...tipo: on the Road !

JOSEFINA - Homidêuorô?

DOUTOR RIBINHA - Eu não dei nada porra... Mas sim... O que ele tem?

JOSEFINA - Pressão aumentada. Retenção de liquido e muitas dores nos flancos e disse que a culpa da mulher dele que ele não faz mais o mocotó que ele gosta...

DOUTOR RIBINHA  - Me daqui os exames dele!
JOSEFINA - É todo seu. Vou aqui vê outro paciente e já volto.

DOUTOR RIBINHA  - Uréia aumentada.... Acido úrico também... Insuficiência renal crônica..  Manda pra sala de cirurgia. O Rim pifou... Só outro. Josefina vem cá!
JOSEFINA ( DE VOLTA A SALA) - E aí?

DOUTOR RIBINHA - Vai entrar na faca.

JOSEFINA - Vou Chamar o Vascaíno pra ele subir o paciente...

DOUTOR RIBINHA - E eu vou fazer umas ligações.

NO CELULAR

DOUTOR RIBINHA - Alô?! Banco de Rins?

ATENDENTE COM SONO - Não temos rins.

OUTRO TELEFONEMA

DOUTOR RIBINHA - Associação de Doadores regional de Rins sem Sal?

GARÇONETE - Aqui agora é O Bar e Restaurante Petisco & Cerveja Gelada. Deseja fazer alguma reserva ainda temos uma mesa senhor e estamos aceitando cartão Visa ou OUROCARD?

MAIS OUTRO TELEFONEMA

DOUTOR RIBINHA  - Alô? Senhor, Ficha Preta?

FICHA PRETA -... Porra Dr. Ribinha mora dessa me ligando... não te preocupa que deixo amanhã a parada na sua casa...

DOUTOR RIBINHA - Não é isso não... É outra coisa.

FICHA PRETA - O que DOUTOR?!

DOUTOR RIBINHA - Aquela parada de pegar viciado e tirar os Rins dele pra mandar pra África do Sul... Tem algum Rim desse aí?

FICHA PRETA - Se o siô ligasse ontem tinha... já envie...os cara tão pagando 6 mil dólares por cada Rim, meu cumpade!

DOUTOR RIBINHA - Putz...

DESLIGA O TELEFONE

COÇA O NARIZ. TIRA MELECA DO NARIZ. ESPREME UM CRAVO. DOIS CRAVOS. ESPIRRA. ENXUGA O NARIZ NO JALEGO. E APARECE UMA LÂMPADA IMAGINÁRIA EM CIMA DA CABEÇA DE DOUTOR RIBINHA.

SALA DE CIRURGIA

DOUTOR RIBINHA - E aí, José de Ribamar?

PACIENTE - Oi doutor. Não vou morrer não, né?

DOUTOR RIBINHA - Só dormir durante 1 dia inteiro e depois acordar.

PACIENTE - Que bom... Se eu não morrer diz pra minha mulher preparar um mocotó, uma farofinha, pra quando eu sair daqui.

PACIENTE - Ok.

DOUTOR RIBINHA- Josefina, cadê o Anestesista formado na USP?

JOSEFINA - Faltou.

DOUTOR RIBINHA - Meu pau de óculos. É por isso que falam mal do SUS. Aqui parece à Casa da Mãe Joana. E Josefina, me passa aquela ampola que matou o Michael Jackson e faz 30 mil com 10 ml de água destilada pra esse rapaz dormir e em falando no Rei do Pop... Liga a radio na FM aí Vascaíno que ta passando Moments of Love.

10 MIN DEPOIS PACIENTE EM SONO PROFUNDO.

DOUTOR RIBINHA - Vascaíno vamos aqui fora no bebedouro.

VASCAÍNO - Hã? Ta com sede patrão! Eu trago água.

DOUTOR RIBINHA - Não é isso não... É outra coisa.

DOUTOR RIBINHA E O PADIOLEIRO EM FRENTE AO BEBEDOURO

DOUTOR RIBINHA - Rapaz, tu vai arrancar os filtros desse bebedouro!

VASCAÍNO - Pra que doutor?

DOUTOR RIBINHA - Tu vai saber.

SALA DE CIRURGIA

DOUTOR RIBINHA - Cadê Josefina?

VASCAÍNO - Sumiu.

DOUTOR RIBINHA - Tu vai ser meu instrumentador. Não te preocupe. Me passa aquela faca ali...o Bisturí.

VASCAÍNO - Pega.

DOUTOR RIBINHA – Aquela ali... A Mayo.

VASCAÍNO - Mas já estamos em Julho.

DOUTOR RIBINHA - É o nome da pinça. E me passa também os filtros...

DEPOIS DE ALGUMAS HORAS O PACIENTE ESTÁ COM FILTROS NO LUGAR DOS RINS E NOVINHO EM FOLHA.
 

segunda-feira, setembro 17

Uma Francesa no chat do Facebook


(Eu) - Olá.
(Ela) - Hola! Sorry… Don`t speak Spanish!
(Eu) - Ok. E eu não sei falar Árabe.

Será que ela assistiu aquele episódio dos Simpsons no Brasil?


O estranho caso amoroso de Felisvaldo.



                                                               Foto: Éugene Cyrelle.




Felisvaldo amava Ritinha, e era um amor de uma pureza como poucos são. Ele a amava desde os tempos de escola, quando passava horas admirando-a de longe e desmanchando-se em suspiros. Por ela tinha feito as maiores loucuras que uma pessoa pode fazer por outra. Não tinha favor que ela lhe pedisse que ele rejeitasse, fazia-lhe de um tudo, só para estar perto dela. Chegou ao ponto de se converter e frequentar a mesma igreja que ela frequentava com a família, visto que eram todos evangélicos, e Felisvaldo achou que assim seria um bom caminho para vir a ser um candidato a pretendente de Ritinha.

