quinta-feira, maio 10

♫ Do me a Cigarette ♫


Se por acaso você me perguntasse onde está a verdade...
A verdade está na ponta do teu cigarro, eu diria.
Na tua última tragada, a tua vida.

“Oh  do me a favour,  and stop asking questions.”

Tudo passa pela ponta do cigarro e tudo está prestes a cair. Ela deve cair, para que o resto se consuma em seguida. Ela deve cair, pois já lhe foi sugada toda a verdade, e não há mais nada para mantê-la presa.  Ela deve cair, não porque é descartável, mas porque ela precisa se libertar.

“Become a heavy load, too heavy to hold.”


E toda a verdade vai de encontro aos teus lábios. Você suga, respira e tenta se livrar, mas ela já está impregnada em você. Em seus pulmões, no seu hálito, nas suas roupas, cabelos e mãos.

Do me a favour and stop flattering yourself.”

Você só consegue respirar ar puro quando o cigarro termina, e com o ar puro, as mentiras. Force um sorriso aqui, outro ali, tudo fica pior. Começa a perceber que tudo tem um começo e um fim, como os cigarros. O próprio fim tem um começo, o próprio começo tem um fim.

“It’s the begining of the end.”

Você tenta abandonar o hábito, e então percebe que só há verdade nos cigarros. Não há verdade fora das pontas que caem . Elas vão caindo e você simplesmente aprende a ignorá-las.  

“Will force you to be cold.”

E então você precisa de outro cigarro. Para manter a verdade, para manter a vida.

How to tear apart the tears that bind?
Perhaps fuck of might be too kind,
Perhaps fuck of might be too kind

2 comentários:

Anônimo disse...

Que bom cara, lembra um outro teu antigo. Esse tal alivio imediato. Abraço!

Natan Castro.

Marília Ferreira disse...

Esse teu texto me fez chorar muito, não sei o motivo real, mas agora, nesse exato momento, às 22:33 desse domingo, isso me faz chorar absurdamente.