domingo, março 17

“não consigo dormir com esse cheiro de fumaça”



“mas foi você quem fumou”
“eu sei, espertão, mas eu não tava mais acostumada”
“mas fumou”
“eu quis” 
“você sempre faz tudo o que quer. ótimo, só que quem fica te ouvindo reclamar depois sou eu”
“eu sei… desculpa?”
“pra quê? você não vai parar”
“e deveria?”
“você acha que tá certo reclamar assim o tempo todo?”
“não… mas é que…”
“o quê?”
“você precisa encarar o mundo… mas olhar dói. sentir dói. o mundo é feio. não pela ausência de beleza, entende? mas pela ausência de tudo. até de uma falta necessária ou algo do tipo…” 
silêncio.
“o cheiro de fumaça tá foda mesmo, a gente não devia fumar esses cigarros de mal gosto” 
ela se levanta da cama e caminha até o banheiro.
ele fica deitado olhando para o teto. para a luz acesa. fica pensando nos formatos que a lâmpada vai assumindo conforme o tempo passa.