sexta-feira, agosto 31

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VOTO FISIOLÓGICO E 400 ANOS DE SÃO LUIS.


                                           Fonte: Rede Esgoto de Televisão.




Em tempos de eleição e de aniversário de 400 anos de São Luís, é bem fácil ouvirmos de todos os lados apontamentos sobre uma possível salvação de toda degradação que nossa capital vem passando há bastante tempo. Se imaginarmos que o prefeito e a governadora são autoridades paridas no mesmo ventre maquiavélico. Quem bem souber não acreditaria em nenhuma das promessas de campanha de nenhum dos lados, isso me faz lembrar algumas análises proferidas pelo genial Millôr Fernandes ainda na década de oitenta quando foi perguntado sobre o que achava do inicio de governo do então presidente e nosso conterrâneo José Sarney “Governo Sarney, já se começa ver a escuridão no fim do túnel.” E ainda segundo Millôr o Sarney era o retrato escancarado de uma espécie de fisiologismo especifico do Nordeste Brasileiro, onde a população acredita piamente que se o candidato conseguiu chegar a um cargo executivo seja ele de qualquer esfera, por esse motivo ele merece e pode nomear quem bem desejar para quaisquer cargos ainda sendo essa pessoa de sua família inclusive. Na opinião do Millôr Fernandes o Sarney era naquela ocasião uma pessoa abúlica, descoberta essa que fez ao analisar um de seus livros, onde constatou que o atual presidente não conseguia em seu livro formular uma frase, ou seja, juntar sujeito, verbo e predicado. Em suma um “usurpador metafisico.” É bem verdade que dos anos oitenta para cá essa tese só vem se confirmando, com certo requinte de crueldade com a democracia, por percebermos que em São Luís nos dias atuais é bonito e de certa forma motivo de status você ter algum parente apadrinhado pela família ou citando outro exemplo desempenhar um papel de fantasminha de folha de pagamento de gabinetes políticos. Isso só reforça o voto fisiológico explicitado por Millôr e antropólogos naquele ano.

Nesses 400 anos o que mais pode nos acalentar é a diversidade e força da nossa cultura, de uma cultura genuinamente Maranhense construída com informações europeias por conta de nossos colonizadores e mais ainda daquilo que veio da mãe África nos navios negreiros. Essa cultura vem se perpetuando por todo esse tempo, pelo simples fato de ser fruto de indignação desde aqueles tempos até os dias atuais. O tambor de crioula era uma festa a principio onde os negros nas senzalas criaram danças aos sons de batuques dos tambores para reduzir as dores da labuta diária. Hoje sabemos que o tambor de crioula é um patrimônio imaterial, assim como sabemos que o poder estabelecido pelas elites partidárias usam e abusam dele servindo de ridícula tática de campanha. Ainda sendo um termo da Grécia antiga “Panis Et Circense.” cai muito bem em tempos de 400 anos de São Luís.