segunda-feira, dezembro 28

Top 10 - Discos do Rock Britânico Anos 80

     O rock britânico nos brindou nos anos 1980 com inesquecíveis e inigualáveis álbuns, que marcaram toda uma geração. Com o enfraquecimento do rock progressivo e do punk, a new wave, a neo-psicodelia e o rock gótico tomaram de assalto as rádios e os ouvidos de inúmeros jovens da terra da rainha Elizabeth II. Com vocalistas carismáticos e excelentes músicos, as bandas do rock britânico dos 80 encantaram o mundo e influenciaram vários jovens espalhados pelo mundo. Fiquem com uma pequena fatia de álbuns do rock britânico dos anos 80.


1 - The Teardrop Explodes: Kilimanjaro

https://www.youtube.com/watch?v=x2upMkmSmJ8

2 - The Smiths: The Queen Is Dead

https://www.youtube.com/watch?v=dJVaxD8GDWw

3 -  The Cure: The Head On The Door

https://www.youtube.com/watch?v=VdeVnJrs6Qc

4 - Bauhaus: Mask

https://www.youtube.com/watch?v=bMmd8-5oG3Q&list=PLW79q83govkUtfhe1ZSJSPn4S29BK3zY9

5 - U2: War

https://www.youtube.com/watch?v=YFamJo1B7gs&list=PLwDp_LrttPpS6AUtMFI2ZmiKnhQlfrlaJ

6 -The Stone Roses: The Stone Roses

https://www.youtube.com/watch?v=mzY2L1ZnNMI

 7 - The Jesus And Mary Chain: Darklands

https://www.youtube.com/watch?v=xnSOs47YS3E

8 - The Sisters Of Mercy: Floodland

https://www.youtube.com/watch?v=H0DivlmO--U

9 - The Cult: Love

https://www.youtube.com/watch?v=s8uVuLQGLTQ&list=PLNsydrw6OBAF-J-p7GWa9CtqQ4hFoXrcE

10 - Siouxsie And The Banshees: Kaleidoscope

https://www.youtube.com/watch?v=iMPmZFfhFg8&index=1&list=PL00136902DED1D59F


OBS: Clique na foto da capa para ouvir o álbum.

quinta-feira, dezembro 24

Pílula da USP


O medicamento chamado cientificamente de fosfoetanolmina, criado por um químico e professor aposentado da instituição, Prof.° Dr.° Gilberto Orivaldo Chierice, que trabalhou durante anos no Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC-USP) na cidade de São Carlos no interior do estado de São Paulo.

Está causando maior polemica em todo o país, especialmente no estado de São Paulo, em virtude da divulgação nas redes sociais para o uso desse medicamento que promete a cura do câncer, e causando a correria das pessoas a justiça em busca do direito em obter o acesso as capsulas e o seu uso.

O problema é que o medicamento não tem reconhecimento dos órgãos de fiscalização como a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANVISA), o próprio Ministério da Saúde e outras agências reguladoras.
Em contrapartida, as pessoas portadoras do câncer que tiveram o acesso ao medicamento, afirmam que tiveram melhoras no seu estado clinico com o uso das pílulas, regredindo consequentemente o avanço da doença, e se há relato destas pessoas, porque o medicamento ainda não foi reconhecido pelos órgãos fiscalizadores e reguladores e nem foi feito ainda os testes em humanos para comprovar a eficácia?

Os motivos os quais foram citados está além da burocracia estatal, a indústria farmacêutica fatura milhões, bilhões e/ou trilhões por ano em vendas de remédios, controlam a fabricação de medicamentos e exercem a fortíssima influência sobre os governos, principalmente nos países pobres e em desenvolvimento onde as epidemias de doenças são comuns, especialmente na África.

O pesquisador e professor Dr. Gilberto Chierice pesquisa há mais de vinte anos o medicamento criado por ele e a sua equipe na USP, e já vinha sendo usado há anos por alguns portadores do câncer, porque as agências reguladoras e os governos não deram apoio ao experimento?

Se não fosse as redes sociais para propagar a existência desse medicamento, a sociedade brasileira de modo geral continuaria desconhecendo a existência da pílula e o professor/pesquisador continuaria no anonimato sem ter o reconhecimento da sua pesquisa para a cura do câncer.

Brasil tem bons pesquisadores e consequentemente pesquisas sendo desenvolvidas em fundo de quintal da casa a laboratórios de grandes universidades do país, infelizmente os governos, especialmente o governo federal não dá o devido incentivo aos pesquisadores e seus experimentos, o que acaba desestimulando.
Estados Unidos é o grande financiador de pesquisas, seja pelo governo, universidades e/ou pelas indústrias, entre elas, a farmacêutica, que eu já disse anteriormente, fatura milhões, bilhões ou trilhões anualmente, e devido o descaso do governo brasileiro, muitas pesquisas são patenteadas por outros países.
O que acaba levando muitos cientistas, pesquisadores e estudiosos brasileiros a trabalharem para as indústrias de diversos ramos, universidades ou até mesmo para o próprio governo dos Estados Unidos e outros países ricos para desenvolver diversas pesquisas, e são financiados para fazer os estudos e experimentos, mas em contrapartida, devem fidelidade ao país e a empresa que presta o serviço, e não pode associar as eventuais descobertas e invenções ao país de origem.
Santos Dumont é o grande exemplo, brasileiro pai da aviação, o famoso avião “14 Bis” em que conseguiu voar na décima quarta tentativa (essa é a razão do nome batizado a aeronave), foi realizado em Paris com incentivo de empresários franceses sem ajuda do governo brasileiro, exceto da Princesa Isabel que estava exilada na França após o fim da monarquia, deu apoio as suas invenções.
O inventor do avião que nós voamos diariamente, algo que há 100 anos atrás a humanidade achava ser impossível, é brasileiro, mas quem o apoiou que seria uma loucura para uns foram os franceses, e eles é que se vangloriam de ter criado a invenção.
Porque se fosse aqui no Brasil, dificilmente o Santos Dumont conseguiria realizar o sonho de voar, que era o sonho de todos os homens inventores de tempos em tempos, como o Leonardo da Vinci, porque o governo brasileiro e os empresários não acreditariam na invenção e o taxariam de louco.
Passados pouco mais de um século, outros inventores e loucos por aí continuam penando em busca de apoio e patrocínio, seja do governo ou da iniciativa privada, em virtude disso, muitos inventores, estudiosos, pesquisadores e “loucos” acabam aceitando ir para os Estados Unidos ou outros países ricos trabalhar para as grandes indústrias e universidades.
Voltando ao foco da discussão, o pesquisador da USP está na mesma situação, a diferença é que ele trabalhou e ainda trabalha para uma grande e renomada universidade, a Universidade de São Paulo, mesmo como aposentado, e continua desenvolvendo a sua pesquisa e tentar levar para os órgãos de fiscalização para que de fato o medicamento futuramente seja vendido em farmácias em todo o país.
A forte influência da indústria farmacêutica é um dos impedimentos para que o medicamento chegue a sociedade e ela tenha o acesso a pílula, o faturamento se dá à custa do sofrimento de várias pessoas principalmente as que não tem acesso.
O sofrimento é o grande lucro para as essas industrias, quanto maior as epidemias, doenças que alongam o sofrimento e impossibilita a cura, maior o lucro, vários presidentes, entre eles o próprio Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, tentou reformular o sistema de saúde, e em vão, porque o congresso do país tanto os deputados e senadores que representam interesses dessas industrias não permitiram.
A crise econômica no final dos anos 2000 e início dos anos 2010 levou muitos cidadãos do pais a depender do sistema público de saúde devido o desemprego, e os medicamentos cedidos pelo governo são fortemente restrito, aumentando ainda mais a enfermidade daqueles que não podem pagar o plano de saúde e remédios caríssimos.

