À Mauricio Sousa
Por Natan Castro.
A minha vida ta ligada à
música desde sempre, na mais tenra das minhas lembranças da infância, lembro-me
de ouvir muita música brasileira num rádio trazido por uma madrinha de São
Paulo a nossa casa. Há época já tinha um irmão como locutor de rádio que de certa
forma foi bastante influente nas minhas preferências musicais. Toda minha
família é musical esse lado é bastante forte pelo lado do meu pai, meu pai era
um daqueles que podia passar o dia inteiro próximo a um rádio. Muito do seu
conhecimento da vida veio das ondas de um rádio ligado, haja vista que ele era
analfabeto, lembro-me de no dia do seu enterro colocarmos ao lado do seu caixão
dois rádios de pilhas que ele tanto prezou durante grande parte de sua vida.
Durante certo tempo de sua vida meu irmão mais velho apresentou um programa que
tinha na Rádio Mirante FM (São Luis-MA)
chamado Beatles. Esse
mesmo programa durou vários anos e ainda criança ouvia sempre, mas somente na
adolescência descobri os Beatles como grande banda e na minha e da maioria dos
amantes dos bons sons a maior banda de rock de todos os tempos.
Ao me aprofundar descobri a
persona de Sr. John Lennon um gênio,
como vários Beatlemaniacos o amei e depois o odiei ao saber que ele tinha tido
a infeliz ideia de acabar com essa que agora era minha banda do coração. Porém um
dia indicado por um grande amigo Mauricio
Sousa, comprei o livro que possuía a histórica entrevista dada por Lennon e Yoko Ono a revista Playboy. Muito do que sou hoje veio das informações
que obtive através das ideias de John Lennon recolhidas por mim nessa
entrevista, até hoje sempre releio e apesar de datar do ano de 1975 parecem
muito, mas muito atuais.
Entrevista
de John Lennon a revista Playboy 1975.
Playboy: Comecemos por John. O que você
andou fazendo desde 1975?
Lennon: Andei fazendo pão e cuidando do bebê.
Lennon: Andei fazendo pão e cuidando do bebê.
Playboy: O quê?
Lennon: Cansam de me perguntar, 'Mas o
que você tem feito?' eu respondo: Você está brincando? Toda dona-de-casa sabe
que bebês e pães são um trabalho de tempo integral.
Playboy: Por que você se tornou um homem
caseiro?
Lennon: Dos 22 aos 30 anos passei minha
vida envolvido em contratos e compromissos. Eu não era um homem livre. Meus
contratos eram uma manifestação física de uma prisão. Passou a ser mais
importante para mim me encarar e encarar a realidade do que prosseguir no mundo
do rock'n'roll - e ficar oscilando de acordo com os caprichos de meu próprio
desempenho ou da opinião pública. O rock já não tinha graça para mim. Decidi
não seguir os caminhos habituais de quem lida com o negócio - ir para Las Vegas
e cantar seus sucessos, se você está feliz, ou ir para o inferno, que é para
onde foi Elvis Presley.
Playboy: Muita gente teria continuado a
trabalhar mesmo assim. É porque não consegue achar uma saída?
Lennon: Muita gente não vive com Yoko
Ono.
Playboy: Quer dizer...
Lennon: Muita gente não tem uma
companhia que lhe diga a verdade e se recuse a viver com um artista de merda, que
é o que eu sei muito bem ser.
Playboy: Yoko, o que você sentiu ao ver
John se tornando um homem caseiro?
Ono: Quando John e eu saíamos as
pessoas perguntavam a John, “O que você anda fazendo?” Mas nunca perguntavam a
mim, pois, como sou mulher, nunca se espera que eu faça alguma coisa.
Lennon: Enquanto eu limpava a sujeira do
gato ou alimentava Sean, Yoko se sentava à mesa, em salões enfumaçados, com
executivos de terno e colete que mal conseguiam abotoar, de tão gordos.
Ono: Eu me encarregava dos negócios -
a APPLE, a MACLEN (respectivamente, a gravadora e editora dos Beatles) - e dos
novos investimentos.