Recentemente
foi aprovado no Senado Federal o projeto de lei de autoria do senador Paulo
Paim do PT (Partido dos Trabalhadores) – RS (Rio Grande do Sul), que
regulamente a profissão de historiador, mas com fortes contestações de alguns
senadores como o Pedro Taques do PDT (Partido Democrático Trabalhista) – MT
(Mato Grosso) e Aloysio Nunes do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira)
– SP (São Paulo) que são contrários a regulamentação.
Há
anos que as organizações como a FEMEH (Federação do Movimento Estudantil de
História), C.A`s e D.A`s do curso de história e a ANPUH (Associação Nacional
dos Professores Universitários de História) lutam pela regulamentação da
profissão, porque é comum vermos sociólogos, advogados, juízes, médicos,
políticos, diplomatas, desembargadores, profissionais liberais de outras áreas
e até mesmo pessoas comuns que não tem diploma de nível superior se intitularem
historiador. Você é contra? Não!
Mas
é justo que historiadores, como eu, serem reconhecidos profissionalmente e ter
essa profissão reconhecida. Quais os benefícios irão causar com a
regulamentação? Vários, que irei apontar abaixo:
- > Com a regulamentação, os profissionais poderão de fato registrar os sindicatos
ou criar um sindicato que represente a categoria e defenda os interesses, como
a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), por exemplo.
- > Os
profissionais poderão lutar pelo piso salarial, que já é uma realidade em
algumas profissões, como a dos professores por exemplo.
- > Criação
de vagas nos concursos públicos para os historiadores, especialmente aos
bacharéis (como eu) em museus, arquivos públicos, bibliotecas, e em repartições
públicas e privadas. E como também se especificar nos planejamentos urbano nas
cidades em caráter de preservar os patrimônios históricos, montar uma
consultoria a respeito e o mercado pode se ampliar para esses profissionais.
- O
historiador ficará cada vez mais valorizado e respeitado, tendo os direitos
autorais sobre artigos, livros e pesquisas cada vez mais assegurado e
reconhecido.
Se
não é pra regulamentar a profissão de historiador, que desregulamentamos então
todas as profissões. Porque se for analisar bem, grande parte das profissões
hoje que são regulamentadas no passado não muito distante e ainda presente nos
dias de hoje, eram feito por qualquer pessoa e nem precisavam de diplomas. O
barbeiro exercia a função de dentista ou Tiradentes, usava a cachaça nos
clientes como anestésico para diminuir a dor e arrancava os dentes com o
alicate comum que às vezes nem era esterilizado.
Foi
assim aqui no Brasil durante séculos até mesmo no século passado (XX), se não
havia médico, recorria-se a feiticeiros e curandeiros, principalmente em
interiores que ficam bem distante nas cidades, e a mulher quando quer dar luz
ao filho? Recorria-se as parteiras, encarregadas no processo de parto. E se
analisarmos bem, essas “profissões” ainda existem, inclusive aqui no Maranhão,
em que feiticeiros, curandeiros e parteiras ainda existem. Principalmente nos
interiores, onde a pobreza extrema e a exclusão social é o cenário
predominante, especialmente nos povoados que ficam bem distante nas cidades, e
o acesso a saúde pública é precária e a existência dos profissionais de saúde
quase inexiste, principalmente os médicos.
E
eles são os grandes conhecedores da medicina natural, principalmente de
medicamentos oriundos de plantas que garante a cura de muitas doenças, e
contribuem bastante na amenização do sofrimento das pessoas e no salvamento de
vidas em localidades de difícil acesso.
Mesmo
com todo esse trabalho, muitos dos médicos e enfermeiros vindos nas
universidades se recusam a reconhecer o trabalho dessas pessoas, o tratam como
ignorantes e desinformados, incluindo o preconceito e a discriminação social e
racial, sendo uma eterna briga entre os médicos e enfermeiros com os
curandeiras, feiticeiras e parteiras.
O
que falar das construções civis? Muitas residências foram feitas sem precisar
de engenheiro e arquiteto e com pedreiros que não tem sequer o ensino
fundamental completo. O que falar das construções navais? Muitas embarcações
artesanais são feitas por mãos talentosíssima de pessoas que nem sequer colocou
os pés numa escola, e não precisam de auxilio dos engenheiros navais. Aqui no
Maranhão temos as embarcações artesanais mais lindas do Brasil ou até mesmo do
mundo, da mão de pessoas analfabetas ou semianalfabetas na maioria.