A indústria farmacêutica passou ser vista como inimigo número 1 da sociedade mundial, principalmente dos enfermos e defensores dos direitos humanos que vê a influência sobre os países mais pobres como algo negativo, especialmente a África.

A mídia é fortemente atrelada aos interesses das grandes industrias, a prova disso é a matéria do programa “Fantástico” da TV Globo apresentado por Dráuzio Varela que explanou o assunto, médico de carreira, o mesmo de forma tendenciosa desqualificou medicamento ao alegar que não foi testado e nem regulamentado por órgãos como a ANVISA.

Entretanto, pesquisador e professor Dr. Gilberto Chierice não foi entrevistado e muito menos as pessoas portadoras do câncer que receberam o medicamento e tiveram melhoras para dar o seu depoimento, e nem levou em questão que a pesquisa é desenvolvida pelo professor há mais de vinte anos e algumas pessoas já usavam desde o início da pesquisa e que conseguiram a cura ou retardar o efeito devastador da doença.
O governo federal durante a gestão do Fernando Henrique Cardoso (1995-1998 / 1999-2002), especialmente no segundo mandato, através do Ministério da Saúde criou uma política de combate a AIDS para os portadores do vírus HIV, que foi a distribuição dos coquetéis pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de forma gratuita, pois o medicamento é caríssimo nas farmácias, e o uso contribui para o retardamento do avanço da doença.

Permitindo aos portadores do vírus da AIDS viverem com a melhor qualidade de vida e sem apresentar os sintomas, contribuindo para o ganho do peso, hoje Brasil tem as melhores políticas de combate a AIDS do mundo, e o acesso aos coquetéis para o tratamento é gratuito especialmente para os mais pobres.

E teve o reconhecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) na política de combate ao vírus do HIV, mas teve um país que foi contra a política implantado pelo governo brasileiro, os Estados Unidos, e por trás está a poderosa indústria farmacêutica.
Que mais uma vez afirmo, lucram milhões, bilhões e trilhões anualmente à custa do sofrimento alheio, o governo brasileiro quebrou a patente da indústria farmacêutica na fabricação, distribuição e comercialização exclusiva, contrariando os interesses do mercado, o que não agradou os Estados Unidos e os fabricantes claro.

Eu saliento, eu acredito que a cura da AIDS já tenha sido descoberta, assim como a cura do câncer, diabetes e outras doenças que ainda não há cura, porque primeiro eu acredito no poder da ciência, especialmente de descobrir a cura de diversas doenças, porque há anos desde o surgimento no final da década de 1970, os estudiosos vêm tentando descobrir a cura do vírus HIV, você acha que a cura não possa ter sido descoberta?

A indústria farmacêutica é a principal investidora em estudos e pesquisas para a cura das doenças, gastam fortunas para a descoberta ou formas de retardar o avanço delas, e em contrapartida, exigem a patente dos medicamentos que garantem a saúde, qualidade de vida e bem-estar, para compensar o investimento de acordo com a conveniência.

Vendem fortunas nos medicamentos, impossibilitando a todos terem o acesso que deveria ser gratuito, os países pobres e endêmicos como na África são os que mais sofrem com a falta de remédios que não é garantido a todos e nem de forma gratuita, não sendo à toa a taxa de mortalidade no continente ser altíssima na maioria dos países.

Aí eu faço novamente a pergunta, porque a ANVISA e outros órgãos reguladores não permitiu ou não se interessou em realizar os testes na pílula fosfoetanolmina nesses mais de vinte anos pelo pesquisador e professor Dr. Gilberto Chierice? Os órgãos responsáveis não tinham conhecimento? A pílula sempre foi distribuída de forma gratuita a alguns pacientes portadores do câncer e era realizado sob a responsabilidade da USP, o qual professor e pesquisador faz parte como servidor de carreira, ou seja, concursado.

O desenvolvimento da pílula não foi realizado nesses longos anos no fundo de quintal em sua casa, e sim no laboratório da universidade considerada a melhor da América Latina, das melhores do Mundo e referência no Brasil até para os estrangeiros quando vem para cá estudar.


Com toda a repercussão dada pelas redes sociais que tirou o pesquisador no anonimato, já está mais que na hora o governo federal através dos seus órgãos competentes realizar os testes para comprovar a eficácia da pílula, antes das fabricantes estrangeiras, especialmente dos Estados Unidos, resolverem patrocinar a pesquisa e exigir a patente, impossibilitando de uma vez por todas os portadores do câncer terem o acesso ao medicamente de forma gratuita, viver dignamente com qualidade e ter a cura definitiva da doença.

sábado, dezembro 12

Top 10 - Álbuns Essenciais da Psicodelia

Por um Maranhão Psicodélico

A Psicodelia foi um movimento musical sem precedentes na história da música, principalmente do Rock, propagando a expansão da consciência e meios de vida alternativos além do capitalismo selvagem. O movimento espalhou-se, além da música, na moda, nas artes plásticas, na arquitetura e no design. O auge do movimento psicodélico foi nos 1966, 1967 e 1968. Em 1967, ocorreu o Verão do Amor, no qual foram realizados festivais - e várias manifestações culturais e sociais - nos EUA e na Inglaterra, onde a psicodelia mais se manifestou. Então, fiquem com dez importantes discos do movimento psicodélico.

1 - The Beatles: Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band

https://www.youtube.com/watch?v=kz3lq0BebBM
  
2 - Jefferson Airplane: Surrealistic Pillow

https://www.youtube.com/watch?v=25JdMW7PwVQ

3 - The Byrds: Fifth Dimension

https://www.youtube.com/watch?v=yu2fT3OmH0Q

4 - The Rolling Stones: Their Satanic Majesties Request

https://www.youtube.com/watch?v=9aU0si_ernM&list=PLAwDi6KYdZqREMhQkVgVYdp8FXCNzfCHr

5 - The Cream: Disraeli Gears

https://www.youtube.com/watch?v=STJQZjQ6LhU

6 - The Blues Magoos: Psychedelic Lollipop

https://www.youtube.com/watch?v=R-PhK4RnvZ4

 7 - Donovan: Sunshine Superman

https://www.youtube.com/watch?v=R8C8-85AD9Q

8 - Country Joe & The Fish: Electric Music For the Mind and Body

https://www.youtube.com/watch?v=DprmuBbi0N0

9 - The Strawberry Alarm Clock: Incense & Peppermints


https://www.youtube.com/watch?v=-W93zdUKeGc


10 - The Zombies: Odessey & Oracle

https://www.youtube.com/watch?v=goDxhJl1UJE

OBS: Clique na foto da capa para ouvir o álbum.

terça-feira, novembro 17

Será que é tarde demais?


Se arrependimento matasse eu morreria um milhão de vezes.

Sou um besta, vaidoso, egoísta e sem noção. Perdi a mulher da minha vida por essas qualidades destrutivas que escrevi.

Trair. Traição. Quebra de fidelidade prometida e empenhada. Infidelidade no amor.

Amor não tem nada a ver com sexo dicionário.

...

Ela dizia que da janela do quarto cheirava o futuro e eu sou um puto ordinário, cachorro vira-la sem futuro, então


vou me embora pra Cedral

lá serei amigo de Zenhinha
E vou tirar a coira em Caratatiua 
vê a lua cor de sangue 
na volta pelo caminho de areia 
já pela noitinha

vou me embora pra Cedral

namorar a piquena mais sonhadora da cidade
e jogar dama com seu avô 
ouvindo atento suas histórias no mar
de quando era um grande pescador

Vou me embora pra Cedral

Comer juçara, pescado,
manga rosa, carne de sol, camarão seco, 
e muito xiri, mas 
só o da minha namorada
não vou de jeito nenhum lhe trair 

Vou me embora pra Cedral

me casar e ter vários filhos
um vai ser pescador como seu avô
o outro vai querer ir pra capital ser doutor
e o outro vai tocar violão e gostar de ouvir dorival caymmi
e ficar de preguiça na rede 
fumando erva da boa

...

e depois da morte
vou ressurgir encantado
lá pras bandas de Outeiro

...

Falo sozinho com ela e rio bobo. Vasculho suas fotos no facebook meio psicopata e vejo seu sorriso e isso me deixa feliz e ameniza a falta de sentido das coisas a tristeza e a canalhice. Ela tá com alguém. Ela tem amigos legais. Ela tem um trabalho gratificante. Ela me esqueceu?

Alguém me belisca pra ver se eu ainda não morri, por favor ! 

Sonhei outro dia que era o Homem Aranha derrotava inimigos por prédios destruídos e ia atrás dela jogando a teia e chegando na porta da sua casa ela disse um NÃO sorrindo ao meu pedido de retorno. Seria bem cômico senão fosse trágico toda a situação !   

Vou um fumar um trevo, dois trevo, ter uma tuberculose, minha cabeça dói, meu coração implode, será que é tarde demais?

quarta-feira, novembro 11

Juan Carlos Osorio: O profissional no mundo semiamador, personalista e centralizador do futebol brasileiro

 
Juan Carlos Osorio, técnico colombiano com larga experiência no futebol como jogador, ganhou destaque por ter se graduado técnico e pós-graduado em Ciência do Futebol da Universidade de Liverpool, começou a carreira como assistente num clube nos Estados Unidos e do Manchester City – Inglaterra até se tornar treinador por alguns clubes da Colômbia e dos EUA, até ser contratado pelo São Paulo Futebol Clube como grande aposta que poderia mudar o perfil do futebol brasileiro.

O agora ex-técnico do São Paulo, é um acadêmico e profissional no mundo futebolístico em que o profissionalismo ainda caminha a passos lentos no Brasil, e o clube paulista durante muitos anos foi referência e modelo de gestão para outros clubes brasileiros. E porque Juan Carlos não deu certo?

Foram vários fatores que contribuiram para a saída do treinador no clube, uma delas foi a crise interna entre os dirigentes que há tempo vinha ocorrendo que só agora veio à tona quando o presidente Carlos Miguel Aidar demitiu toda a diretoria, que estava interferindo diretamente no trabalho do treinador com os jogadores.

Outro fator que contribuiu para a saída do treinador foi a sua chegada ao clube em junho, com o campeonato brasileiro em andamento, substituindo o Murici Ramalho que ficou no comando do time há pouco mais de um ano.

Há uma aversão dos jogadores brasileiros aos treinadores estrangeiros quando estes atuam no Brasil, porque o profissionalismo no futebol fora do Brasil é bem levado a sério, e os jogadores quando atuam aqui não gostam do comprometimento.

E além do mais, o Juan Carlos não é muito conhecido no Brasil, e os jogadores do São Paulo não conhecem a sua filosofia de trabalho e o profissionalismo, dificultando o relacionamento com alguns jogadores que não assimilaram o treinador.

Ao assumir o comando do time com o campeonato em andamento, foi também o fator primordial para a não permanência do Juan Carlos, planejamento é uma palavra que passou a fazer parte do dicionário de todos os dirigentes que comandam os principais clubes do país.

