terça-feira, julho 5

na beira, nu fundo

escrevo numa segunda-feira depois de tudo, depois do mar.

para fani


caminho na beira do mar, aperto as mãos imaginando suas mãos nas minhas, as ondas brincam com os dedos dos pés, caminha na beira do mar, penso em você, penso naquela gargalhada inédita, consigo ver tudo, seu dentes curtos, olhos castanhos claros, faço um piada, falo sozinho, olho o sol, caminho na beira do mar,

sem sentido estou
estou sem sentido
sentido sem estou
sem estou sentido
demais... e eu que pensava que morrer fosse tão ruim, caminho entrando nú mar, as ondas brincam com os joelhos, aperto com mais força minha mãos, falo mais alto, o fim do sol me ilumina, aperto mais e mais as mãos, você sorri, você e aquela gargalhada inédita,

- qual foi a besteira que eu disse?
- não sei.
- por eu gosto tanto de ti?
- não sei.
- por que você sorri?
- não sei.

o vento é musica, as ondas brincam na cintura , o sol se despede e a lua se revela

- sei lá que estória é essa de dizer coisas belas, mas sei lá, acho, acho mesmo que gosto de ti,
- por que?
- sei lá.

caminho nú fundo da praia, as ondas batem no peito, falo sozinho,

- onde está você?
- estava imaginando uma coisa.
- o quê?
- que nós dois somos um.

Escurece, a noite invadi o dia, o mar dentro de mim,

- meu coração ta apertado.
- como?
- bota o ouvido aqui no peito.

......

Achei num diário... essa é para os amantes

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