domingo, junho 26

A afogada

A deriva, tu te vais
No rio da lembrança
E na margem, logo atrás,
Grito através da distância.

Mas te afastas, lentamente,
E em meu curso desesperado
Te recupero brevemente
No espaço por mim deixado

Te afundas por instantes
Na correnteza severa
Tocando os galhos flutuantes
 Tu hesita e me espera

E com a face escondida
No vestido sem vaidade
Temendo que seja percebida
E a vergonha e a saudade

Não passas de um barco em pedaços
Cadela jogada ao longo das águas
Mas permaneço teu escravo
E mergulho em tuas mágoas
Quando se finda a memória
E o oceano do esquecer
Despedaça nossa vida e história
Sem que possamos nos reaver

Livre adaptação de La Noyée, de Serge Gainsbourg
Por Igor Nascimento


Nenhum comentário: