Por Natan Castro
Para falarmos de Arrigo
Barnabé, é necessário, extremamente necessário falarmos da Dodecafonia. Que foi
uma espécie de movimento surgido na música erudita nos anos 20, sendo criada
pelo compositor austríaco Arnold
Schoenberg. Dodecafonia compreende em uma série de 12 notas tocadas
pelo músico, sendo que nunca são repetidas da mesma forma na mesma composição.
Arrigo Barnabé é um músico e ator Paranaense que despontou no Primeiro Festival
de Música Popular Brasileira da USP em 1979. Até aqui tudo seria normal, mas as
canções tocadas e interpretadas por Arrigo não eram nada parecidas com as
músicas convencionais que aqueles estudantes estavam acostumados a ouvir até
então.
Vejamos bem nessas canções
ele fazia a junção da Dodecafonia com a Musica Popular Brasileira, ou seja,
dois extremos o erudito e o popular. Junte-se a isso a letras que não diria “cantadas”, mas “contadas”, como se fosse uma leitura de uma HQ ou um Gibi, mas em
alto e bom som. Todo seu fascínio pelos quadrinhos e sua formação erudita
formada em São Paulo. Representou em 1980 um tipo de bomba, com efeito,
retardante e alusivo, foi mais ou menos isso que o publico daquele festival
sentiu quando começou aquela sonoridade inédita até então. Um misto de vaias e
aplausos levaram esse público aos poucos a se acostumarem com o que estavam
ouvindo.
Arrigo Barnabé era naquela
época o principal nome de um movimento interessantíssimo chamado Vanguarda Paulista,
que tinha outros como Itamar Assumpção, Grupo Rumo e Língua de Trapo para citar
alguns. A temática das metrópoles e suas inconstâncias eram pano de fundo para
essa galera. Até hoje o disco Clara Crocodilo de Arrigo Barnabé é
reconhecidamente apontado pelos críticos como a sonoridade mais autêntica no
Brasil desde a Tropicália.