sábado, março 16

O Canto dos Malditos - Arrigo Barnabé (Clara Crocodilo 1980)

                                                         Clara Crocodilo
Por Natan Castro


Para falarmos de Arrigo Barnabé, é necessário, extremamente necessário falarmos da Dodecafonia. Que foi uma espécie de movimento surgido na música erudita nos anos 20, sendo criada pelo compositor austríaco Arnold Schoenberg. Dodecafonia compreende em uma série de 12 notas tocadas pelo músico, sendo que nunca são repetidas da mesma forma na mesma composição. Arrigo Barnabé é um músico e ator Paranaense que despontou no Primeiro Festival de Música Popular Brasileira da USP em 1979. Até aqui tudo seria normal, mas as canções tocadas e interpretadas por Arrigo não eram nada parecidas com as músicas convencionais que aqueles estudantes estavam acostumados a ouvir até então.

Vejamos bem nessas canções ele fazia a junção da Dodecafonia com a Musica Popular Brasileira, ou seja, dois extremos o erudito e o popular. Junte-se a isso a letras que não diria “cantadas”, mas “contadas”, como se fosse uma leitura de uma HQ ou um Gibi, mas em alto e bom som. Todo seu fascínio pelos quadrinhos e sua formação erudita formada em São Paulo. Representou em 1980 um tipo de bomba, com efeito, retardante e alusivo, foi mais ou menos isso que o publico daquele festival sentiu quando começou aquela sonoridade inédita até então. Um misto de vaias e aplausos levaram esse público aos poucos a se acostumarem com o que estavam ouvindo.

Arrigo Barnabé era naquela época o principal nome de um movimento interessantíssimo chamado Vanguarda Paulista, que tinha outros como Itamar Assumpção, Grupo Rumo e Língua de Trapo para citar alguns. A temática das metrópoles e suas inconstâncias eram pano de fundo para essa galera. Até hoje o disco Clara Crocodilo de Arrigo Barnabé é reconhecidamente apontado pelos críticos como a sonoridade mais autêntica no Brasil desde a Tropicália.