terça-feira, maio 22
JESUS DE JEANS E MARIA DE CABELO VERMELHO
- Vamos nessa, please (risos). Não vamos desistir, agora?
- Não sou disso. Parece que você ainda não acredita em mim.
- Tem medo de alguma coisa? Te assusta a altura?
- Nunca. Quero ver de lá o chão! De lá o céu.
- Você está tão poética... Não te conheci assim!
- Vai te lascar (risos). Me de as mãos, vamos lá!
- Ei, esse papel não é meu?!
- Não te conheci assim... machista( risos) .
- (risos).
Subimos a escadaria em quatro passos largos e nos detemos por alguns segundos no arco da entrada da igreja barroca, dava pra ver a nave ao fim das colunas com um senhor de batina marrom andando e falando com ar de sabedoria e experiência tamanha no assunto.
Entramos ouvindo a voz do advogado de deus.
A MENTIROSA
Ela sempre falava,
“eu nunca minto”, e o pior: não era mentira. Anabela só dizia a
verdade. Nem mesmo a mentira mais inocente, como dizer que ia à casa
de uma amiga para ir à casa do namorado, ou dizer que já almoçou,
quando na verdade se empanturrou de sorvete na rua; a menina não era
capaz de fazer. Os lábios tremiam, as sobrancelhas assumiam não sei
qual trejeito, não adiantava. Mesmo se quisesse mentir, por algum
princípio psicossomático, não conseguiria, não o saberia.
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