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quinta-feira, dezembro 20

Multi - face - tado



Diego Pires entrevista por facebook o artista Rodrigo Kesselring

Todo artista tem seu modus operandi como um Serial Killer. Como é seu processo de criação?

Interessante sua comparação.  O processo de criação varia. Geralmente, quando crio livremente algo, começo sem nada na cabeça e vou deixando a coisa fluir e tomar seu próprio rumo. E não procuro interpretar o que foi criado. Mas também acontece de, por exemplo, estar andando na rua, ou fazendo coisas cotidianas, e ter uma idéia que ache legal trabalhar em cima. Então anoto e quando tenho um tempo livre passo para o papel.
Às vezes também gosto de lembrar algumas coisas que aconteceram ou acontecem e tentar expressar isso através de desenhos, formas. O que inclui a imaginação de coisas também.
Mas falando literalmente sobre o processo, é aquele lance de sentar, pegar o material e desenhar. Sem muito mistério. O contexto da vida e da morte é a principal fonte de inspiração nisso (por enquanto).

Alguns de seus desenhos não têm “um centro” e sim uma “periferia”. É como se fosse um mapa de pensamentos soltos impressos num papel. Consegue explicar esse estilo?


É essa a idéia.

Hoje em dia ao mesmo tempo em que cresce a noção do ser individual e suas possibilidades também cresce as comparações e zonas de acesso. Procuro nesses desenhos em que se pode dizer que o centro está ausente, ter e passar através do mesmo a visão do todo, mesmo que não seja tão totalitário assim, mas que influa na cena, no sentimento gravado.

Mas se a gente parar para ver, até mesmo “os pensamentos soltos sem um centro”, vistos de longe, por si só possuem um centro (um tanto oculto) que é a própria idéia geral do lance.
Essas possibilidades de escolhas, caminhos, a dualidade, o ser e suas questões, experiências, filosofias, o contexto, o macro e micro... Essas coisas me encantam.

Em Outros Desenhos Vemos Muitos Símbolos “Místicos”. O Que Representam Eles Pra Você?


Então... O símbolo por si só é uma imagem em que nela estão inclusas percepções e portas que não cabem na linguagem da razão. Eles representam para mim muitas coisas, mas uma delas em especial é o mistério. Acredito em que mesmo num estado dormente praticamente todos os seres tem um contato com a simbologia. E ela consegue situar e resumir expressões, ou agregar e acrescentar significados na cena. É como se fosse um diálogo, ou algo gritando e dando um sinal. Algo assim.
 



E você também faz tiras e cartuns com um tom desiludido, frustrado, niilista e deformados. Esses “personagens”, sem dúvidas, têm muito de você. Como pensa o mundo?


Cara... Isso é uma onda e eu realmente poderia escrever bastante coisa sobre, mas vou ser sucinto. Penso no mundo como uma pirâmide. E como uma ilusão muito interessante.

Quanto às tiras, eu realmente gostaria de poder ter mais tempo para fazê-las. Rs.

E por fim... Deixe uma frase de efeito, uma mentira se quiser, um desenho, qualquer coisa pra nós internautas privilegiados. 

Legal. O que você não pede chorando que eu não faço sorrindo =)
Gê-zuis disse que se lhe pedirem a túnica, dê tudo mais. Vou seguir o ensinamento milenar e deixar uma “deixa” de despedida dessa entrevista, afinal, como diria Suassuna, um cavalo morto é um animal sem vida.

Antigamente, quando conheci a discórdia e o caos, vi o anúncio de uma festa misteriosa e particular cuja senha estava inclusa em um vídeo sobre FNORDS e foi pedido o sigilo da mesma. Mas agora, eu posso privilegiadamente passar esta senha. Ela é “SMILE TRUTH”. Algo para a reflexão dos universalistas de plantão e paranoides também. Possivelmente isso irá somar em algumas coisas, se for encarado corretamente.


Um abraço para a galera do Ponto! 


nos links abaixo estão o blog e o flickr do Rodrigo Kesselring:

http://rodrigokesselring.blogspot.com.br/

http://www.flickr.com/photos/rodrigokesselring/

quarta-feira, dezembro 19

A arte esquizofrênica de Arthur Bispo



Arthur Bispo do Rosário foi um artista plástico brasileiro, que por mais de 50 anos esteve internado na colônia Juliano Moreira no Rio de Janeiro. Diagnosticado como esquizofrênico-paranoico, em certo momento começou dentro da colônia a produzir arte a partir de objetos recolhidos do lixo e de sucata. Nascido na cidade Japaratuba em Sergipe em 14 de Maio de 1909 veio a falecer no Rio em 05 de Julho de 1989, trabalhou como marinheiro e também como empregado de uma rica família carioca. Aos 27 anos atendeu ao pedido de vozes que lhe diziam que ele devia se apresentar para o evento divino da passagem de “Deus” pela terra, foi falar com os monges sobre sua missão, para logo depois ser preso e internado como paciente psiquiátrico. Com sua arte que envolvia estandartes, faixa de mísseis e objetos domésticos, ficou reconhecido no Brasil e nos grandes centros de arte do mundo como artista de vanguarda, sendo comparado a Marcel Duchamp. Sua obra mais conhecida é o Manto da Apresentação, que Arthur deveria vestir no dia do juízo final, a sua vida e obra já virou documentário. Abaixo uma reportagem do programa De lá pra cá da TV Brasil sobre a arte esquizofrênica de Arthur Bispo do Rosário.





quinta-feira, dezembro 6

Oscar Niemeyer um Dreamakers do Brasil



                                                      Praça Maria Aragão em São Luís.