No Brasil ainda prevalece a tradição ultrapassada de que o treinador permanece no cargo por jogo/rodada, se houver três derrotas consecutivas a demissão é quase certa, trocar de treinador é mesmo que trocar de camisa todos os dias, são raros treinadores que permanecem mais de um ano no mesmo clube.

O ideal era Juan Carlos Osorio assumir o clube no início da temporada, porque conheceria melhor os jogadores e implantar a sua filosofia de trabalho e futebolístico, ao assumir o campeonato em andamento e substituindo o antecessor (Murici Ramalho) se torna bem difícil implantar o seu trabalho e conhecer os jogadores, daí os conflitos se tornam inevitáveis.

A nova geração de técnicos que vem comandando os clubes está levando cada vez mais a sério a função, e exigem uma série de requisitos antes de ocuparem os cargos, uma delas é o tempo de contrato, liberdade de escalar e barrar jogadores e implantar a sua filosofia de trabalho e futebolístico.

Após o desastre da seleção brasileira de futebol na copa do mundo de 2014 no Brasil, em que levou de 7 a 1 da Alemanha e acabou sagrando-se campeã do mundo, veio à tona uma série de denúncias na parte administrativa, e as palavras gestão e planejamento entraram de vez no dicionário do futebol e dos dirigentes.

O futebol brasileiro vem passando por uma crise que vem desde a copa do mundo e a goleada sofrida pela seleção em pleno estádio Mineirão em Belo Horizonte – MG, a crise não é falta de jogadores porque o Brasil é o país que mais revela jogadores e exporta estes para o sonhado mercado europeu e nos países em ascensão da modalidade como a China, em que o futebol não é popular, mas os dirigentes estão investindo em milhões em seus clubes e contratando os brasileiros.

Com a crise futebolística, os treinadores passaram a ter mais atenção pelos dirigentes, principalmente no fim e início de temporada, não se contrata jogador sem antes de contratar um bom técnico, o Sport Clube Corinthians Paulista é a prova, no fim da temporada no ano passado trouxe de volta o Tite, o clube fez ótima campanha no campeonato paulista e na primeira fase de grupo na libertadores, mas foi eliminado na semifinal e na fase de mata-mata no paulistão e libertadores da América respectivamente.

Tite naturalmente seria demitido, mas foi mantido e o clube até o momento é líder do campeonato brasileiro com oito pontos à frente do segundo colocado, o Atlético–MG na 31° rodada, a permanência do treinador é um dos motivos pelo sucesso do clube paulista até o momento no campeonato.

O futebol mundial avançou e o Brasil não está acompanhando essa evolução, não basta mais ter apenas bons jogadores, gestão e planejamento são essenciais para o clube obter conquistas dentro de campo, os clubes europeus são exemplos de planejamento, especialmente o Bayen de Munique (Alemanha), Real Madrid (Espanha) e Barcelona (Espanha).

Enquanto no Brasil, o rebaixamento de alguns clubes grandes da Série A para a Série B são exemplos de má gestão, o Clube de Regatas Vasco da Gama é a grande prova, dois rebaixamentos em cinco anos e este ano está lutando para não cair, sendo que ano passado estava disputando a segunda divisão e ficou na terceira colocação das quatro vagas de acesso.

Eurico Miranda comandou o Vasco com mãos de ferro no primeiro mandato antes do Roberto Dinamite, que foi marcado por desafeto com jogadores e ex-jogadores como Juninho Pernambucano e Edmundo, outros dirigentes como Ricardo Teixeira ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e com a família Marinho proprietária da Rede Globo.

As desavenças prejudicaram o clube que acumulou dívidas, penhora de bens na justiça, rescisão de contrato também na justiça, boicote de grandes patrocinadores e também de jogadores e técnicos que se recusaram a jogar por causa do autoritarismo do Eurico.

Roberto Dinamite quando assumiu a presidência, tentou fazer diferente do seu antecessor, mas o estrago causado e a sua nova filosofia de trabalho como presidente cercado por dirigentes de outros clubes, instituições e entidades corruptas acabaram não dando completamente certo, apesar da conquista da Copa do Brasil e o vice-campeonato brasileiro em 2011, mas o rebaixamento em 2008 e 2013 fracassou a sua gestão e manchou a sua história no Vasco, pois como jogador tem uma belíssima história pelo clube.

Clube de Regatas Vasco da Gama que tem uma linda história de causar inveja a outros clubes e rivais inclusive, a de inserir negros, mestiços, operários e analfabetos numa época que a modalidade esportiva (futebol) era praticado exclusivamente pela elite branca, e foi perseguido pelas ligas comandados por clubes da elite, teve o presidente José Cândido de Araújo nos anos de 1904 e 1905, o primeiro negro a presidir uma instituição em que a escravidão havia sido abolida há menos de 20 anos, com o racismo e a manutenção das relações escravocratas no âmbito étnico e racial bastante evidentes.

E o clube não foi fundado na zona sul, o reduto domiciliar das elites da cidade do Rio de Janeiro, foi fundado no bairro popular de São Cristóvão que fica até hoje a sua sede, contudo, está tomado por facções políticas internas que vai de sócio torcedores, conselheiros a diretoria (incluindo a presidência), e estes estão levando o clube a um fundo do poço sem fim.

E para complicar ainda mais, em vez de renovarem a diretoria na última eleição, optaram pelo retorno do Eurico Miranda, no momento que o futebol brasileiro clama por mudanças, trazem de volta o coronel que tem também parcela de responsabilidade pela crise que o clube atravessa há anos.

Resultado da desastrosa gestão do Roberto Dinamite que o Vasco foi rebaixado duas vezes em cinco anos, a sua nova política foi atrapalhada por grupos de oposição dentro do clube dentre eles liderado pelo próprio Eurico que acabou atrapalhando o clube que se refletiu dentro de campo.

O futebol brasileiro está passando por processo de verticalização que só irá aumentar ainda mais a crise no futebol brasileiro, estão criando a liga sul-minas-rio para enfraquecer cada vez mais os estaduais, levando os clubes pequenos a beira da falência.

