quarta-feira, outubro 24

Coronéis: Eu Quero, Eu Posso e Eu Mando.


     Subordinados: sim senhor, sim senhor, sim senhor...
Coronéis: mandam porque tem poder.
Subordinados: obedecem porque tem medo.

Nessa reta final de campanha da Eleição pra prefeito de São Luís para o próximo quadriênio (2013-2016), ganhou um clima de terror e pânico na cidade por conta da divulgação de um vídeo em que os policiais militares e bombeiros estavam numa reunião em apoio ao candidato a prefeito (não vamos citar o nome porque é conhecimento de todos e esse artigo não se trata dos candidatos ao pleito).

E a repercussão foi imediata, espalhando a ideia de uma suposta formação de milícia em favor do candidato que estava presente na reunião, voltando aos tempos do coronelismo e da ditadura militar em plena democracia e o estado democrático de direito.  O vídeo pode ser real e não uma montagem, mas com certeza foi uma sabotagem para prejudicar não só o candidato, mas também os policiais e bombeiros que estavam presentes na reunião.

E que resultou na prisão de alguns, entre eles o Cabo Campos que foi candidato a vice na chapa da Deputada Estadual Eliziane Gama, uma total afronta ao regime democrático em que supostamente vivemos.  Até quando teremos a Polícia Militar a serviço da repressão e da Ordem? Historicamente a PM sempre esteve a serviço da elite politica e das classes dominante.

O Maranhão que há séculos é governado por grupos politico-oligárquico, a polícia sempre foi usada para os interesses desses grupos, infelizmente em pleno regime democrático, as instituições militares como a polícia e bombeiros não tiveram mudanças significativas pra se adequar ao novo regime vigente, as concepções e práticas são análogas no período da ditadura militar e ao modelo oligárquico no estado. Não é a toa que os militares não podem fazer greves, criar sindicatos e nem participar de atividades politicas, em que a ordem, hierarquia e disciplina são regras cumprida a risca.

A prisão das principais lideranças que estavam na reunião em apoio ao candidato a prefeito e que foi filmada de forma bem tendenciosa, foi à resposta dada pelo governo do estado numa forma de vingar-se dos mesmos. Mas porque essa vingança?

Esses líderes que estavam na reunião em apoio ao candidato, são os mesmos que comandaram a histórica greve da Policia Militar, Corpo de Bombeiros e Policia Civil, em que passaram mais de uma semana ocupando as dependências da Assembleia Legislativa do Maranhão, dando um basta as humilhações imposta por seus superiores dentro dos quarteis e do próprio governo do estado.


A greve dos militares deixou o governo do estado e a classe politica maranhense atônita, porque pela 1° vez na história do Maranhão os subordinados resolveram se rebelar, algo inimaginável para a classe e grupos dominante.

A ideia da suposta formação de milícia nada mais é uma tentativa de criar o pânico/terror à população e desmoralizar os líderes, até mesmo como forma de justificar a expulsão dos mesmos da corporação, no vídeo postado na internet que foi visto milhares de vezes, é compreensível o discurso deles em afirmar “que vão fazer uma missão secreta” e algo do tipo que possa causar espanto.

Mas a formação de milícia é exagero, porque quem conhece a policia sabe que o discurso é a prática do seu cotidiano em que vive.  Portanto, não há crime algum dos policiais terem participado da reunião e nem do candidato ter participado e recebido apoio, a reunião é e nem foi secreta, porque o comitê fica em frente ao IFMA (Instituto Federal do Maranhão) e SENAI, e a denominação do local que ocorreu a reunião é bem nítida, comitê militar, portanto, não há nada de secreto.

Os militares tem toda a legitimidade de participar politicamente em apoiar qualquer candidato que seja, independente de partido ou ideologia, porque antes de tudo são homens e mulheres, pais e mães de família que exercem poucos direitos e muitos deveres.

Por trás da farda, há homens e mulheres, pais e mães de famílias, que são também trabalhadores, porque os mesmo riscos que corre o cidadão comum ao sair de sua casa para o trabalho e não voltar mais, são os mesmos riscos que corre também os policiais militares.

Os militares não podem se reunir para manifestar ou apoiar candidato a ou b, mas podem se unir pra reprimir, violentar ou até mesmo matar, que muitas das vezes é o pai e mãe de família, quem mora nas periferias da cidade sabe muito bem como age os policiais, e eles agem de forma secreta, sem se identificar, e o pior, com a conivência da corporação e do próprio estado.

Os militares não podem se unir em busca de melhorias para a sua categoria, mas se unem a mando do próprio estado para reprimir toda e qualquer manifestação que vá contra o governo, quanta contradição né?

O que vocês acham que serve o serviço velado e/ou serviço de inteligência? Esses sim agem secretamente, e até mesmo em forma de milícia, sem revelar nomes e os rostos. Muita das vezes as operações feita são de forma arbitrária e truculenta, que quase sempre acaba em repressão a pessoas inocentes, é a velha prática da polícia “primeiro bate e depois investiga (se realmente investiga)”.
Como diz o respeitoso militante Marcos Silva do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), os policiais estão aos poucos estão tomando a consciência de que os seus inimigos não são as vítimas do sistema, mas o próprio sistema na qual eles servem.

Não podemos negar a importância da polícia na nossa sociedade, tanto que cabe a nós e todos os segmentos da sociedade civil e organizada discutir a que tipo de policia que nós queremos. O Marcos Silva prega a ideia de uma policia humanizada, isso é possível? Cabe a sociedade em geral discutir a que modelo de segurança que queremos (incluindo a polícia).

Porque uma coisa é que a sociedade não pode mais aceitar, é a polícia a serviço dos coronéis, dos poderosos que se perpetuam e estão atrelados no poder há anos e séculos no Maranhão, não podemos permitir passivamente um pobre e pai de família explorado e mal remunerado que usa a farda espancar o mesmo pai de família que vive em mesmas condições sociais.

Numa frase dita por ativistas de todos os segmentos:

“Basta de guerra entre os pobres e explorados e se unir contra a aqueles que nos exploram e nosempobrecem que são os grandes responsáveis por todas as mazelas da nossa sociedade.”

Portanto, solidarizamos aos militares presos a mando do governo do estado. E repudiamos essa farsa chamada de milícia em plena campanha politica nas eleições, por entender que estamos na democracia e num estado democrático de direito, e banir toda e qualquer prática análoga aos tempos dos coronéis e do voto de cabresto.

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