Por Natan Castro
Os Goliardos eram em sua grande maioria personagens colocados
a margem da sociedade europeia em meados dos séculos XIII. Tais sujeitos eram
padres pobres advindos das universidades católicas, mas que por conta de serem
integrantes de uma classe mais abastada, foram colocados a margem da sociedade,
em suma rejeitados pelo sistema clérigo. Por conta dessa espécie de exclusão eles
tinham no período uma dificuldade enorme de participarem da vida social e econômica
da sociedade naquele século. Desta forma surge no meio desses intelectuais a
necessidade de revidar na mesma moeda toda essa rejeição outorgada a eles pela
Igreja. O próprio nome “Goliardos”
tudo indica que tenha sido dado pela Igreja em uma alusão ao gigante bíblico Golias,
que é tido na bíblia como um vilão.
Eles eram vistos
costumeiramente na frente das Igrejas, universidades e feiras cantando suas
canções de escárnio e humor negro, com temáticas voltadas contra a opulência do
clero e algumas outras ovacionando a libertinagem de todos os tipos, enaltecendo
uma vida desregrada, sorvida a álcool e sexo livre e todo o tipo de liberdades
individuais.
Goliardos,
Os Primeiros Poetas Itinerantes e Grafiteiros
Os poetas Goliardos sem
sombra de dúvidas foram os primeiros grupos de literatos que se tem noticia a
tomar as estradas como filosofia de vida artística. Esses senhores cruzaram a
Europa naquele século XIII cantando suas sátiras sempre voltadas as classes
poderosas e opressoras, muito parecido como o que fez os escritores Beatnicks
nas décadas de 40 e 50 do século XX, há relatos também que foram os primeiros a
picharem (escreverem em paredes) em muros e paredes de casas suas canções de escárnio,
usando isso naquele período como forma de protesto, lembrando bastante os
nossos atuais grafiteiros e pichadores.
Esses escritores que podemos
dizer serem os primeiros escritores marginais da história, ficaram conhecidos
nas principais praças da Europa, em especial na França, Alemanha e Inglaterra.
Os mais conhecidos foram Huoh Primas of Orleans, Pierre de Blois, Gautier de
Châtillon e Phillipe the Chancellor, entre os textos escritos por eles o mais
famoso é Carmina Burana, que são
cerca de 200 poemas sátiros que ficou conhecido no mundo moderno quando o
músico erudito Carl Off compôs uma peça baseada nesses versos.
A
poesia dos goliardos (Carmina Burana)
"Quando é o ouro que
impera
o direito degenera,
ao indigente é negado
o direito comprovado;
para o rico não falta juiz
a vender-se por pratas vis;
para o rico, o juiz bonzinho
sempre dá algum jeitinho;
quando é o ouro que
pleiteia,
a sentença nunca é
feia.
Quando o ouro é quem manda,
a justiça enfraquece,
toda causa que desanda
vitoriosa aparece,
o pobre perde seu direito
quando o ouro faz o pleito;
seu processo já naufragou
se ao juiz nada pagou;
a justa causa se declina
só por falta de
propina."
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