Preços dos ingressos nos estádios que sediaram a copa são caros, a prova disso é o próprio Maracanã, perdeu a sua essência de estádio após a longa reforma, nunca mais o estádio pegou lotação máxima, acabando com os geraldinos que ocupavam em massa a parte geral do estádio que fica atrás das traves, setor mais barato e também desprivilegiado por aqueles que ficam em camarote ou cadeiras.

Não será espanto algum o Brasil pela primeira vez da sua história não se classificar para disputar a copa do mundo, os escândalos de corrupção da FIFA (Federação Internacional de Futebol e Associações) acertou em cheio o futebol brasileiro com a prisão do ex-presidente da CBF José Maria Marin, sendo que há anos a entidade vem sendo alvo de denúncias.

Aqui no Brasil nenhum treinador como Juan Carlos Osorio ou até mesmo o Pepe Guardiola considerado o melhor técnico do mundo na atualidade daria certo comandar um clube ou a própria seleção aqui no país, porque organização e planejamento fazem parte no futebol europeu, ao contrário no Brasil.

Os jogadores e treinadores não prestigiam o futebol no Brasil, há uma diferença de jogadores brasileiros serem valorizados no exterior ao futebol em si no Brasil que dificilmente viriam para cá sabendo da realidade dos clubes e da forma como os dirigentes atuam.

terça-feira, novembro 10

Top 5 - Livros Essenciais da Literatura Latino-Americana

        A literatura latino-americana sobressaiu no século XX com escritores excepcionais como Jorge Luis Borges, Gabriel Garcia Márquez, Juan Rulfo, Carlos Fuentes, Mário Vargas Llosa, Roberto Bolaño, Ernesto Sabato, entre outros. O "boom" da literatura latino-americana representou uma autoafirmação da cultura latina e do seu povo, muitas vezes subjugado pelos europeus e pelo neocolonialismo brutal do Estados Unidos. Mesmo com tantos entraves, houve durante todo o século passado na América Latina uma enxurrada de grandiosas obras literárias, que foram cultuadas pelos leitores do mundo afora, mas elencamos aqui três romances e dois livros de contos de escritores latino-americanos (pertencentes ou não ao "boom"), excetuando-se os brasileiros. Apresentamos, nesta referida lista, obras de autoria de dois escritores argentinos, um colombiano, um mexicano e um uruguaio. Então, se deliciem com as indicações abaixo, e tenham uma boa leitura.

1 - Cem Anos de Solidão de Gabriel Garcia Márquez

  
2 - Pedro Páramo  de Juan Rulfo


3 - O Aleph de Jorge Luis Borges

  
4 - Pássaros na Boca de Samanta Schweblin


5 - Contos de Amor de Loucura e de Morte de Horacio Quiroga


sábado, novembro 7

Dançando em Silêncios

Por Aline Bei


deslizar sobre você com o meu corpo todo
inclusive com as minhas
celulites, você gosta?
me chupa
de luz

acesa inclusive na minha
magreza, nas minhas veias
grossas como coxas,
Minha pinta grande
demais nas costas, minhas
Olheiras, te beijar
com meus dentes tortos e sorrir pra você porque eu te amo, minhas sardas, meu
Cabelo precisando de um novo
corte, mas
o dinheiro tá
Curto ou longe
de mim, te
foder
com a minha força que acaba
rápido e logo preciso da ajuda
de suas
mãos na minha bunda,
pra cima
pra baixo, você
gosta?
Eu gozo,
depois da transa te coço
Com as minhas unhas muito curtas por serem de 1
mulher, o meu

tá seco na
sola, precisa de creme, minha Unha
caiu, precisa de band aid, a gente dança nu no quarto de hotel.
Cê me pergunta carinhoso o que houve porque eu tô com 1 roxo
enorme na coxa,
foi quando eu trombei com a parede naquele dia que a gente
discutiu, mas
escuta, você gosta
de passar essa noite
comigo?
Apesar das estrias, do cu
lote, da barriga um pouco inchada que eu não vou ao banheiro faz dias, apesar das musas todas que eu não sou
nenhuma, ainda assim,
Me diga
se sou uma Mulher possível
de se guardar o tesão
dentro.

 

terça-feira, outubro 27

Goliardos - Poetas, Boêmios e Trovadores (Os Primeiros da História)


Por Natan Castro

Os Goliardos eram em sua grande maioria personagens colocados a margem da sociedade europeia em meados dos séculos XIII. Tais sujeitos eram padres pobres advindos das universidades católicas, mas que por conta de serem integrantes de uma classe mais abastada, foram colocados a margem da sociedade, em suma rejeitados pelo sistema clérigo.  Por conta dessa espécie de exclusão eles tinham no período uma dificuldade enorme de participarem da vida social e econômica da sociedade naquele século. Desta forma surge no meio desses intelectuais a necessidade de revidar na mesma moeda toda essa rejeição outorgada a eles pela Igreja. O próprio nome “Goliardos” tudo indica que tenha sido dado pela Igreja em uma alusão ao gigante bíblico Golias, que é tido na bíblia como um vilão.

Eles eram vistos costumeiramente na frente das Igrejas, universidades e feiras cantando suas canções de escárnio e humor negro, com temáticas voltadas contra a opulência do clero e algumas outras ovacionando a libertinagem de todos os tipos, enaltecendo uma vida desregrada, sorvida a álcool e sexo livre e todo o tipo de liberdades individuais.

Goliardos, Os Primeiros Poetas Itinerantes e Grafiteiros


Os poetas Goliardos sem sombra de dúvidas foram os primeiros grupos de literatos que se tem noticia a tomar as estradas como filosofia de vida artística. Esses senhores cruzaram a Europa naquele século XIII cantando suas sátiras sempre voltadas as classes poderosas e opressoras, muito parecido como o que fez os escritores Beatnicks nas décadas de 40 e 50 do século XX, há relatos também que foram os primeiros a picharem (escreverem em paredes) em muros e paredes de casas suas canções de escárnio, usando isso naquele período como forma de protesto, lembrando bastante os nossos atuais grafiteiros e pichadores.

Esses escritores que podemos dizer serem os primeiros escritores marginais da história, ficaram conhecidos nas principais praças da Europa, em especial na França, Alemanha e Inglaterra. Os mais conhecidos foram Huoh Primas of Orleans, Pierre de Blois, Gautier de Châtillon e Phillipe the Chancellor, entre os textos escritos por eles o mais famoso é Carmina Burana, que são cerca de 200 poemas sátiros que ficou conhecido no mundo moderno quando o músico erudito Carl Off compôs uma peça baseada nesses versos.

A poesia dos goliardos (Carmina Burana)

"Quando é o ouro que impera
o direito degenera,
ao indigente é negado
o direito comprovado;
para o rico não falta juiz
a vender-se por pratas vis;
para o rico, o juiz bonzinho
sempre dá algum jeitinho;
quando é o ouro que pleiteia,
a sentença nunca é feia. 
Quando o ouro é quem manda,
a justiça enfraquece,
toda causa que desanda
vitoriosa aparece,
o pobre perde seu direito
quando o ouro faz o pleito;
seu processo já naufragou
se ao juiz nada pagou;
a justa causa se declina
só por falta de propina."


sexta-feira, outubro 23

Entrevista do Poeta Raimundo Fontenele Por Natan Castro



Raimundo Fontenele é um poeta, natural da cidade de Marianópolis, Pedreiras, Maranhão. Poeta esse que na juventude participou ativamente de um dos mais importantes movimentos literários do século passado no Maranhão, o movimento Antroponáutica do início dos anos 70 que propunha um rompimento drástico com a tradição poética anterior, tendo como exceção nomes como José Chagas, Bandeira Tribuzzi e o grande Nauro Machado. Após esse período de ativismo cultural na capital maranhense, o poeta literalmente meteu o pé na estrada, se apropriando dessas experiências para o enriquecimento de seu fazer poético. Atualmente radicado na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, o poeta trabalha em três novos livros. Raimundo Fontenele é desses poetas que indubitavelmente a nova geração de leitores do Maranhão precisar conhecer e se aprofundar pela preocupação e pela sinceridade em que o mesmo encara a arte em suas mais diversas formas de manifestação.

A poesia sempre foi a sua principal manifestação artística, ou antes, houve um flerte com outros ramos da arte?

R – Sempre a poesia. Desde cedo, lá pelos oito anos de idade. Com essa idade principiei a leitura da Bíblia, de cabo a rabo, como se diz no jargão popular. Devo muito à influência de minha mãe, que sempre lia pra mim, contos infantis, mundos fantásticos que passei a visitar na imaginação. Mas sempre gostei de música, pintura e escultura. Esbocei alguns desenhos, mas abandonei logo. Enfim, como diz a letra do hino do Flamengo, uma vez poesia, sempre poesia.

A sua geração de escritores é exatamente aquela posterior a queda do Vitorinismo, e coincide com a chegada do Sarney ao poder no Maranhão. Quais eram as expectativas no campo da arte no estado naquele período? Sarney pegou carona na genialidade de Tribuzzi e Nauro Machado? Por fim como era a cena cultural no período da deflagração do Movimento Antroponáutica?

R - Na verdade, lembremos que o Sarney vinha de uma ala progressista da UDN, chamada de “bossa nova”.  Era visto assim meio de esquerda. Eclodido o golpe militar, em 1964, em seguida sua eleição em 1965, o Sarney foi lá ter com os milicos, como se dissesse esqueçam o outro e pensem neste de agora que quer apenas governar o seu estado e ficar de bem com vocês. E o Sarney alimentava a esperança de maranhenses cansados da truculência vitorinista, daquela forma coronelista de governar. Mais do que tudo Sarney ajudou a mudar a mentalidade: era o Maranhão Novo, “meu voto é minha lei, Governador José Sarney; quando entrar na cabine o eleitor é José Sarney pra Governador”, esses versos da sua música de campanha incendiaram corações e mentes. Havia um êxtase, uma alegria, uma efervescência com sua vitória. E ele correspondeu no primeiro momento: abriu e asfaltou estradas; um salto na Educação com o Projeto João de Barro (educação de crianças e jovens fora da idade escolar), as Escolas Bandeirantes, escolas de segundo grau de cunho profissionalizante, a criação da TV Educativa, uma das pioneiras no Brasil. Modernizou a administração pública, várias empresas estatais foram criadas, naquele momento, não como cabide de empregos, mas necessárias aos vários projetos gestados por grandes cabeças que ele recrutou para o governo. Bandeira Tribuzzi, Haroldo Tavares e tantos outros. A gente acreditava que isso mudaria também o fazer cultural. Na sequencia, como é certo que o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente ele tornou-se aquilo que mais combateu. Um Vitorino moderno, sem jagunços e três oitão, mas com práticas cujo resultado era igual: a pobreza do estado, o enriquecimento das famílias, dos amigos, dos apaninguados, o voto de cabresto, a subserviência dos prefeitos, toda essa lástima que se arrastou por mais de cinquenta anos e tornou o Maranhão um estado com o penúltimo lugar nos indicadores sociais, perdendo apenas para Alagoas.

Explique-nos de onde veio o nome do movimento e o que o mesmo propunha no campo da poesia no estado no início dos anos 70?


R – Com exceção dos poetas Nauro Machado, Bandeira Tribuzzi e José Chagas a gente respirava uma literatura bolorenta, uma coisa de vangloriar-se do passado, a chamada Atenas Brasileira da qual não se queria abrir mão e avançar. Através do poeta Viriato Gaspar conheci o poeta Luís Augusto Cassas, e também o Valdelino Cécio. Em seguida encontramos o poeta Chagas. Encontrávamos num bar que havia no canto da Viração, para beber, mostrar poemas e falar sobre literatura. E assim surgiu o Movimento Antroponáutica, cujo nome é uma homenagem ao poeta Bandeira Tribuzzi, que tem um poema cujo título é este. E passamos a cavar espaço nas colunas de jornal, com tanta dificuldade; havia o Jornal do Dia (comprado depois pelo Sarney e que tornou-se o Estado do Maranhão) onde o Jomar Moraes nos dava espaço, e o Jornal do Maranhão (da Arquidiocese), e lá nós tínhamos um crítico de cinema atilado o José Frazão que também nos dava apoio. Mais tarde surgiu o Jornal de Bolso, do Edson Vidigal, de breve existência, mas onde publicamos nossas crônicas e artigos.  E passamos a fustigar, atacar tudo que nos parecia velho e ultrapassado e que devia desaparecer: a Academia, a trova e seus trovadores, os poetas parnasianos com seus versos lamurientos. Com certo exagero, reconheço. Mas também fomos reconhecidos e passaram a prestar atenção e nos respeitar como novos artistas e criadores de um novo tempo ou de um tempo novo, sei lá. Arlete Nogueira da Cruz, Tribuzzi, Nauro, Jomar, o grande e humano Nascimento de Moraes, o Pe. João Mohana, enfim, fomos aceitos no mundo intelectual maranhense. Publicamos então a Antologia Poética do Movimento Antroponáutica. E a seguir fomos convidados a integrar um projeto da Fundação Cultural que nos publicou e mais alguns poetas na antologia Hora de Guarnicê.

