terça-feira, outubro 14

Por que votar na Dilma Rousseff?

Por William Washington de Jesus
Passado o primeiro turno das eleições, estamos diante de mais um embate de dois partidos, o PT (Partido dos Trabalhadores) e o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), e essa disputa será bem mais acirrada que nas anteriores, com possibilidade dos tucanos voltarem ao poder em virtude dos petistas estarem há 12 anos no governo.

Se fizermos uma análise política, econômica e social, nenhum dos dois mereciam estar no segundo turno, pois ambos já governaram o país, e tem a política econômica praticamente a mesma, e as mudanças tão propagadas de fato está longe de ocorrer.

Entretanto, já que os dois partidos novamente estão na disputa, cabe a nós fazer uma análise bem minuciosa, principalmente nos governos incluindo o atual. A política econômica do PSDB e PT é praticamente a mesma, quem fala que o governo do PT é comunista/socialista e quer transformar numa Cuba da vida, é neurose e esquizofrenia da direita conservadora e reacionária que não consegue ficar muito tempo fora do poder.

Nos anos do Fernando Henrique Cardoso de 1995 a 2002, foi marcado por estabilização da economia e combate à inflação em virtude da criação do plano real, privatização das estatais, como a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), bancos estatais como o BEM (Banco do Estado do Maranhão) e outras de vários estados federativos.

Mas em contrapartida, foi marcado por desemprego altíssimo, arrocho salarial a servidores públicos e poucas realizações de concursos públicos, que contribuiu e muito para o aumento da desigualdade social e concentração de renda que já era gritante, apesar da criação de programas sociais como o Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Vale Gás e outros.

O Partido dos Trabalhadores (PT) com o Luís Inácio Lula da Silva assumiu a presidência da república em 2003, manteve a política econômica para não contrariar os interesses das classes dominantes em virtude do pacto feito com a parte das elites em 2002 que resultou na eleição presidencial.

E mesmo com o mantimento da política econômica, o governo petista não abriu mão de implantar políticas sociais para beneficiar as classes mais baixas na tentativa de reduzir a desigualdade social, juntou os programas sociais do governo anterior como o Bolsa Escola, Bolsa Alimentação e outros, e criou o Bolsa Família ampliando e expandindo o programa para as regiões mais pobres do país, principalmente no Norte e Nordeste.

Muitos criticam o programa, o chamam de “bolsa esmola”, ‘programa assistencialista’, “comprador de votos”, “que leva o povo ao comodismo” e muitas outras denominações que por trás é carregado de preconceito e discriminação, principalmente por aqueles que nunca passaram fome, sempre tiveram ao alcance das mãos e dos pés, nunca faltou nada e não sabe o que é necessidade e muito menos o que é fome.

Eu também por muitas vezes critiquei o Bolsa Família, cheguei a chamar o programa de “bolsa esmola”, principalmente nos meus tempos de faculdade e militância do movimento estudantil, e hoje peço desculpas por ter dito muitas vezes que o programa é uma esmola, compra de voto, comodismo e outras denominações.

Hoje como professor e viajando por esse imenso Maranhão afora, eu vejo de perto a pobreza e a ausência do Estado, tanto do poder municipal quanto estadual em políticas públicas no combate à pobreza, e essas famílias em maioria vivem da assistência do Governo Federal, justamente do Bolsa Família.

O outro elemento que faz ser importante este programa social é a baixa expectativa das pessoas que vivem nas cidades pequenas, falta de emprego em que o empregador é a prefeitura municipal ou o comércio, eu mesmo conheço uma pessoa que recebe por mês 400 reais no seu emprego, a maioria dos comerciantes nas cidades pequenas pagam mal os seus funcionários para ficar o dia todo trabalhando, sem poder comer em casa, sendo humilhado pelo patrão e clientes, enquanto o dono do estabelecimento tem carro, moto, boa quantia de dinheiro na conta bancária e todo o final de semana está na beira do rio ao lado de amigos, família e/ou belas mulheres regado a uísque, caipirinha e cerveja, enquanto o seu funcionário da loja e/ou do comércio conta o que vai fazer com os 300, 400 ou 500 reais até o fim do mês, sendo que o mínimo é 724 reais, que é também desumano.
O que seria destas pessoas se não fosse o Bolsa Família?

Pra você que nunca passou fome pouco importa, mas para essas pessoas, esse programa é uma bênção, e nessas cidades que não há policiamento, não há delegados, não há médicos, não há enfermeiros, não há professores (não é à toa que eu viajo pra lecionar em cidades do MA) e nem advogados (e quando há, são todos ao lado do prefeito e ocupam importantes cargos).

Leis trabalhistas são ignoradas e desrespeitadas, quando o funcionário é demitido, este é impedido de entrar com uma ação na justiça contra o ex-patrão por medo de represálias e outros comerciantes da cidade não o empregam como forma de retaliação e corporativismo existente entre os lojistas e empresários, o que seria destas pessoas se não fosse o Bolsa Família?

Isso tô falando do Maranhão, imagina a realidade no Piauí, Ceará, Alagoas, Paraíba, Pará, Amazonas, Tocantins, Pernambuco... Eu afirmo sem medo, o Bolsa Família é importante, há erros na forma como é distribuído o programa, mas é de suma importância para as famílias pobres.

A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou recentemente o ranking de países que estão no mapa da fome, e a novidade é que o Brasil pela primeira vez desde a fundação da entidade em 1948, ficou fora desse mapa, e o que se deu para que o Brasil saísse no mapa da fome? O Bolsa Família, que contribuiu momentaneamente para a erradicação da fome no país.

Algumas emissoras de tv divulgaram em seus telejornais, mas a Globo não. Por quê? A revista Veja não estampou na sua capa, os jornais Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo também não, se divulgaram foi dentro das páginas e de forma tímida para não chamar muita atenção do leitor.

É verdade que o PT está há doze anos poder, não vou aqui enganar você ao afirmar que o Brasil está uma maravilha, claro que não, há muita coisa errada que deve ser corrigido. Entretanto, houve certas melhoras e conquistas que deve ser apontada, não graças ao governo, mas sim o fruto da própria sociedade que há anos exige por melhoras.


Um dos setores mais visíveis foi a educação, e eu saliento e afirmo sem medo, a educação no país em termo de quantidade e números, melhorou significativamente, o acesso ao ensino superior foi ampliado, aumentando a possibilidade do negro, pobre, favelado, branco pobre e favelado e dos próprios indígenas de ingressar a uma universidade, seja pública ou privada.

A educação no país durante anos/séculos era prioridade e privilégio para poucos, especialmente para os ricos e brancos, os governos que passaram se negaram em investir e incluir os pobres no ensino público, ainda mais no ensino superior, isso se deu graças a política de cotas sociais que visou integrar os brancos pobres oriundos de escola pública e raciais para diminuir a desigualdade racial existente no nosso país, em que a escravidão pendurou por quatro séculos.

Aumentou o número de estudantes universitário nos últimos 10 anos, principalmente vindo de escola pública, diminuindo a desigualdade social e racial, foram criadas novas universidades federais por esse Brasil afora, aqui no Maranhão não foi criada nenhuma universidade, mas a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) se expandiu para Grajaú, Codó, São Bernardo, Chapadinha, Bacabal, Pinheiro, Balsas e outras cidades que no momento não me recordo.

Em Imperatriz que antes eram apenas os cursos de Direito, Ciências Contábeis e Pedagogia, contém hoje uns 20 cursos que foram criados incluindo Medicina, que também há em Pinheiro o curso de Medicina, que até a pouco tempo nesse imenso Maranhão, o curso de Medicina havia apenas na capital, São Luís.

O Instituto Federal do Maranhão (IFMA), antigo CEFET, se expandiu para São Raimundo das Mangabeiras, São João dos Patos, Codó, Coelho Neto, Santa Inês, Zé Doca, Buriticupu, Campus do Maracanã na zona rural de São Luís, Bacabal e muitas outras cidades que no momento não me recordo. Antes o campus do IFMA só havia em São Luís no Monte Castelo e em Imperatriz.

O que faziam os estudantes nessas cidades citadas que antes não havia o Campus da UFMA ou do IFMA? Iam para Imperatriz ou em São Luís estudar, quando não, iam para Teresina – PI, Palmas – TO e Belém – PA, e eu estou citando capitais mais próximas, não tô citando cidades do interior de outro estado que também se torna referência quando vai pra fora estudar, como Parnaíba – PI, Araguaína – TO e Marabá - PA.

E quando não quer a proximidade, acaba optando a ir estudar em Brasília – DF, Goiânia – GO, São Paulo – SP e Rio de Janeiro – RJ, e aí só vai quem tem melhores condições financeira para manter os seus filhos estudando.

E você ainda acha que o PT acabou com o Brasil? Olha que eu estou falando dos feitos realizado aqui no Maranhão, que toda semana eu viajo e percorro esse estado e tenho observado de perto a realidade das pessoas.

Mas no governo do PT há muita corrupção. Mas qual governo não há corrupção? Eu afirmo sem medo, o governo é corrupto e é inegável, mas não comungo que é o governo mais corrupto da história. A diferença é que a grande mídia nunca deu tanta cobertura, denunciando as falcatruas do governo como agora.

Você lembra do escândalo do Senado Federal em 2009 quando José Sarney era presidente, que o mesmo era acusado de nomear aliados e parentes seus sem ser publicado no diário oficial que ficou conhecido como ato secreto? Pois bem, essa prática já havia desde que foi presidente do Senado em 1995, e quem era presidente naquele período (Fernando Henrique Cardoso)? Por que a mídia não denunciou na época? A venda da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) até hoje é questionada principalmente pelo baixo preço que foi privatizado. 

A imprensa não dá nem um piu sequer e até hoje nunca foi investigado como está sendo no caso da Petrobrás que a imprensa divulga todos os dias a exaustão o caso de corrupção envolvendo os diretores da empresa, como o Paulo Roberto Costa, que está preso e respondendo judicialmente.

O projeto de lei que dá direito a reeleição que beneficiou o Fernando Henrique que se candidatou a reeleição em 1998, até hoje se suspeita que para aprovação dessa lei, se deu comprando uma parte da bancada dos deputados, principalmente os que eram contrários, compra com dinheiro que é conhecido como prática de mensalão. A imprensa até hoje não dá um piu sequer sobre o assunto. Por que será? Por que a imprensa não deu tanta cobertura e denúncias de corrupção de governos anteriores pós-ditadura (exceto Collor)? Se as denúncias foram feitas, não foram investigadas, e se não foram investigadas, com o tempo caíram no esquecimento, que é também aliado a impunidade.

Infelizmente a corrupção sempre fez parte dos governos, isso vem desde a colonização, passando por império até no regime republicano em dias atuais. Não se combate a corrupção com palavras bonitas e nem com palavras doces.

A vantagem de todas essas denúncias que vêm sendo feitas nos últimos anos, é porque nenhuma praticamente ficou impune ou engavetada e debaixo do tapete. Presenciamos várias operações deflagradas pela Polícia Federal que prenderam políticos, empresários, funcionários corruptos e autoridades.

Só aqui no Maranhão presenciamos operações como Navalha que algemou o ex-governador do Maranhão José Reinaldo Tavares, Rapina que prendeu prefeitos e ex-prefeitos, Astiages que também prendeu prefeitos e por último, a operação Boi Barrica que investigou nada mais e nada menos, o filho do ex-presidente da república e irmão da atual governadora do Maranhão (Roseana Sarney), o Fernando Sarney.

Desde quando presenciamos a polícia federal a investigar e deflagrar operações para prender autoridades, governantes, funcionários de alto escalão, empresários e filhos, parentes e amigos destes envolvidos com a corrupção?

A impunidade sempre foi o instrumento utilizado pelas classes dominantes para acobertar os seus crimes ou colocar a culpa para os mais fracos, ou seja, aqueles que tem menos poder e influência pagavam pelos crimes.

E foi a primeira vez na história presenciamos o julgamento dos envolvidos de corrupção que faziam parte do governo, como foi o caso do José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares, Marcos Valério e muitos outros envolvidos, sendo que os três primeiros fizeram parte do governo e são filiados do PT.

E quem o julgou pela condenação foi indicado pelo governo e pelo próprio PT, o Joaquim Barbosa, indicado para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2004 pelo Luís Inácio Lula da Silva, José Dirceu e José Genoíno, presidente da república, ministro chefe da Casa-civil e presidente nacional do partido dos trabalhadores na época, respectivamente.

Sendo os dois últimos foram acusados de corrupção ativa, passiva e tráfico de influência, foram julgados e condenados à prisão, um marco na história do país. Joaquim Barbosa rompeu o paradigma do homem cordial, do camarada, que tinha tudo para não ser o relator do processo e também por optar pela absolvição.

Porque foi o governo e o PT que o indicou para o cargo de ministro do supremo, e como recompensa pela nomeação, se esperava pelo não julgamento dos envolvidos e consequentemente a absolvição, porque essa é a prática corriqueira dos poderes legislativo, executivo e judiciário neste país.