Ontem se foi talvez um dos últimos grandes brasileiros do século passado, com 104 anos de idade e uma vida de muitas realizações, Oscar Niemeyer deixou seu pais e também o mundo inteiro bem mais interessante com sua forma peculiar de ver e entender os espaços urbanos. Respeitado no mundo inteiro por seus grandes projetos, o arquiteto fincou sua genialidade na idealização de uma capital para o Brasil, junto de Lucio Costa e outros fez do plano piloto a espinha para uma cidade toda planejada com o intuito de servir aos ideais de justiça do nosso pais. Comunista convicto sempre teve o social como premissa para a maioria de seus projetos, é de conhecimento de vários amigos seus e toda a imprensa seu total desapego por bens, talvez o maior arquiteto dos últimos cem anos no mundo sempre fez questão de deixar claro que sua arte se desenvolvia através do bem estar social.

Foram diversas obras em mais de setenta anos de carreira na arquitetura, em São Luís temos uma prova da sua genialidade, a sua homenagem a uma das maiores personalidades politicas do nosso estado a comunista Maria Aragão, sua amiga nos tempos de militância comunista, ele fez o projeto de uma praça em sua homenagem.  A Praça Maria Aragão no centro de São Luís é um espaço que nos enche de orgulho por vir das mãos geniais de Oscar Niemeyer, e quando vemos cada vez mais nos dias atuais o crescimento do termo americano Dreamakers (fazedores de sonho) entrando na moda, se verificarmos com calma Oscar Niemeyer se encaixa perfeitamente no alto significado dessa palavra por personificar a figura do “fazedor de sonhos” pensando o bem comum, longe de qualquer interesse pessoal ou com o intuito de favorecer um pequeno grupo. De fato Oscar Niemeyer nosso Dreamaker maior.

segunda-feira, outubro 29

Por que Latino é um Gênio?


A arte não tem a menor utilidade. Ponto. É preciso ter coragem para dizer isso, mas trata-se da mais pura verdade. O mundo gira, as lojas abrem, Luan Santana cantará independentemente das galerias do Louvre...

O que acontece hoje na cena contemporânea (digo, na cena atual) é que a arte encontrou um “departamento” na sociedade. Encontrou uma maneira de ser auto-referencial, auto-suficiente, enfim, autônoma, divorciando-se do público...

Quando vejo alguns espetáculos contemporâneos, dança e pintura, percebo que se criou uma “coisa”, uma maneira de entender essa “coisa” e, ainda, um meio de gostar desta “coisa”.

É como o cigarro: você é uma pessoa normal sem nunca ter tido a necessidade de fumar, daí você fuma um cigarro, dois três, quatro, e cria o costume de fumar, esse costume vira uma necessidade e, depois, você não consegue viver sem o dito-cujo.

O mundo sem cigarro e o mundo sem arte... Não é difícil intuir que ele seria o mesmo, pois a arte e o tabagismo são, no séc XXI, necessidades fabricadas!

A arte que basta por ela mesma.
O teatro que se completa no próprio teatro.
A dança que existe apenas na dança.
O ator que, na cena, é ator do ator...

Há uma enorme preocupação em revolucionar a estética, um desespero em dizer o que é arte e o que não é, de criar o que é arte, mas não o que essa arte tem a dizer...
Em meio a esta invaginação da produção, cabe à crítica, às galerias, aos patrocinadores, aos colecionadores, aos teóricos dizerem o que é para ser visto, o que é bom, o que é útil...

Eles explicam e direcionam. No jogo do bicho, eles são as grandes cafetinas!

O curador é o grande homem. É ele que vai selecionar o vai ser exposto. Da mesma forma, a televisão é quem vai por Latino para circular em todas as casas, para dizer que esta é a música do momento.

O que consagra Latino é o que põe em evidência o artista contemporâneo: o barulho que se faz em volta daquilo, e não, aquilo!

A arte está nas mãos dos vinculadores. Ele pertence aos intermediários. São eles que a “traduzem” para público...
No mundo da informação, aqueles que fazem as “pontes” são os grandes ditadores.
Negar que os mecanismos da arte são diferentes daqueles da cultura de massa é ignorar o mundo midiático em que vivemos.
Latino é um gênio, pois, ao contrário dos “Duchamps” que saíram de moda, dos “Brechts” que vão e voltam, mas nunca ficam, Latino faz sucesso desde 1994 num mundo de sucessos efêmeros.
É de se admirar, no mínimo, ou de se suspeitar, ao máximo...
Mas qual seria a saída para toda essa realidade fictícia, para as necessidades inventadas, para os ídolos impostos?