Quais foram as consequências da deflagração do movimento em meio a repressão da ditadura e qual a importância do mesmo para aquela geração no Maranhão?

R - Vocês sabem. A história é feita de fatos, episódios, circunstâncias, eventos, mil acontecimentos distantes um do outro, mas que por esta força grandiosa que é a marcha da vida e da história se conjugam tudo e todos num momento único para deflagrar a coisa, seja revolucionária ou evolucionária, de reforma ou de acomodação. E por essa época aconteceu o lançamento do meu segundo livro individual, o Às Mãos do Dia, que era para ser uma coisa puramente pessoal, mas acabou transcendendo o particular e inseriu-se nessa paisagem do instante que vivíamos: a ditadura militar em todo o seu reinado e esplendor. Querendo fugir daquelas noites de autógrafos costumeiras, que achávamos até enfadonhas, decidimos que o lançamento do meu livro seria diferente. Aí a gente juntaria artes plásticas e música, e lembro do César Teixeira, do Josias, do Sérgio Habibe, do Jesus Santos, do Ciro, Ambrósio Amorim, Lobato, Tácito Borralho, tanta gente. E o lançamento aconteceu na Biblioteca Pública Benedito Leite. Na noite anterior, após tomarmos algumas cervejas, eu, Viriato, Valdelino e outros ficamos na escadaria da Biblioteca Pública conversando e só, de sarro, planejando o lançamento, e cada um saía com a idéia mais louca. Tipo: no lugar de cadeiras para as autoridades íamos colocar vasos sanitários; colocaríamos uma árvore de natal com ratos pendurados, etc.; íamos convocar mendigos, loucos, os despossuídos para tomarem as escadarias da Biblioteca quando as autoridades e convidados fossem chegando. Ah, e no coquetel no lugar de bebida alcoólica serviríamos leite, mas não em taças e sim em penicos. Novos, claro. Naquele tempo a autoridade maior dos estados era sempre o militar mais graduado, no nosso caso o Comandante do 24 BC. Alguém nos ouviu falar aquelas bobagens e levou a sério. O certo é que o Governador foi acordado pelo Comandante do 24 BC que lhe ordenou visse do que se tratava pois algo de muito grave ia acontecer. Fui chamado às pressas no gabinete do Secretário de Educação (que havia permitido que eu fizesse lá na Biblioteca, órgão da SEC, o lançamento do livro), à época o saudoso Professor Luís Rêgo, um homem boníssimo. Quando entrei em seu gabinete levei um susto, pois ao seu lado estava um Major do Exército. Pálido e trêmulo, ali sentei e o professor Luís Rêgo passou a me interrogar a cerca do lançamento e do que estava programado. Neguei tudo. Disse que era mentira. Jamais faríamos uma coisa daquelas e tal. Despachou-me dali, mas me recomendando prudência, e cuidado com o que ia acontecer, pois estavam de olho. Pela cara do oficial do exército nem precisava de me dizer mais nada.  Pois, mais tarde enquanto estava na Biblioteca em companhia do poeta Viriato Gaspar, ultimando os preparativos do lançamento,, eis que nos aparece um agente da Polícia Federal. E dirigindo-se a mim diz que estava a minha procura, e porque nada mandara o livro para a Censura, e cadê o livro e tal e coisa, e nos colocou em sua viatura fomos até onde eu residia, pegamos um livro, e enquanto eu lia, o motorista nos levou até a sede da Polícia Federal, naquela época ali na Rua Grande na altura do Ginásio Costa Rodrigues. Novo interrogatório pelo delegado de plantão. O Viriato saiu-se bem nas respostas. E quando o delegado quis saber dos mendigos (olha a subversão) que íamos levar, o Viriato disse que não tinha nada a ver, aquilo era uma peça de teatro que estávamos escrevendo e tão logo ficasse pronta levaríamos lá no Serviço de Censura. O certo é que à noite a Biblioteca lotou. Talvez até curiosos, além de meus convidados, muitas autoridades se fizeram presentes. Secretário de Educação, o Prefeito Haroldo Tavares, e lá atrás de uma daquelas colunas reconheci o agente da PF de nome Mateus, esperando que eu saísse da linha no meu discurso para me grampear. Mas o resultado prático da repressão, que é o cerne desta pergunta, é que nós, os jovens (falo dos jovens em geral e não especificamente do nosso grupo), tomamos rumos diferentes: uns foram para o comodismo da vida privada, outros foram para luta armada, e no meu caso, no primeiro momento, abandonei tudo e embarquei numa carona com os hippies e fiquei vagando pelo país uns três a quatro meses, metido no universo da Contracultura, cujo estímulos vinham da geração beat, e era uma época rica e enriquecedora, chegávamos ao desregramento de todos os sentidos, na vida e na arte, aquilo que o poeta Arthur Rimbaud profetizara um século antes. E a nossa geração foi importante porque abriu caminho pra todos vocês que vieram depois de nós. É o ciclo da vida, quer reconheçamos ou não. Ele existe. Ele é.

O que se faz necessário para que se legitime um movimento literário? Na atualidade onde muito se escreve em meio virtual, em sua opinião o virtual conseguirá um dia transpor a tradição do livro físico?   

