domingo, setembro 18

crazis

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Peça de Igor Nascimento em Cartaz








Debaixo das covas, não importa qual hora do dia, sempre é escuro, sempre é noite. Lá o tempo é inacabável. É a eternidade das horas, infatigáveis e inimigas da vida, tão mortas como os cadáveres ali enterrados”

Procópio e Torquato, duas caveiras, esperam um dia, finalmente, virar pó. Enquanto isso não acontece, uma trama se desenrola. Um dente foi perdido numa rodada de porrinha, um dedo foi levado por um cachorro. Nesse ponto, o diálogo começa. As caveiras expõem suas angústias decorrentes do fato de “viver assim, desse jeito meio morto”. O debate se torna intenso. O embate se faz necessário. O que será delas duas, só o tempo, ironicamente, será capaz de dizer...  

O texto, de Igor Nascimento, mesmo autor de “De Assalto”, “Assassinato de Charllenne” e “As Três e Estações da Loucura”, segue a mesma linha absurda já característica do dramaturgo. Situações do quotidiano são ridicularizadas. O homem, representado através de seus não-personagens, se vê na luta constante contra as horas, a mecanização do pensamento e o dilema de deixar de existir para se tornar um objeto.

“O dedo por um dente”, em inglês, “A tooth for a fucking finger” é uma comédia de caráter altamente mórbido, de cunho pessimista e com uma tendência sutil para o niilismo. Mas isto não importa, o que vale é rir, pois o riso, de qualquer maneira, dilata o diafragma, libera serotonina e, dependendo da intensidade, ajuda a eliminar gases...