O atual governo pode se orgulhar de ter rompido com esse conceito, a própria Dilma Rousseff ao longo do seu governo não acobertou os envolvidos em corrupção e demitiu todos, foi assim com o Antônio Palocci na Casa-civil logo no primeiro ano de governo, depois o maranhense Pedro Novais no turismo, Alfredo Nascimento do transporte e assim sucessivamente.

Todos esses feitos não é a forma de combater a corrupção? A corrupção nunca vai acabar, mas a melhor forma de combater a corrupção é denunciando e punindo os responsáveis e dando mais autonomia política e administrativa a órgãos de fiscalização e segurança, como a Polícia Federal e Civil dos estados federativos, Ministérios Público Federal e Estadual, Tribunal de Contas da União e dos Estados, Procuradoria Geral da União e dos estados federativos e outros setores, acabando assim com a impunidade.

Você ainda acha que o atual governo acabou com o Brasil?

Muitas conquistas realizadas não se devem ao governo, mas sim aos movimentos sociais, uma delas é a cotas sociais e raciais nas universidades e concursos públicos, porque o estado brasileiro reconheceu a sua dívida histórica com os pobres (incluindo os brancos), negros e indígenas, e devemos isso ao movimento negro que há anos vem lutando, passados governos que negaram e recusaram a dialogar com o movimento, alimentando o discurso falacioso da democracia racial que nunca existiu.

PSDB e DEM são contra as cotas sociais e raciais, porque eles negam a história e representam aqueles que sempre tiveram privilégios a custo da impunidade, pobreza, miséria, violência e escravidão, esta que pendurou por quatro séculos, e ainda hoje em pleno séc. XXI no ano de 2014, eu afirmo categoricamente, a sociedade brasileira além de racista, ainda é escravocrata, e faz questão de manter resquícios herdados da escravidão.

A escravidão é a causa e origem de todos os problemas do nosso país, analfabetismo, concentração de renda, desigualdade social e racial e a concentração fundiária, e eles são contra as cotas sociais e raciais. Por quê? As cotas vão gerar ódio e a segregação racial? É muito cinismo e cara de pau. Pois as favelas nas grandes cidades são a prova da segregação racial e a desigualdade,  são a prova do ódio que impede os negros e pobres neste país de não terem oportunidades. Mas eles são contra as cotas porque defendem a minoria que sente falta dos tempos da escravidão em que o lugar dos pobres é servir o senhor e os negros na senzala.

A Lei das domésticas é uma outra reivindicação dos movimentos sociais, para acabar com a herança escravocrata em que as empregadas eram tratadas como fossem propriedade de seus patrões/senhores, trabalhavam sem direitos durante anos na casa e enganadas com a falácia de que faziam parte da família do sinhô e da sinhá. Com a lei, as empregadas trabalham com todos os direitos trabalhistas, com a jornada diária de 8 horas e sem dormir no trabalho.


Graças a cotas sociais e raciais, pobres (incluindo os brancos) e negros neste país podem sonhar em ser um doutor. Você acha mesmo que o governo tá gerando o ódio, preconceito e a discriminação racial?

A Lei Maria da Penha é também resultado de anos de luta das mulheres que vem lutando contra o machismo e a violência doméstica, lutando para acabar com a impunidade.

A Lei 10.639 que cria o ensino de História da África para que seja incluído nas escolas pública e privada, é também uma luta do movimento negro que há anos veio lutando. Esse item na lei visa recontar ou contar a outra história do Brasil e também da África, vista de baixo para cima e como forma de resgatar aqueles que foram impedidos de contar a sua própria história e que contribuíram bastante para a formação da nossa sociedade, os escravos.

Essas foram algumas das conquistas realizadas porque o atual governo resolveu ouvir e atender as reivindicações, não surgiram do nada e muito menos surgiu de cima para baixo.
No atual governo, mesmo com todas as contestações e insatisfação, há canal de diálogo, e isso não pode ser negado.

A inflação voltou e está levando muitas famílias a cautela nos seus orçamentos domésticos. Essa crise é mundial, e vai passar como passou outras crises econômicas, mas não chega nem perto do período da década de 1980 no governo Sarney em que os preços aumentavam manhã, tarde e noite, a década de 1970 foi marcado pela crise do petróleo, se dizia que era o fim do capitalismo, que os Estados Unidos perderia o posto de maior economia do mundo, que a União Soviética seria a maior potência mundial e ocuparia o lugar dos americanos.

A crise do petróleo passou, os Estados Unidos não perderam o posto de maior economia do mundo e a União Soviética foi extinta em 1991. Essa crise é mais uma como as outras que passaram e as que estão por vir, faz parte do sistema capitalista com a economia globalizada.

