Brutalidade na TV
Caos na cidade
Sangue escorrendo
pelo asfalto
Sou apenas um menor
de idade
Com um skate na mão
Andando na
contramão da vida
Quando a rua é
minha
Fazendo meu jogo
Em pleno fogo
Playmobil rabiscava uma letra
no caderno da escola dentro do seu quarto pra depois botar a melodia. Tava
injuriado porque sua mãe não deixava mais ele sair pra andar de skate depois de
ouvir da vizinha que ouviu do genro que mataram um jovem na porta da loja LOUCO
REED DISCOS por causa de um IPHONE com 13 facadas. Segundo ela – o bandido perfurou
os dois pulmões, o coração espocou pela boca da vítima e as tripas se
desenrolaram no chão e depois um carro passou por cima espocando a cabeça
voando pedaços do cérebro, cerebelo e bulbo e parte da medula espinhal. Não era
um filme de Tarantino, era bem perto
de casa o assassinato que a vizinha relatou com detalhes e a sua mãe repetiu -
varias vezes - dentro de casa.
A notícia virilizou e a
vizinhança se isolou dentro de suas paredes e ninguém mais sai na porta, ao
anoitecer, com medo. Contrataram seu Madruga - o vigia pra fazer a ronda na rua
e construíram também uma guarita pra ele. Rodava com uma moto e um facão com o
cabo enfiado na cueca fazendo um relevo debaixo da camisa e do jeans. Todos os santos dias das 10hrs da noite até 5
h da manhã - apitava e buzinava. Sabe-se que não houve mais notícias de
assaltos. Dormiam bem ouvindo o barulho da moto lá fora.
Passaram 3
mêses e seu Madruga começou a sofrer de um problema - Sono. Não conseguia mais
ficar com os olhos abertos no horário da noite, apesar de tomar Arrebite. O
negócio tava impossível e sua olheiras aumentavam a cada ronda. Estava numa
Boca de Sinuca. Tinha que sair dela, precisava daquela grana pra pagar sua TV a
cabo e não perder seus seriados favoritos: The
Big Bang Theory e Friends. Mais a
prestação de 100 pilas mensais do apartamento pra TODA A VIDA – um programa da
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL para pessoas assalariadas. Comprou um CD que vinha
gravação do barulho de uma moto e o som agudo do apito. Comprou um mini DVD e
um Amplificador de som. Na guarita montou os equipamentos e apertou Play e pôs
no MODO repetir a mesma música. Agora, podia dormir e receber a grana todos os
meses.
Playmobil cada vez mais
revoltado com sua mãe e com a violência dizia que era culpa do SISTEMA e a mãe
não entendia o que dizia e ainda mais que sumiu seu skate, desconfiou que fosse
ela. Saiu de casa depois de enviar sua cabeça dentro do forno e ligar o gás e
esperar 50s e desligar. Foi pra rua e ouviu o barulho da moto e do apito e não
viu ninguém. E o som continuava. E não via ninguém. E o som continuava. Não
acreditava em fantasma, somente no super-herói Motoqueiro Fantasma. Foi na guarita e subiu a escadinha, abriu a
portinhola e pela luz amarela de uma lanterna viu Seu Madruga dormindo estirado
num colchão roncando agarrado a um ursinho do KUNG FU PANDA e viu de onde vinha
o som da sua “ronda” que estrondava lá dentro como numa boate. Pegou o seu
facão e enfiou direto no seu olho que saiu de órbita e caminhou pelo assoalho
de madeira da guarita como uma peteca fazendo uma linha de sangue até despencar
pela portinhola na calçada. Fez outro furo no meio da testa fazendo chover
sangue na sua camisa do RENATO RUSSO e enviou mais uma na boca aberta que vez
sua língua parar no braço esquerdo do KUNG FU PANDA. Decepou à sua mão esquerda
e se lembrou da Família Adams. Cortou
a cabeça estraçalhada de furos e pegou nas mãos e chutou como uma bola de
futebol. E gritou:
- Gollllllllllllllllll.
Nenhum comentário:
Postar um comentário