sábado, março 24

Não Sei Você

Não sei você, mas às vezes eu rezo para que o mundo acabe, não por completo, mas apenas seja talhado, logrado o suficiente para se ter um novo começo, que uma onda gigante, um terremoto, um vulcão, sei lá, que o cocô de um pombo, o que quer quer seja, contanto que extermine tudo!  e que se dane os mortos, as criancinhas, as grávidas morrendo no meio do pandemônio, daria tudo só para ver esse novo começo, sabia? Esses novos primórdios. E os filantrópicos iram me dizer, “vai recomeçar a carnificina, o pecado original, as guerras”, tanto faz, serão guerras novas com seus respectivos mortos e sobreviventes, ao invés da maçã, a banana, é mais sugestivo, “e os direitos humanos?”, uma hora ou outra hão de criar algo parecido, “mas isso não é uma repetição?”, é justamente aí onde eu queria chegar, sem me contradizer, que se repita, aos diabos! O importante é recomeçar, é simplesmente apagar tudo e ter nas mãos, não o começo de uma nova era, de um novo império, e sim, de um novo mundo, criado no meio dos destroços, só por meia dúzia de sobreviventes que talvez, diante do escarro desta catástrofe, tenha que inventar até a roda, já pensou, que espetáculo?