R – No momento nós estamos num processo de mudança civilizatória muito violento. Ao mesmo tempo que tudo parece ameno, frágil, acolhedor, há algo de muito forte, viril, ameaçador. Nem creio que haja espaço para movimentos, como os de antes. Creio mesmo que isso ficou no passado. O mundo virtual prescinde disso. Cada indivíduo, por si só, é, ou julga ser, um coletivo, um movimento, uma revolução, um mundo, uma civilização. Todo o pensamento filosófico, todo o atavismo humano, tudo o que se acumulou durante séculos, quem sabe milênios, todo o inconsciente coletivo, toda a sabedoria, todo o  conhecimento representam o que neste instante? Para muitos, nada. É o fim de tudo e o recomeço de tudo ao mesmo tempo. Quanto tempo, não sei, mas o virtual transporá sim a tradição do livro físico. Não apenas a tradição, mas o próprio livro, o objeto, por mais concreto que ele seja ou queira ser.   

Como foi a decisão de deixar o estado, porque tomou essa decisão, existe uma possibilidade de seu retorno ao Maranhão?

A constatação de que ficar no Maranhão, no meu caso pessoal, era ficar me repetindo. Fazer novos movimentos? O sarneysmo começava a voltar-se para o passado. As coisas não andavam. Era preciso se abrigar sob as asas do serviço público de onde não poderíamos exercer a crítica contundente que os governantes mereciam. Não surgiram editoras e leitores que nos permitissem viver do nosso trabalho de escritor independente. Mas meu amor a esta terra, o interior de onde sou e esta ilha onde vivi tanto sonho transformado em realidade é o que importa. Porém, é difícil o retorno. Saí em 1976 e embora tenha raízes aqui, onde vivo atualmente, em Porto Alegre, no Grande do Sul, também  criei raízes. Mas quem sabe do futuro?

Consegue-se viver de literatura nesse país? Fale-nos de suas atividades na atualidade?

R – Por mais que esse governo do PT alardeie seus avanços na Educação, com programas quase todo visando a universidade, a verdade que é que o ensino vai de mal a pior, pois a educação básica foi relegada a um segundo plano. O governo é pródigo em dar bolsas , cujo critério principal é criar eleitores para o seu plano de permanência no poder. Sem uma boa educação na base que tipo de aprendizado é este dos cursos superiores! A maioria não lê e não pensa. Por isso, o quadro não se alterou muito nestas últimas décadas. Poucos vivem de literatura num país assim. Quanto a mim publico periodicamente meus livros e trabalho com revisão e preparação de textos para a editora de um amigo. No momento trabalho em três livros: um de contos, Pedaços de Alberto Caronte (título provisório), um de ensaios, Um Soco Contra o Muro (ensaios) e Crônicas do Pucumã, um pouco de história do município de São Domingos do Maranhão, onde passei minha infância e parte da adolescência, embora seja filho de Pedreiras, distrito de Marianópolis. Pretendo publicar no próximo ano. Com toda dificuldade, pois o dinheiro da Lei Rouanet é para os amigos do rei e para artistas como Luan Santana, Tico Santa Cruz, Cláudia Leite, gente que ajuda o governo, louvando-o para a massa de seus fãs e ouvintes.  

A sua poesia é tida por muitos como marginal, como você vê esse titulo?

R - Do ponto de vista deles. Do meu ponto de vista eles é que são marginais, pois estão à margem da minha poesia. rsrs Na verdade não existe arte marginal, a não ser nesse sentido que dei. Se ela critica a sociedade, os poderes instituídos (mesmo corruptos, tiranos, etc.) é considerada marginal. Mas do ponto de vista da arte, marginal é também a sociedade que aceita e se submete a um estilo de vida e de governo corrupto e de vassalagem.  Essa pecha é muito mais dirigida ao próprio artista para poder enquadrá-lo, e assim prendê-lo, deportá-lo, matá-lo, calá-lo, enfim. Porque na verdade a arte é um produto da criação humana, das emoções e dos pensamentos, de suas vivências e experiências, e que expressa, em seus signos, símbolos, significados, e até mesmo em sua concretude, expressa, dizia, a magia, o mistério, a beleza, alegria, o sofrimento, o sonho... Só um profundo imbecil para taxar de marginal esta coisa maravilhosa que é a vida humana e suas criações mais genuínas, originais e verdadeiras.

Ferreira Gullar nos fala de sua necessidade de espantar-se para que sua poesia aconteça. Como se dá esse fenômeno no seu trabalho é instantâneo ou existe um laboratório?

R – Cada um tem sua maneira de ser e de criar. O que é necessário é o talento. Em mim é uma coisa instintiva, igual a certas necessidades que temos: comer, dormir, amar, criar. O que existe é o trabalho de lapidar a criação, como o ourives que faz de uma peça de diamante bruto uma joia encantadora. E no caso da prosa é preciso dedicar tempo e muita disciplina, uma rotina de trabalho, como o expediente em qualquer empresa onde se exerce a tarefa cotidiana.

Dizem alguns que tudo de imprescindível na literatura já foi escrito, o que temos hoje como produção literária seriam apenas ecos desses períodos, nada de novo sob o sol da literatura, qual sua opinião sobre essa afirmação?

R – É do Eclesiastes essa fala: “Não há nada de novo sob sol”. Está certo. Tudo já foi dito, feito, criado. O que existe é uma forma nova de dizer, fazer, criar, nomear o antigo. Isto faz toda diferença. Se eu dissesse “fímbria” meu avô entenderia e meu neto, não. Mas barra da saia, do vestido, isto o neto entenderia. Portanto, não é pelo fato do sol ser tão antigo que ele deixa de surgir para nós todas as manhãs. Assim, vamos em frente. Até porque quanto mais obtuso e quadrado é o mundo mais necessita crer que tudo é novo, que tudo está começando aqui e agora, pois sem isto a vida e a arte perderiam o sentido. E aí, vamos fazer o quê?

O MITO

Raspar com uma faca, como se escama o peixe,
é fazer nascerem e crescerem os mitos
que não nos pertencem.
E por ser o mundo um animal sem formas,
por ele trafegam, navegam e voam
os mitos ancestrais que nos criaram,
e alimentaram em nós o dom da forma mais que perfeita.
Blasfêmia é isto: erguer-se qual um deus ferino e desalmado
para que ajoelhemos e lancemos nossa rede ao mar:
turva água de amar, pescaria insana,
e só por isso o mito permanece.
Se é para cair, sejamos justos:
o mito não é amor e não é ninguém,
apenas a imagem à semelhança desta outra
que nos devolve o espelho.

(do livro A Via Crucis de Um Poeta Sem Nome
Editora Alcance, Porto Alegre, RS, 2014)