quinta-feira, maio 31

Viver é Ser Preciso, mas é Preciso Viver



A arte disseca a morte após cada amanhecer a arte arde e na sombra da dúvida entre dois caminhos duvidosos, prosseguir? Ou reclinar ao passado de tão bom? Incomoda hoje os fatos presentes, retirando com veracidade seu brio. A memória rasga os pensamentos oriundos de um sentimento antigo, a memória hoje parece inimiga de um caminho distinto, como se faltasse algo, como se temer o novo. É uma estrada nova que se percorre sem mapas, e o acaso parece cartas de sorte e revéis a cada volta de banco imobiliário.




Viver de fato é preciso, é perigoso, mas a estabilidade dos passos tornaria a vida mais completa, mais pra frente, sem dúvidas, sem preguiças de descobrir um novo recomeço. Recomeçar, só a palavra lembra o melancólico, obter a astúcia de reviver momentos diferentes com pessoas diferentes, um mundo pra desbravar, se enfiar e tornar-se soberano.

É guardar toda a vida perfeita em uma caixa, um relicário propício à poeira, uma aliança por enferrujar e uma foto que daqui alguns meses desbotará e restará somente um papel firme, opaco e com alguns borrões, sem vida, sem memória. Quem sabe remexendo daqui alguns anos as respostas pulem nos olhos já mais enrugados, porém ainda baixos e cansados, trêmulos! Sucumbido em uma história por terminar.

Recorrendo à música, haja a música, se estraga a cada cantarolar, uma música de um momento íntimo, bela música!!! Hoje se estraga, pois é espinho e arde a cada relembrar de carícias e juras, em todos os arrependimentos dos beijos sinceros não roubados, a cada cheiro não retirado, a cada momento perdido por displicência e falha.

É inacreditável a mutação dos momentos, do jeito dos cotidianos segregarem em uma só linha, como uma mudança abrupta de ambiente, ontem o Sol da primavera, hoje brisas quentes do verão. Se for quente aquece, mas a sensação da fragilidade faz sentir no fogo do inferno onde tudo e todos conspiram contra a tal novidade.

E assim segue a vida, nas novidades passadas a limpo, do passado por analisar, aprender com os erros do novo, anotando objetivos em um papel esquecido, como uma letra por terminar, como uma boa garrafa de vinho raro e velha abandonado na geladeira, o arrependimento existe, mas agora não passará de vinagre.

Um comentário:

Unknown disse...

não sei por que jorge mais sempre tenho a sensação de um espelho quebrado quando leio teus textos e uma vontade de colar os pedaços......num sei ao certo....

diego.