sábado, junho 23

Vulgue Tostoi - Vapor Barato


No final dos anos noventa, mais precisamente em 1997 nasce através de conversas entre dois amigos interessados por música, arte em geral. Uma das bandas mais sui generis e autênticas do cenário alternativo nacional, o Vulgue Tostoi O guitarrista Junior Tostoi e o vocalista Marcelo H, durante quatro anos forjaram uma sonoridade bastante diferente daquilo que estava sendo feito no cenário musical nacional. Uma mistura de poética tecnológica costurada por riffs esquizofrênicos que ora bebia nos primórdios do Reggae Jamaicano, e o próprio Dub, e deixando clara a influência das distorções das bandas indies norte americanas, realçando por cima disso uma suíte chapada de samplers, programações de recortes sonoros. dessa simbiose nasce em 2001e o debut deles chamado (Impaciência). Com boa aceitação da critica especializada, e de um público mais exigente, (Impaciência) chamou atenção exatamente pela coragem de percorrer caminhos menos seguros, porém mais excitantes musicalmente falando. Paralelo ao trabalho com o Vulgue, Junior Tostoi é guitarrista de Lenine, com grande prazer segundo o músico pernambucano. 
O álbum além de poetizar na voz de Marcelo a paranóia tecno-esquizofrênica musical da modernidade segundo o Vulgue, tem na minha opinião a versão definitiva pra canção clássica de protesto de Waly Salomão e Jards Macalé, Vapor Barato. Sem dúvidas, Vulgue Tostoi geniais e criativos até nos covers de referências.



Famintos



Ilustração de Tammys 

Em frente a minha casa, monstros enormes derrubam árvores, destroem casas e erguem montanhas de terra vermelha.

Algumas vezes os vemos levando nossa terra nas costas. Outras vezes a levam entre os enormes dentes de aço.

Enfrentá-los? Quem ousaria?
Apenas aguardamos pacientemente...
O ar vai ficando cada vez mais rarefeito.

À noite é impossível dormir com os rugidos famintos dos monstros. Eles nunca ficam satisfeitos e nunca pararam pra pensar nas pequenas criaturas que habitam a região.
Estamos reunidos e muito assustados, rezando para que isso um dia acabe. Nossas árvores, nossa terra, nosso ar... Alguém os trará de volta um dia? E será que viveremos esse dia?


Enquanto isso, os rugidos famintos anunciam o fim dos tempos.

Soco Inglês- 3 episódio



– Devagar com o andor, caros leitores, o já imensamente aguardado encontro entre Adenílson e seu agressor está para acontecer, pois Adenílson já cruzou o portão do colégio e, ato contínuo, o agressor partiu em sua direção, enquanto Luisinho comia prosaicamente uma batata-frita numa barraca em frente ao colégio, junto ao mesmo muro de onde o agressor havia se descolado com sangue nos olhos rumo a Adenílson, feito águia que viu, sei lá, o preá, inventem aí vocês uma metáfora conveniente, o fato é que o agressor atravessou a rua correndo em direção a Adenílson, que, em vez de fugir, deu uma de mocinha-peituda-de-filme-de-terror-que-vê-o-assassino-psicopata-surgir-do-nada-de-facão-em-punho-bem-na-frente-dela, estacou o passo e ficou lá, parado, imóvel, gritando por socorro, mas baixinho, em pensamento, a vergonha falava mais alto que o medo, as mocinhas peitudas de filme de terror não têm desses pudores, gritam mesmo e pronto, não têm vergonha de dar xilique diante de milhões de telespectadores, essa mesma vergonha que, combinada com o medo, fez Adenílson ficar caladinho e criar raiz onde ele estava, vendo, em câmera-lenta, o agressor se aproximando rapidamente.