quinta-feira, maio 26

Deixem nossas florestas em paz




Por Marcio Romero, de Campinas-SP. *

Temos o hábito de julgar nossa geração superior às gerações anteriores, principalmente quando se trata de ciência e tecnologia. Em relação à nossa visão sobre o meio ambiente também não é diferente, temos acompanhado um avanço mundial no modo como o homem se vê perante à natureza. Antigamente o homem considerava-se superior aos outros seres vivos e por causa disso considerava-se no direito de explorá-los o quanto desejasse. Atualmente parece haver uma consciência de dependência mútua entre o homem e o ambiente, onde se um lado perde o outro perde também. 

Porém, no Brasil, parece que a consciência ambiental da geração dos nossos atuais políticos é mais atrasada do que dos nossos antigos políticos. A nossa atual legislação sobre o uso de florestas criado em 1965 é de longe muito superior à nova legislação que estão querendo implementar. Enquanto o mundo caminha em direção à preservação e reconstituição das matas, os políticos do Brasil querem legalizar o desmatamento irregular feito até julho de 2008 sobre vegetação às margens de rios, topos de morros, e encostas. E como se não bastasse, perdoar as multas a proprietários de terras nessas áreas que não cumpriram a lei e isentá-los do reflorestamento. Ou seja, quem não cumpriu a lei no passado estará perdoado.

Por essa lógica quem não cumprir a nova lei será perdoado daqui a alguns anos.A verdadeira razão desta mudança é que muitos dos deputados que querem a alteração no código florestal, chamados de ruralistas, são plantadores de soja, café, cana-de-açucar e criadores de gado. E a maioria está em desacordo com a legislação ambiental. Com a aprovação do novo código florestal eles passarão da ilegalidade para a legalidade, não terão que pagar suas multas milionárias e estarão livres de suas obrigações com reflorestamento.
Por causa do interesse de poucos o Brasil caminha rumo ao desenvolvimento insustentável e desastres ambientais, como ocorreram em Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo. E justamente no ano de 2011, quando o mundo inteiro está celebrando o ano internacional das florestas.
       
* Biólogo e Mestre em Ecologia pela Unicamp.                                                                                                                                         

Um comentário:

Anônimo disse...

É meu caro Márcio.

Você tem razão no que fala. Neste país, o dinheiro fala muito mais alto do que em qualquer parte do mundo. Mesmo nossa moeda não sendo tão valorizada. Nossas florestas têm preço, estipulado pelos que nada sabem sobre ela. Preço monetário e não VALOR AMBIENTAL, como deveria ser feito. Estamos na luta contra esse Código absurdo e, talvés, daqui à alguns anos nossos filho e netos pensem que são mais avançados do que nós.

Falou e disse.