A caixa cênica é uma máquina debulhadora. Ele precisa, mais do que nunca, funcionar de fora para dentro. O que pode fazer a arte entrar no jogo do mundo é trazê-lo para cena, transformá-lo e pô-lo de volta para circular. Não se trata de colocar qualquer coisa do cotidiano no palco para “ilustrar” a realidade - os jornais podem cuidar disto. É preciso processar! Debulhar! Reformular a linguagem para colocar outra em circulação!

O que me envolve enquanto expectador são elementos que nunca pensei sendo utilizados de forma surpreendente, quebrando a ordem dos signos justamente para me transmitir uma mensagem que, talvez, já conhecesse, mas, quando processadas daquela maneira, surtiram outro efeito, causaram-me um incômodo ou um encanto, uma vontade de reagir de alguma forma...

Se a caixa cênica é utilizada no movimento inverso da debulhadora, se for trabalhado de dentro para fora, o resultado será saturações estéticas, o teatro do teatro que só serve para o teatro, a pintura da pintura que só serve para pintura e que precisa, assim como o Latino, de uma mídia que o re-afirme, que diga “não gente, é um macarrão na parede, mas arte”.

O pior de tudo é que toda essa autonomia inútil que se faz das produções artísticas é encoberto pelo mito de que “o artista é o porta-voz do sentimento” e de que a “arte é o bem supremo”.
Um nuvem de blá, blá,blá que molha um monte de blá, blá, blá...
Vamos ao prático: pra que tudo isso serve?

Dou um biscoito para minha cachorra quando ela está muito agitada. Dizem que, se você é um artista, você é um ser humano especial. O “status”  basta. O cara se acalma, faz o trabalho dele, vai para São Paulo fazer o curso e o que ele muda no contexto em que vive? Nada, pois ele é um ser especial, deslocado do mundo e, para o qual o mundo tem que se direcionar e entender. Convenciona-se o que é ser artista, dar-se isso para o infeliz e ele para de latir...

Se eu sou artista, Latino também é! Por que não? Sou democrático!


O que o teatro precisa é reprocessar o mundo que descortina em sua frente e tomar o poder que foi dado aos críticos, às galerias, aos curadores, às instituições, voltando a ser capaz de espalhar boatos do tipo “a vida não é o que dizem, a arte também”...

O que faz a arte contemporânea e o pop star Latino serem, no fim das contas, a mesma coisa é que ambos entendem que o barulho que se faz em torno da conversa é mais importante do que o diálogo.  

E ficamos depois deste texto com uma Homenagem a Latino



terça-feira, junho 26

Sua incelênça, Ricardo III






Rolou na praça São Pedro no Bairro da Madre Deus – São Luis- MA -BRASIL a adaptação da Tragédia Ricardo III ( que diga-se de passagem nunca li) do nobríssimo FALECIDO Shakespeare.

Fui lá ver a peça do GRUPO DE TEATRO CLOWNS DE SHAKESPEARE  do RN - BRASIL a qual a proposta é levar o inglês (que dizem inventou o homem moderno revelando suas contradiçoes) trazendo seu universo lúdico as ruas com figurino CLASSE MEDIA ALTA, ou melhor, aristocrático do reinado elisabetiano e atuações como num filme de TIM BURTON. Mostrando AINDA como é possivel ter uma EXCELENTE* trabalho de gogó quando se falta energia e se PERDE o áudio do MICROFONE e de nos lembrar que a CEMAR continua uma VILÃ do consumidor maranhense em MOMENTOS CULTS E ACULTS.

A peça faz um ANTROPOFAGIA (lembre-se daquelas aulas daquele professor perturbado sobre semana da arte moderna) com o Nordeste com CENAS com acentos cantados arrancando risos dos nativos na platéia (IDENTIFICAÇÃO?), ou melhor, sentados no concreto da escadaria e, além disso, ladies and gentlemen, referências (paródias, acho melhor) a ícones pops como FRED MERCULES e MICK JACKER mostrando como SHAKESPEARE é ATEMPORAL e devora tudo e todos ( acho que tentei ser um tanto dramático, agora).

Pra mim levar shakespeare a uma PRAÇA  já é uma REVOLUÇAO (entendam como quiser esse palavra) e rodar o chapéu com ou sem patrocínio da PETROBRAS é necessário.

E no fim entre palmas e risos e a bunda coçando ouço de uma criança do meu lado:
- O rei é MAU.
Fazer o que, né? Foi pelo poder menina que ele matou... quando você “crescer” vai entender, ou, não. 

* Nesta parte do POST tentei FAZER UM TROCADILHO FRUSTADO COM A palavra INCELÊNÇA ( As  palavras são sinônimas sendo que o TÍTULO da adaptação é o verbete que indica hierarquia SEGUIDO de um vocativo.