sexta-feira, junho 1

eXpurGo - Último Episódio


Logo a blazer aparece, estaciona, os Outros descem dela e se dirigem ao banheiro, foi aí que Miguel disparou uma primeira rajada de uzi, traiçoeira, pelas costas, derrubando logo três de uma vez, o chefe da matilha entre eles. O azarão que escapou da fúria balística de Miguel entrou no banheiro, e, logo em seguida, Miguel pôde ouvir dois disparos, após o quê, silêncio total. Miguel saiu cuidadosamente de trás do carro, dirigindo-se ao banheiro, mas, no caminho, não pôde evitar de descarregar mais uma rajada de balas em cada colhão de policial tombado que viu pela frente, e não venham inferir desse pela frente que o policial que caiu de bruços escapou de ter seus ovos estraçalhados pelo chumbo grosso, pois Miguel o virou de costas com o pé.


– Isso é para garantir que, quando chegarem ao inferno, vocês não fodam mais ninguém, seus bando de féla da puta do caralho!

Miguel então se move silenciosamente rumo ao banheiro, se agacha junto à entrada do mesmo e tenta escutar, mas o silêncio é tão espesso quanto a escuridão que emana de lá de dentro. Miguel então diz em pensamento, “que se fôda!”, e entra, mas, mal ele põe o pé dentro do banheiro, uma bala lhe atinge o peito direito, e por pouco não lhe perfura o pulmão. Ele geme de dor e cai contra a entrada do cômodo, xingando baixinho “porra, porra, porra!”, tira o isqueiro de dentro do bolso, acende-o e joga-o para dentro do banheiro, a chama fraca e bruxuleante é suficiente para que Miguel perceba o ambiente sanguinolento à sua frente, um dos policiais do mal jaz com a cabeça estraçalhada por uma bala de trinta-e-oito enquanto Égido está recostado junto à parede embaixo da pia, segurando fracamente na mão caída sobre a coxa direita o trinta-e-oito com duas balas a menos, uma que havia entrado pelo olho no cérebro do outro policial, e a outra que é nenhuma outra senão aquela que entrou pelo peito direito de Miguel e quase lhe perfurou o pulmão. Miguel imediatamente percebe o que aconteceu, e, de onde está, diz:

– Égido, não atira, sou eu, porra, os Outros morreram.
Silêncio.
– Égido!

Nada.
Só a estática do rádio da viatura ecoando ao longe.
Miguel então larga a arma, se levanta e vai até Égido.
– Cara, fala comigo!

Ao pegar nele, suas mãos sentem o sangue que escorre do peito do soldado. Ele pega o isqueiro e põe a chama na frente da boca de Égido, a respiração fraca do soldado faz tremer a chama.

– Ainda vivo!

Miguel o arrasta com dificuldade até a viatura, senta no banco do motorista, dá a partida, tem dificuldade em engatar a primeira por causa do ferimento no peito, mas esquece a dor e acelera, deixando para trás o lixo que seria recolhido pela manhã por policiais indignados com o que seria chamado pelos jornais de Carnificina no Campus, Extermínio de Policiais, P.M.’s Chacinados, etc. Ele dirigiu rumo à saída da cidade, queria chegar ao sítio do avô, onde sabia que teria guarita e cuidados para ele e Égido, sem questionamentos. Ele tinha a cabeça de Égido deitada sobre suas coxas, e cantarolava uma canção em inglês, que dizia algo como “sim, eu morreria por você, essa é a vida que eu quero, estou aqui pra te acompanhar no caminho, te contar o que esses olhos viram, mas o que eu quero mesmo é transformar em movimento a beleza da qual eu possa abusar, você sabe que eu também sei usar meus sentidos, você pode ver, pois está em toda parte, eu pego tudo, mas depois divido a minha parte, vamo nessa, vem comigo, só nós dois, vagueando juntos por aí, não tem que pagar nada, sim, eu morreria por você, o que você vai fazer?, essa é a vida que eu quero, vem, meu bem, e me diz aonde você quer ir, como é importante pra mim ficar a sós contigo!, fecha a porta e ninguém tem que saber como a gente tá, vamo nessa, vem comigo, só nós dois, vagueando juntos por aí, não tem que pagar nada, sim, eu morreria por você, o que você vai fazer?, essa é a vida que eu quero...”, enquanto acariciava a cabeleira aparadinha do soldado, que, a uma certa altura, abriu os olhos e disse alguma coisa que Miguel não conseguiu ouvir.

– O quê? – perguntou Miguel enquanto abaixava sua cabeça para perto da boca de Égido, desviando sua atenção do tráfego: – Fala, meu bem.
Égido então repetiu o que havia dito:

– Valeu a pena.

E completou, após uma pausa: – Tô esperando você do outro lado. Miguel continuou dirigindo, mas já não sabia mais para onde ir. Como estava perto da praia, entrou na primeira saída que viu e se dirigiu ao mar, “schwere See, schwere See, mein Hertz!”, enquanto Égido perdia os sentidos em seu colo. Na manhã seguinte, a rotina tediosa de uma colônia de pescadores foi inesperadamente agitada pelo achado inusitado, na beira da praia, de um carro, que a maré, enchendo, já começava a engolir. Era uma viatura modelo corsa sedan e dentro dela havia o corpo morto de um soldado da polícia militar.


Imagem retirada do site: http://uncyclopedia.wikia.com

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