domingo, setembro 4

Apeixonadamente, Letuce*



Para as novas formas de ouvir canção há também novas formas de cantá-las. De todos os nomes femininos que cantam a música brasileira nesta década, são poucas aquelas que retomam a tradição do canto para fora. Ser cool  hoje é cantar preguiçosamente.

Como faz a Letícia, a quem tenho dedicado meus ouvidos nos dois últimos dias. A moça comprida feito a girafa que ela tem tatuada no corpo forma o projeto musical romântico Letuce, junto com o namorado Lucas. No último programa Som Brasil, que homenageou a compositora Marina Lima, os dois protagonizaram a performance mais bonita que já vi na TV. (vídeo)



Ouço o disco Plano de Fuga Pra Cima dos Outros e de Mim (2009). Da capa com foto na piscina - que lembra o meu disco preferido de Gal, Água Viva (1978) – às letras despretensiosas e poéticas, tudo vai ganhando um colorido divertido a cada faixa. As canções tem o encantamento de um novo namoro, com intenções e promessas de afeto.


A Letícia é atriz. O Lucas, guitarrista e arranjador. O canto frouxo dela é abraçado pelos timbres do instrumento dele, que protege a voz da amada com camadas sonoras vigorosas, sustentando a alegria alegórica que a atriz-cantora experimenta no palco.

O som de Letuce tem a duração e a vibração do amor. Pode durar um carnaval ou a vida inteira. Desejo um eterno verão aos dois.



*O neologismo do título cabe aos piscianos românticos.

(os grifos em vermelho são links)