Como já falei, Ritinha vinha de uma família de crentes contritos e muito conservadores. Era a filha única de Sr. Salustiano e D. Candinha, e como tal, era cercada dos maiores cuidados. Moça recatada, versada nas prendas domésticas, estudiosa, um anjo de pessoa. Um anjo, era assim que Felisvaldo a via. Ela com seus belos olhos azuis, cabelos dourados, pele branca, feições delicadas e tímida, parecia aos olhos de Felisvaldo um ser angelical.

O tempo foi passando e Felisvaldo foi ganhando a confiança da família da moça, era prestativo, solícito e pouco a pouco foi se tornando frequentador da casa de Ritinha e se tornando amigo dela. Iam juntos aos cultos da igreja e ele sempre vinha lhe deixar em casa, só como pretexto para poder ficar jogando conversa fora com ela na porta de sua casa. Bebia suas palavras como se fossem o néctar dos deuses. Estava completamente apaixonado por ela, e a cada dia que passava aquele sentimento crescia mais.
Certo dia, uma tragédia se abateu sobre a família de Ritinha, seus pais faleceram em um acidente de carro e a moça agora começava a passar por sérios problemas

Com a morte dos pais, Ritinha começou a ter sérios problemas financeiros, as dívidas da família recaíram sobre ela e como esta não tinha emprego, foi obrigada a vender quase tudo que tinha para saldar seus credores. Felisvaldo se dispôs a ajuda-la, ofereceu-se para pagar as dívidas, mas ela recusou. O pobre e apaixonado Felisvaldo chegou a implorar para que ela aceitasse sua ajuda sincera, mas ela era enfática, não queria.

breves considerações sobre beber sozinho


faz tempo que queria escrever este. há tempos que não tenho conseguido reservar um minuto para valsear a sós com uma garrafa de whisky. 
***
“Um Martini bem-feito ou Gibson, corretamente refrigerados e bem servidos, têm sido mais frequentemente meu amigo verdadeiro do que qualquer criatura de duas pernas.” (M. F. K. Fisher)
***
todo homem possui o mundo dentro de si. o poeta é um homem que aprendeu que sentimentos como angústia, amor, ódio, desejo, felicidade, paixão são completamente internos. um poeta jamais colocará sua felicidade em algo externo, como um objeto ou uma pessoa. beber sozinho é sentar-se em companhia do mundo imerso dentro do seu ser. um homem tem o mundo dentro de si. um poeta sente o mundo dentro de si. a felicidade do homem está nas coisas externas, o que, na visão do poeta, é impossível. a felicidade está dentro de cada um. ao exteriorizar a minha felicidade, dando-a forma e significado - e um corpo, torna-la-ei incompleta. dizem para que eu faça mais do que apenas existir. certo… mas só existo de forma completa dentro do meu ser - fora dele, sou apenas vultos de luz, o ecoar quase imperceptível de gritos de loucura interior. 
***
“Era bom estar solitário num lugarzinho, sentado, fumando e bebendo. Sempre tinha sido uma boa companhia para mim mesmo.” (Charles Bukowski)
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encontre-se em alguma esquina dentro do frasco e tenha uma boa conversa. por mais paradoxal que seja, espere encontrar um desconhecido. talvez um perdido, um fodido… alguém totalmente diferente do que você esperava de si mesmo. acontece. beba com ele até perceber que você é o estranho, o tolo, o falso, que não sabe o que faz. deixe-o tomar o controle - talvez, em algum momento do passado, enquanto bebia, ele tenha assumido o controle. mas algo deu errado. o fato de não se conhecerem faz com que ele (o estranho dentro da garrafa) não se importe com você e vice-versa. eis o problema de beber em público - quem está a nossa volta, acaba nos conhecendo melhor do que a nós mesmos. Charles Russel dizia que você não sabe nada sobre um homem até que você tenha ficado bêbado fedendo com ele. por isso, a conversa é necessária. troquem socos, facadas, insultos e não seja simpático no início. um discurso rude pode significar muito mais do que qualquer discurso. 
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“Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo, que vos abate e vos faz pender para a terra, é preciso que vos embriagueis sem cessar[…]” (Charles Baudelaire)
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o único meio de alcançar alguma grandeza espiritual se dá através da loucura, acompanhada de devastação e sacrifício. os poucos que alcançaram tal patamar, não estavam interessados, talvez, na grandeza da sua alma, mas sim, tomados pela angústia de estar em meio à tanta podridão e espíritos pequenos vivendo como se nunca morressem… tente mostrar para alguém a sua insignificância no universo e sentirá a brisa leve, fria e cruel do sentimento de deslocamento - pois te darão aquele olhar. bem, que se dane. ainda lhe resta a garrafa. ainda lhe resta a si mesmo. tudo é em vão. a vida que os universitários levam é em vão. o motorista de ônibus. o frentista. a mina que da o cu no banheiro da balada. não há nada mais vão que a vida e, ao mesmo tempo, não há compensação - talvez uma vida feliz. até a felicidade é vã. a vida apenas é. assim como todas as coisas são. assim como essas palavras são vazias. mortas. e eu nem estou bêbado. ainda. não vou a lugar algum - mas vou ficar embriagado. de vinho, de poesia, de virtude e - acrescento - de um bom blues. e depois, vou vomitar tudo numa sarjeta qualquer. há muito lixo dentro de qualquer homem para ser vomitado. 
***
na manhã seguinte, evite pensar por qual beco escuro você pode ter ido sem sair do quarto.
nunca nos esquecemos do homem que nos faz companhia enquanto bebemos sozinhos. enquanto estivermos bêbados no meio dum bar lotado, será possível vê-lo no reflexo no fundo do copo.