Honestamente eu não entendo muito de economia, pois eu sou historiador, deixo isso para os economistas formados na área, mas eu afirmo e saliento que isso ocorreu por causa do endividamento da classe média, ela é o motor da economia, é a classe média que faz a economia mover e aquecer o comércio.

Isso se deve ao governo que nos anos anteriores, que reduziu o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre vários produtos, principalmente de móveis, automóveis, eletro, eletrodomésticos e material de construção, que levou as famílias correrem para as lojas, concessionárias e outros estabelecimentos comerciais para fazerem compras desenfreadas.

Com o acúmulo de compras, aqueceu o comércio que teve a necessidade de empregar novos funcionários para atender a demanda, até aí todo mundo estava satisfeito, mas quando a classe média começou a se afundar em dívidas e sem ter como pagar, muitos foram para o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), o comércio para não ficar no prejuízo foi obrigado a aumentar o preço nos produtos mesmo com a redução do imposto pelo governo e por fim, demitir alguns funcionários por causa da queda das vendas e diminuir as despesas, principalmente com a folha salarial.

Grande parte da volta da inflação se deve ao endividamento das famílias que sem planejamento fizeram gastos desenfreados e desnecessários, uns preferiram gastar 1000 (mil) reais numa calça ou camisa estampada na vitrine de um shopping a comprar cestas básicas para alimentar a sua família e guardar uma parte para deixar como reserva para casos especiais e importantes.

E para não assumir a responsabilidade, preferem colocar culpa nos outros, como as famílias endividadas culpa o comércio ao alegar que os comerciantes, empresários e lojistas só querem o lucro, e estes culpam o governo com os impostos abusivos e quando o governo abaixa, coloca a culpa no consumidor por dar calote ou não saber administrar devidamente a sua renda.

É um culpando o outro, e essa é a lógica capitalista, o sistema vive do consumo, e o motor é a classe média, e é justamente a classe média que tem o poder de decisão nos momentos de crise, e no momento a classe média também coloca a culpa no governo por causa da inflação.

Esquecendo que graças ao governo, querendo ou não, pôde comprar o seu carro zero quilômetro para ficar preso no trânsito nas cidades, comprar o smartphone com o whatsapp, poder viajar por qualquer lugar periodicamente.  Não é a toa que os aeroportos atualmente vivem lotados.

Porque hoje todos podem voar, comprar passagens em promoção pela internet a partir da zero hora, com seis meses antes da viagem e com o horário de embarque na madrugada em que não há nenhum ônibus coletivo andando na cidade, a não ser o corujão que demora passar dependendo da linha e bairro, táxis nesse horário circulando de forma restrita e bem limitado com preço exorbitante, mas contudo, o pobre não só pode sonhar em voar como pode realizar o seu sonho de voar pela primeira vez. Por isso os aeroportos se transformaram em rodoviárias, para angústia das dondocas e burguesinhas que adoravam voar sem a presença de gente “ralé”.

Essa inflação que é tão propagada pela imprensa, não é esse monstro que eles querem passar para a opinião pública, até porque os Estados Unidos e a União Europeia estão passando por situação bem mais caótica, em que o desemprego é altíssimo e o governo cortou drasticamente os gastos que estão afetando diretamente a população, resultando em greves, passeatas e revoltas populares contra a política de cortes de gastos, enquanto no Brasil o nível do desemprego nem chega a níveis alarmantes.

E o Brasil se destacou e muito nos últimos anos no cenário político internacional, a primeira delas é a não submissão do governo brasileiro aos interesses de outros governos como a dos Estados Unidos. É inadmissível um país como o Brasil com dimensões continentais e hoje estar entre as 10 maiores economias do mundo estar subserviente a outros governos.

O Brasil tem tomado postura de independência sem se deixar influenciar por qualquer governo e passando assumir a postura de uma potência emergente ou em ascensão junto com a China e Rússia, o que tem causado ira dos Estados Unidos e da União Europeia.

Com a presidente Dilma Rousseff, o Brasil reconheceu o estado da Palestina, repudiando o ataque de Israel aos palestinos e a invasão destes ao território palestino, o presidente Barack Obama um dia antes da assembleia da ONU em Nova Iorque – EUA, conversou reservadamente com a presidente pedindo para o Brasil não reconhecer o Estado Palestino, e ela seguiu o contrário do presidente americano.

Este gesto para uns é visto como rebeldia, mas na verdade significa uma postura independente e não se deixar influenciar por países poderosos. Nos tempos da ditadura como dizia os generais, o que é bom para os americanos é bom para o Brasil, revelando a completa submissão do nosso país as potências poderosas como os Estados Unidos.

No governo atual e também nos dois mandatos do Lula, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial não davam palpites sobre os rumos e as diretrizes do nosso país, quem decide o que é bom ou maul é o governo ou a nossa sociedade, incluindo a população mais pobre.

E para contrapor as decisões dos países que compõem o G-7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Inglaterra, França, Itália e Canadá) e apontadas como as maiores economias do mundo, foi criado o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para unir as potências emergentes e aumentar o poder de decisão nas assembleias da Nações Unidas e principalmente do Conselho de Segurança, vaga que o Brasil há tempo vem exigindo.

E para contrapor ao FMI e o Banco Mundial, na última reunião do BRICS realizado aqui no Brasil foi deliberado entre os chefes de Estado, incluindo a Dilma Rousseff, a criação de um banco para fornecer empréstimos a países pobres a baixo custo.

Por exemplo, a Bolívia, considerado o país mais pobre da América do Sul, e na necessidade de obter empréstimo, em vez de contrair ao FMI e o Banco Mundial, pedirá ao banco do BRICS, isso servirá como proteção dos países pobres a estes órgãos que fornecem empréstimos com juros altíssimos, e ainda querem intervir nas decisões dos governos sobre a economia dos países que prejudica diretamente a população pobre.

Quem tem a perder com a criação do novo banco (BRICS), é o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, onde tá a grande influência dos Estados Unidos e os países da União Europeia junto com a Inglaterra e seus bancos/banqueiros.

Os países mais pobres terão opção e livre escolha a quem pedir o empréstimo, o banco que reúne potências emergentes (BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ou FMI/Banco Mundial que reúne as potências do G-7/União Europeia (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Inglaterra, França, Itália e Canadá).

A criação do BRICS não agrada nem um pouco o governo americano, não é a toa que nessa eleição presidencial no Brasil, os americanos estão acompanhando de perto e apostam na vitória do Aécio Neves, pois ele, o seu partido e seu grupo representam os interesses dos norte-americanos e não dos brasileiros e muito menos das potências emergentes.

A eleição do Aécio significará a volta do poder e influência do FMI/Banco Mundial no nosso país e na economia, voltando aquela frase, o que é bom para os Estados Unidos/FMI/Banco Mundial, é bom para o Brasil, numa postura de total subserviência.

O Brasil vem conquistando com altivez o seu espaço no cenário mundial, sem se curvar a ninguém, com livre e arbítrio de ter relações bilaterais e multilaterais com quem quer que seja, se agrada ou não, como no caso com Cuba, que tem aumentado bastante nos últimos anos, e isso foi mostrado quando veio a denúncia do americano Edward Snowden, que acusou o governo dos Estados Unidos de espionar países aliados e incluindo o Brasil, a Dilma Rousseff exigiu explicações, o Obama foi obrigado a se explicar o que acabou não fazendo, e a presidente cancelou a viagem marcado para outubro do ano passado (2013) para os Estados Unidos pra se encontrar com o presidente americano, um gesto que demonstrou imposição para o governo americano respeitar o governo brasileiro.

O outro fator que devemos considerar, é o investimento do governo brasileiro na construção do porto em Cuba, se está construindo é porque deve ser bom para o Brasil, e deduz que Cuba deva ter uma enorme reserva de recursos minerais, principalmente no fundo do mar, o que os Estados Unidos há anos estão de olho, e devido o rompimento com o governo cubano em virtude das questões ideológica e também resolveu não ser mais submisso aos interesses dos norte americano.

Como represália a Cuba por ter aderido ao socialismo e se alinhar com a antiga União Soviética em 1962, Estados Unidos expulsou de forma arbitrária da Organização dos Estados Americanos (OEA) e impõe até hoje o violento embargo econômico que impede os países aliado dos americanos de fazer parceria com os cubanos, principalmente comerciais, econômico e financeiro.

Fazendo Cuba sentir completamente isolada no cenário mundial, o que agravou ainda mais com o fim da União Soviética, o que obrigou o país a se abrir lentamente ao mercado mundial mas sem relações com os Estados Unidos, a construção de um porto no país pelo governo brasileiro é uma afronta aos interesses dos americanos e também uma forma de romper com o violento embargo econômico.

O Brasil na condição de potência emergente com o poder na América Latina e especialmente na América do Sul, deve ser bom a construção do porto em Cuba, pois futuramente poderá instalar grandes empresas brasileiras como a Petrobrás e inclusive para explorar o petróleo na Ilha, em vez uma empresa dos Estados Unidos explorando o petróleo e outros recursos minerais, é uma empresa brasileira fazendo isso para a raiva dos americanos.

Visto que a Petrobrás é uma grande empresa e tem recursos para fazer exploração em grandes profundidades nos mares e oceanos, aqui no Brasil muitos aeroportos foram construídos por americanos, principalmente na segunda guerra mundial, como o aeroporto Marechal Hugo da Cunha Machado em São Luís – MA, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) foi construída em Volta Redonda – RJ com o financiamento dos Estados Unidos como forma do Brasil se aliar aos norte-americanos contra a Alemanha nazista do Hitler e da Itália fascista do Mussolini no mesmo período.

O Canal do Panamá foi construída com o dinheiro financiado pelos Estados Unidos, e o Panamá até hoje é o fiel aliado dos americanos na América Central de forma quase incondicional, portanto, não há nada demais o governo brasileiro construir o porto em Cuba podendo ser bom para o Brasil e ruim aos interesses dos Estados Unidos da América.

Com a criação do BRICS e do banco para fornecer empréstimos, será ótimo para Cuba pra poder contrair empréstimos e consequentemente furar o embargo econômico e bloqueio continental e mundial imposta pelos Estados Unidos, tendo o Brasil como o principal aliado e parceiro.

E nessa parceria entre Brasil e Cuba, muitos cubanos estão aqui no país trabalhando pelo “Programa Mais Médicos” e maioria de forma livre e espontânea porque o conceito de medicina e ser médico é diferente aqui no nosso país, em que os “doutores” não querem colocar as suas lindas mãos de porcelana em contato com o corpo ensanguentado, e ainda mais se for o pobre.

Preferem desfilar pelas ruas vestido de branco com o jaleco como forma de demarcar a sua condição/posição social pra serem chamados de “doutor” por todos em volta e “trabalhar” em consultórios climatizados onde cobra 500 reais por consulta e mostra o lindo sorriso colgate ao paciente/cliente e no máximo ele pega é no pulso da pessoa, passa a receita e mandar voltar em 30 dias, e muita das vezes ainda cobra outros 500 reais.

Estes são os nossos médicos brasileiros, que muitos se recusam a trabalhar na rede pública, principalmente no interior e periferias das grandes cidades, e quando trabalha, é uma vez na semana ou no mês, e não trabalha com a carga horária determinada e não atende devidamente de forma respeitosa e humanitária os pacientes, especialmente os pobres.

O Programa Mais Médicos é uma bênção para muitas famílias do interior e periferia das grandes cidades que raramente vê o médico e há anos não é atendido por esses profissionais, e os cubanos na maioria de forma humanitária estão em localidade distantes e inacessíveis que muitos se recusam a ir.

Aí, você ainda acha que o atual governo está acabando com o Brasil?

Mas o governo fez aliança com as oligarquias como Sarney e Renan Calheiros, estes caciques são aliados do poder. Independentemente de quem ganhar a eleição, eles estarão com o governo. Seja Deus ou o Diabo eleito presidente do Brasil. Sarney, Renan, Collor e muitos outros estarão ao lado e dirão: sou Deus/Diabo desde criancinha.

Não é a toa que o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) está dividido, independente do Michel Temer, ser candidato a vice na chapa de Dilma, e isso é bom para o partido, pois seja Dilma ou Aécio, o PMDB será governo, pois eles são maioria na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

Sarney ano que vem não estará mais no Senado, mas os seus aliados estarão lá, de forma ou outra ele terá certa influência visto que ele é também do PMDB. Essa prática política não vem de hoje, no governo Fernando Henrique Cardoso do PSDB de 1995 a 2002, Sarney foi presidente do Senado e o seu filho, o Sarney Filho foi ministro do Meio Ambiente e sua filha governadora do Maranhão Roseana Sarney nos dois primeiros mandatos de 1995 a 2002 foi aliada do presidente FHC.

Portanto, tanto o PT quanto o PSDB tiveram que engolir e aceitar aliança com o PMDB e o oligarca José Sarney, e essa prática política vem desde a monarquia, os Orleans de Bragança, família imperial e escravocrata que reinou o Brasil por quase 70 anos (1822-1889), para ficar esse tempo que permaneceu no poder, tiveram que fazer aliança tanto com os conservadores quantos com os liberais.

