segunda-feira, janeiro 21

Um poema de amor


Antes do poema de amor queria falar umas coisas que to aqui pensando em te dizer e fiz um esboço na minha cabeça quando fui comprar o tempero seco e o alface americano na feira aqui próxima pro almoço de hoje. É que eu ando tão ocupado e um tanto desorientado. Ainda preciso lavar as panelas, pratos, gafos, copos de ex-potes de extratos de tomates e tudo mais sobre a pia úmida cizenta com marcas amareladas de ferrugem. Também botar água na privada porque ta quebrada a porra da descarga. Em falar em quebrado. Machuquei o pé naquela pelada de ontem. To botando gelo (mas acho melhor ir bater um Raio-X). E preciso terminar aqueles relatórios do meu trampo. Eu sei que não é fixo. Mas da pra pagar a net e a prestação do notebook e aumentar um pouco minha autoestima e comprar cigarros e um livro legal e te convidar pra sair. Que tal? Eu sei que está rolando uma guerra no Oriente. O índice de alcoolismo aumentou e os acidentes de transito por aqui e os ônibus estão cada vez mais lotados. (não ando assistindo tanto telejornais, mas eu sei). Você sabe que falo sozinho. Talvez precise de um terapeuta. Ando abusando dos tranquilizantes e analgésicos e tenho uns parafusos soltos. Esquecer o suicídio e me achar na vida (o que seja lá isso). Bem, mas voltando pro poema de amor. Eu vou te dizer. Tenha certeza. É que to cansado e meio entorpecido pelo tranqüilizante e o analgésico que acabei de achar em cima da geladeira e enfiei goela abaixo com um copo d água do filtro de barro ao lado da pia que acabei de passar um pano pra tirar o molhado. Vou colocar mais umas flores cheirosas que me lembra aquelas asas de um quadro do Picasso de um garoto fumando ópio. Como é o nome do quadro mesmo? Esquece.  Vou tirar os espinhos - posso botar um rosa e um amarelo e aquela transa na pracinha? Você pode achar uma grande besteira. E uma palavra em desuso. Talvez ósculo rimando como com meus óculos. Pois uma vez eu te beijei sem tirar meus óculos e bati no seus óculos e rimos pra caramba. Daí falava sobre esse riso, os seus dentes curtos meio amarelados de tanto beber vinho tinto seco (que sei que é de todo sua origem estrangeira) e outras coisas que dizem que são bonitas e que confortam a alma e preenche um pouco o vazio que a gente tem sem nosso deus, pais e abraços. Mas to ficando com muito sono e me dispersando. Peraí! Os versos são o seguinte. Não vai ter nada de que falei dagora.
...
- Você gostou? Amanhã você vai acordar cedo. Eu sei. Me beija e me dá a mão.

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