Estávamos
lá. Ambos muito tímidos ainda. Estávamos ali para aquilo, sentido isso, mas
não falando disso. Disfarçando ao
máximo nossas intenções para não deixar as coisas muito na cara. Viemos, é
claro, para trepar, mas nossas intimidades ainda não escalaram grandes alturas.
Portanto, qualquer empolgação desavisada pode acabar com tudo aquilo, sem isso, por causa disso.
Se ela veio até este local, era por
que também queria algo a mais, ou a menos. No entanto, seu jogo consistia em
dizer:
-
Bem, eu estou aqui mas não sou safada, viu?
Eu,
por meu turno, tentava expressar nas entrelinhas.
-
Veja, eu estou doido para te comer, mas não sou um tarado, tá me ouvindo?
A pior parte, a mais difícil, já tinha
passado. O convite foi feito e aceito. É certo que sem muito mérito da minha
parte, já que o nome do motel ajudou: “Depois te conto”.
-
Vamos para um lugar mais reservado, que tal?
-
Onde você quer me levar, hein?
-
Depois te conto!