domingo, março 11

Vide Bula

Bipolar até que é legal! Hoje basta ter um pouco de instabilidade e dizem logo “...parece que é bipolar”, e fica tudo justificado. Há também os que fazem seu
próprio diagnóstico...“eu sou assim mesmo meio bipolar”. Parece haver certo
charme, uma inclusão no mundo de loucos geniais, tem efeito de satisfação.
Virou modinha!


MANÍACO DEPRESSIVO! Dito assim parece muito agressivo não? Mas é isso aí, a nomenclatura não muda o quadro, apenas torna mais leve pra quem está de fora, mais aceitável.
Você já ouviu alguém falar que se acha um pouco maníaco depressivo?


Que os rótulos fiquem na coca-cola e nos frascos de maionese... baixa caloria, 0% de gordura trans, contém glúten, validade no fundo da lata.



Nunca vi rótulo de gente! Mas imagino que seria assim: 23 pares de cromossomos, coração de quatro tempos a sangue arterial, funciona movido a pensamento,
mantenha sob temperatura inferior a 40 graus, ver sexo entre as pernas, agite
antes de consumir...


Atenção!  Convocamos todos os humanos modelo CID 1014, série 125123-1982, para um reccal das amígdalas cerebrais, que pode não funcionar direito e causar recorrência de pensamentos desagradáveis.


Definitivamente, abaixo aos rótulos! É preciso entender que não somos, temos! Temos uma condição, um diagnóstico, mas não o somos. É
uma grande fraude querer ser. É se podar, criar uma zona de conforto pra
justificar o grande fracasso de não tentar, o único fracasso talvez.


Seja um diagnóstico, e essa será tua maior referência, o teu sobrenome inspira piedade. Pessoas são bem maiores que seus diagnósticos. A apenas tenha, mas não seja, poderás ser um cientista, médico, escritor ou palhaço de circo. E poderás ser um marido, uma amante,um líder, um libertino. Ser homem, mulher, ser humano pleno de todas as possibilidades. E apenas terás, assim como quem tem um dia de fúria.