Luisinho não pôde evitar
de ficar meio excitado na hora da revista com aquele policial tesudo lhe
apalpando a bunda, lhe enfiando a mão na virilha, ele poderia até jurar que,
por um instante, o policial lhe havia apertado com gosto a rôla por trás, que
diabo de fetiche louco é esse que toda bicha tem com os homens ditos da lei:
– Desculpe, senhor
policial, eu estava dirigindo rápido demais? Oh, será que o senhor poderia me
punir de outra maneira, sem ser com multa?
Luisinho estava pensando
nessas coisas enquanto o policial terminava a revista, e quase chegou a rir de
seus pensamentos obscenos, mas se controlou a fim de não irritar os “homi”, é o
povo brasileiro realizando o plural à italiana, depois os policiais o algemaram
e o levaram preso, enquanto uma ambulância recolhia o que havia restado do
agressor agredido sobre o chão de piçarra tornado ainda mais vermelho pelo
sangue derramado e que ainda manchava parte da calçada na segunda-feira
seguinte, quando quem não havia ido ao colégio na sexta, ou havia ido embora
antes de o pau cantar, teve que se contentar em ouvir, seja abismado,
boquiaberto, de queixo caído, se hetero, seja falando coisas tipo “jura?”, “minina,
não me conta!”, “que babado!”, “tô boba!”, “tô passada!”, “tô bege indo pra mostarda!”,
se gay feliz em sê-lo, o relato das testemunhas oculares, como o da menina
messiânica, que depois queria até fazer um johrei em Luisinho, mas não teve
coragem de se aproximar dele, que, como consequência da prisão, apenas havia
levado uma bronca do delegado de menores, nem o soco inglês ele perdeu, pois o
pai de Luisinho, que havia chegado à cidade na manhã de sexta-feira para passar
o fim-de-semana, fez um acordo com o pai do agressor agredido.