Agradando interesses de ambos os partidos, e para ter o apoio e legitimação do regime monárquico junto as elites naquele período, os Orleans de Bragança tiveram que atender vários interesses das elites, especialmente da elite produtora do café, a de manter a escravidão.

Não é a toa que o Brasil foi o último país do continente americano a abolir a escravidão (em 1888), e isso só ocorreu quando o regime monárquico estava em crise, D. Pedro II doente e afastado do trono e o risco de serem varridos do poder por eventual golpe de Estado ou insurreição popular orquestrado pelas elites que o rompeu.

A princesa Isabel “A boazinha”, não tendo apoio das elites, principalmente dos produtores do café que aderiram as ideias republicanas, assinou e decretou a Lei Áurea, abolindo a escravidão no país que durou quatro séculos, na esperança de que os escravos recém-libertos (que eram 700 mil de acordo com os dados oficiais da época) fariam a insurreição popular para manter a família imperial no poder, no qual acabou não acontecendo e os militares deram o golpe de Estado no dia 15 de novembro no ano seguinte (1889).

O pragmatismo sempre esteve presente na política, para os políticos e partidos tradicionais, o que vale é o poder e não a ideologia/fidelidade, independente de quem o esteja governando, e os princípios éticos e morais são varridos para debaixo do tapete.

Não estou aqui defendendo essa prática, que fique bem claro, mas para mudar, é preciso uma profunda reforma política com ampla participação popular, no qual os partidos e políticos tradicionais, incluindo o PSDB do Aécio e o DEM do ACM Neto  / Prefeito de Salvador – BA (que o apoia) não querem, só quer que o povo participe apenas para votar de dois em dois anos, pra presidente/governador e prefeito.

Outro elemento que deve ser levantado aqui é a realização de concursos públicos ao longo destes anos que deu com a expansão de órgãos para o interior dos estados principalmente no Maranhão, o Instituto Nacional da Previdência e Serviço Social (INSS) se encontra em várias cidades do Maranhão.

Atendendo a demanda da população que não precisa se deslocar da cidade que mora pra outra para resolver os problemas junto ao órgão, que antes o servidor era obrigado também a viajar para as cidades do interior pra atender problemas da população pobre e idosa especialmente sobre assuntos previdenciários.

Os servidores públicos federais que viveram os anos do arrocho salarial e a desvalorização do serviço público, com certeza não querem a volta do PSDB à presidência, pois eles sabem o que comeram pão que o diabo amassou, principalmente nos anos FHC.

Aí, ainda pensa em votar no Aécio Neves? O seu voto é livre, alternância de poder é bom e necessário para a democracia. Mas não podemos abrir mão de algumas mudanças que foram realizadas não por este governo, mas que teve a contribuição enorme da nossa sociedade que há anos exigiu por mudanças e melhorias, e sucessivos governos que passaram se negaram a ouvir, dialogar e acatar as exigências vindas das ruas, principalmente de movimentos sociais.

Hoje o pobre querendo ou não admitir, ele tem além do ENEM, o Prouni e o FIES, ou seja, tem um leque de oportunidades para estudar e realizar o sonho de obter o diploma do ensino superior e ser chamado também de doutor, muita coisa ainda está errado, mas podemos exigir muito mais como ocorreu ano passado, em que os jovens foram às ruas exigir por mudanças e melhorias e o governo atual atendeu por algumas delas até de forma imediata, como por exemplo o Programa Mais Médicos, resultado das manifestações vindo das ruas de todo o Brasil que o governo atendeu.

Por essas e outras eu votarei na Dilma, não irei de forma alguma anular o meu voto, pois anular o voto é cair no jogo da direita, pois eles querem que você não vote no atual governo, já que você não vota neles, pois eles não fazem questão de receber o seu voto, não votando no PT claro, você pode votar nulo ou branco que estará contribuindo pra eles de qualquer modo.

Não sou petista, não sou filiado, não faço parte do governo e muito menos recebo algo pra defender, até porque eu trabalho viajando e passo meses no interior pra ter a minha renda e estou na função de professor com todos os méritos que eu conquistei, resultado de muita luta e estudo.

Mas eu sou honesto, entre o PT e o PSDB, eu prefiro o PT no governo. E você, abrirá mão de algumas conquistas ou mudará e correrá o risco que essas conquistas sejam extintas e/ou varridas para debaixo do tapete?

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