quarta-feira, outubro 3

São Luís 400 anos: Comemorar o que? Pra que?


Final

A capital maranhense é rica culturalmente e com os seus artistas variados, mas infelizmente a maioria deles não tem apoio do poder público, seja municipal e/ou estadual. Hoje o tambor de crioula é patrimônio imaterial, ou seja, patrimônio nacional, quem é 2008 foi tombado pelo Ministério da Cultura e IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

O mesmo ocorreu com o bumba-meu-boi em 2011, tornando-se patrimônio nacional, titulo dado pelos mesmos órgãos da União a tambor de crioula. Mas, contudo, as manifestações não são devidamente valorizadas, e lamentavelmente as pessoas ligadas a essas manifestações estão atrelados a classe política, seja municipal e/ou estadual.

Um dos grandes cantadores boi, o Coxinho, morreu na extrema pobreza e miséria, pedia esmola na rua Grande e ainda hoje de forma lamentável é desconhecido pelos maranhenses, e isso não é um fato isolado, existem muitos artistas com o talento impar que não são reconhecidos.

O caso do Coxinho, o mesmo infelizmente não produziu nenhum disco, mas há hipóteses que muitas de suas musicas interpretada por outros cantores e cantadores de boi tenham sido plagiados, negando a sua autoria, e faz grande sucesso em eventos juninos.
E ressaltar que o tambor de crioula e bumba-meu-boi durante séculos foram caso de policia, sendo fortemente reprimido pelo estado por ser uma manifestação de negros escravos, ex-escravos, alforriados, mestiços, pobres e livres, no qual a elite o via como perversão.

E hoje a mesma elite que reprimia aceita essas manifestações, mas para isso, as brincadeiras de cultura popular tiveram que se adaptar de acordo aos interesses da classe dominante, a começar que hoje grande parte é realizada em eventos patrocinado pelos governos municipal e/ou estadual.

Uma coisa que eu sempre falo aos meus amigos em rodas de conversa, o Maranhão tem bons artistas, mas infelizmente deverão ir embora do estado por falta de perspectivas e oportunidades, muitos artistas locais dependem do apoio e patrocínio do governo estadual e municipal, o que acaba criando um vínculo politico.


Fazendo os artistas ficarem impedidos de fazer qualquer colocação politica e ideológica, pois os eventos culturais são quase sempre financiados pelo poder publico, sem haver alternativa de apoio. A classe politica tira proveito disso pra obter apoio e futuramente adquirir os votos da classe artística.

Não é a toa que vemos grupos de boi ser patrocinados e ter os padrinhos da classe politica, o grupo Sarney é o grande exemplo, quem nunca viu no busto da indumentária (o boi) ter a imagem do José Sarney e/ou Roseana Sarney ? Cantadores de boi compor canções em homenagem a eles?

É assim que funciona a nossa cultura, a serviço da classe politica, e nós o publico que aprecia temos que aceitar/aturar essa triste realidade. E para fugir dessa triste realidade, nós vemos vários artistas fazer sucesso fora do estado e que não é conhecido pelo nosso público.

Foi assim com a Alcione, Zeca Baleiro, Rita (Ribeiro) Benneditto, Joãosinho Trinta, Tribo de Jah e muitos outros, ganharam fama e reconhecimento fora do estado, retornaram ao Maranhão com as suas carreiras consolidadas, mas eram desconhecidos do público maranhense.

Quantos maranhenses estão no Brasil e mundo afora fazendo carreira, seja na arte, no esporte, na academia, nas universidades e no profissional? Infelizmente o nosso estado não nos traz grandes perspectivas, onde até os empregos são em grande parte nas repartições públicas.

A iniciativa privada praticamente se resume aos comércios, as indústrias em grande parte são de pequeno e médio porte, as grandes são controladas pela Vale e ALUMAR, mas devido a falta de mão de obra qualificada, os empregos são quase sempre ocupado por pessoas de fora, restando apenas aos trabalhos de menos qualificação para os maranhenses.

É esta realidade da nossa cidade e do nosso estado, mediante a isso, não temos muito de fato o que comemorar dos 400 anos de São Luís, e sim refletir o que queremos pra nossa cidade e para as futuras gerações daqui a 400 anos.






Nenhum comentário: