sexta-feira, junho 10

apologia a mulher fatal


A dama da noite invade-me
Possui meus sonhos com seus olhos piscantes de fêmea
Torna-me fraco. Desgraçada!

Seus mamilos de vaca encobertam os meus desejos de macho
Escapo acuado diante daqueles imensos cabelos,
que me rasgam em verdadeiros pedaços
da obsessão minha de estar entre seus lábios! Gata preta!

Brutalmente, a tomo em goles de um vinho doce.
Eu, como, um canalha a fumo.
Dito palavras entorno de seu ouvido.
A minha língua frenética de mancebo,
Desliza suave no seu corpo lascivo.
    Gritas como uma cadela em cio.                                                    

Maldita! Vampira que suga meu viver.
Goza diante desse mal de querer eu sua pele pálida,
que exala a essência de me fazer assassino. Mulher diabo!

Corroí-me esta beleza inércia de vadia,
Coroada por frutos proibidos.
Seu sorriso fácil aterroriza-me.
E o meu corpo é febril
por almejar inutilmente sua vagina dentada.
Meretriz de minha dicotomia boba! Ninfa louca!

Mas, é somente a sua cabeça independente
que preciso eu decepar,
Servir-me de teu sangue podre
E morrer perante teus pés.
Medusa virgem de minha loucura patética!

Cris Lima.


                                                     gravura: Salomé de Oscar Wilde, de Aubrey Beardsley